O peso ao nascer é um importante indicador de saúde de uma população e está associado a um grande número de fatores. Esses fatores relacionam o bebê, a mãe e o ambiente físico, entre si, e têm um importante papel na determinação da saúde futura dos recém-nascidos. O fato de as mães de uma mesma microrregião compartilharem o mesmo ambiente e, por isso, serem mais semelhantes entre si do que em relação às mães de outras localidades pode levar a uma maior semelhança também no desfecho em estudo, neste caso o parto. Quando isso acontece, é violada a suposição de independência, passando a existir correlação entre as mães e os bebês (nível 1) na mesma localidade (nível 2). Esse problema é ainda mais importante quando variáveis explanatórias de níveis superiores da hierarquia são de interesse, de forma que todas as unidades de uma localidade estão expostas de forma idêntica aos fatores em estudo. Com base no exposto, este trabalho buscou preditores para a proporção de baixo peso ao nascer, no nível individual (anos) e no nível contextual (microrregiões), no período de 1994 a 2004. A base de dados foi analisada pela análise clássica de Medidas Repetidas e por Regressão Linear Multinível. Foram testados 19 indicadores das microrregiões como variáveis preditoras no nível de contexto e 4 indicadores no nível individual. O modelo multinível encontrado mostra que as proporções de baixo peso ao nascer diferem entre as microrregiões e aumentam no tempo, associado ao aumento do percentual de nascidos vivos prematuros, ao aumento do Coeficiente de Mortalidade Infantil, ao aumento do percentual de cesarianas, no nível individual. Também variam positivamente com o percentual de urbanização, com os gastos com o Sistema Único de Saúde e negativamente com o percentual de participação na atividade econômica, no nível contextual. Outra análise foi realizada utilizando-se dados do Sistema de Nascidos Vivos (SINASC/RS). Foram identificados fatores de risco para o baixo peso ao nascer de crianças nascidas vivas de gestação simples no Rio Grande do Sul, no ano de 2003. No modelo clássico e no modelo multinível, de regressão logística, foram encontrados os mesmos fatores de risco para o baixo peso ao nascer no nível individual, com exceção da escolaridade de 4 a 11 anos, com o diferencial de que o modelo multinível agregou um preditor contextual. Os riscos no nível individual foram prematuridade, nenhuma e 1 a 6 consultas pré-natais, anomalia congênita, nascimento fora do hospital, alta e baixa paridade, sexo feminino, idade materna maior de 35 anos, dona de casa, não-casada, escolaridade de 0 a 3 anos e parto cesáreo, sendo que a raça não foi significativa nos dois modelos. No nível contextual, a maior urbanização explicou o baixo peso ao nascer. O modelo multinível encontrado mostrou que, quanto maior a urbanização da microrregião, maior o risco de baixo peso ao nascer, e, em microrregiões menos urbanizadas, mães solteiras têm risco aumentado, tanto para os nascidos vivos em geral como para os nascidos vivos a termo. Conclui-se que o baixo peso ao nascer varia com as microrregiões e está associado a característicasindividuais e contextuais. Por meio da comparação dos resultados dos modelos tradicionais com os multiníveis, pode-se evidenciar a importância da utilização desses modelos que permitem separar, no modelo, os efeitos dos dois níveis de hierarquia, bem como explicar a parte aleatória do modelo, o que não acontece nos modelos clássicos. Os resultados obtidos nesta tese mostram que variáveis no nível de contexto explicam parte da variação dos desfechos estudados, contribuindo na orientação de políticas públicas de saúde, no que diz respeito aos cuidados e orientações às mulheres, possibilitando a redução na ocorrência de desfechos desfavoráveis para o recém-nascido. / Birth weight is an important population health indicator and is associated to a great deal of factors. These factors relate the baby, the mother and the physical environment among themselves, and have an important role determining a newbons future health. The fact that mothers of a same microregion, share the same physical environment, and thus, are more similar among themselves than the mothers of other places, can also lead to a greater similarity at the study outcome, in this case, the delivery. When this happens, the independence supposition is violated, and a correlation, among the mothers and the babies (level 1) at the same place (level 2), starts to exist. This problem is still more important when explanatory variables of hierarchy superior levels of interest, in a way that all units of a place are exposed, at an identical way, to the factors in study. Based on what was said, this work searched for predictors for the low birth weight proportion at an individual level and at a contextual level (microregions), from 1994 to 2004. Data base was analyzed through the classic analysis of Repeated Measures and Linear Regression Multilevel. Nineteen (19) microregions indicators were tested as predictor variables at the context level and four (4) indicators at the individual level. The found multilevel model shows that the low birth weight proportions differ among the microregions and increase in time in association with the percentage increase of premature newborn, with the increase of the infant mortality coefficient, with the increase of cesarean percentage at an individual level. It also varies positively with the urbanization percentage, with the with the “Sistema Único de Saúde” expenditures, but negatively with the economic activity participation percentage, at the contextual level. Another analysis was accomplished using the data of the “Sistema de Nascidos Vivos” (SINASC/RS). Risk factors were identified for the low birthweight of newborn alive babies of simple pregnancy in the Rio Grande do Sul, in 2003. At the classical and the multilevel model of logistic regression, the same risk factors were found for the low birthweight, at an individual level, except for the 4 to 11 years of the study, with the differential that the multilevel model added a contextual preditor. The risks at an individual level were premature birth, none or 1 to 6 prenatal care visits, congenital anomaly, birth out of the hospital, high and low delivery rate, female babies, mothers above 35 years old, housewife, single mother, 0 to 3 years of study and caesarean, being that the race was not significantly at the models. At the contextual level the higher urbanization explained the low birth weight. The found multilevel model showed that, the higher the microregion urbanization the higher the risk of low birth weight, and, in less urbanized microregions, single mothers have an increased risk for the newborn in general as much as for the newborn at full term. It follows that low birth weight varies with the microregions and it is associated to individual and contextual characteristics. Through comparing the results of classical models to multilevels ones, the importance of the using these models can be evidenced, once they allow to separate, in the model, the effects of the two hierarchy levels, as well asexplain the randon part of the model, being that this does not happen in the traditional models. Results obtained at this thesis show that variables at a context level explain part of the variation of studied outcome, contributing in the orientation of health public politicies, regarding care and women’s association, enabling the reduction of unfavourable outcomes for the newbon baby.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:www.lume.ufrgs.br:10183/10588 |
Date | January 2007 |
Creators | Moraes, Anaelena Bragança de |
Contributors | Riboldi, João, Giugliani, Elsa Regina Justo |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Format | application/pdf |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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