Estudos que avaliam a qualidade de vida relacionada à saúde bucal (QVRSB) têm sido cada vez mais frequentes nas pesquisas odontológicas. Aqueles direcionados para a população infantil, especificamente as crianças em idade pré-escolar, avaliam os impactos das condições bucais mais comuns nessa faixa etária (cárie precoce da infância, traumatismos dentoalveolares e má oclusão) na qualidade de vida das crianças e suas famílias. Estudos mais recentes encontraram, além das associações acima mencionadas, que as condições socioeconômicas da família a qual a criança pertence também impactam a percepção dos pais na qualidade de vida das mesmas. Porém, existe uma lacuna no conhecimento no que diz respeito a outros comportamentos sociais relacionados à família, e principalmente relacionados à mãe das crianças em idade pré-escolar, como por exemplo, status empregatício, tempo de amamentação e outros comportamentos maternos referentes à saúde bucal de seus filhos e seus impactos na percepção dos pais em relação à QVRSB dos mesmos. Este estudo epidemiológico de delineamento transversal teve como objetivo avaliar a existência de associações entre QVRSB, os principais problemas bucais que acometem crianças em idade pré-escolar, características socioeconômicas e comportamentos maternos em crianças em idade pré-escolar vinculadas a doze Unidades Básicas de Saúde da Zona Norte de Porto Alegre/RS. Os dados foram coletados nos domicílios por meio de exame clínico realizado nas crianças e entrevistas estruturadas administradas às mães (questionário sócio-demográfico, perguntas sobre comportamentos maternos relacionados à criança e sua saúde bucal e um questionário para avaliar o impacto das condições bucais da criança na qualidade de vida da mesma e da sua família – Brazilian Version of the Early Childhood Oral Health Impact Scale – B-ECOHIS). Participaram do estudo 163 crianças e suas respectivas mães. Quarenta e oito por cento delas relataram que seus filhos tinham impacto em pelo menos um dos itens do B-ECOHIS. Os impactos foram mais prevalentes na subescala relacionada à criança (74/163; 45,4%) do que na familiar (39/163; 23,9%). O domínio dos sintomas, relacionado à dor nos dentes ou na boca foi o mais frequentemente relatado como causador do impacto na QVRSB na sessão das crianças, e o sentimento de culpa foi a questão mais citada na sessão de impactos 12 familiares. Quando a média geral do B-ECOHIS foi analisada, pode-se observar que a cárie precoce da infância teve impacto negativo na QVRSB (p<0.05), tanto quando sua severidade foi avaliada (lesões em dentina) como em relação à presença de cavidades. Considerando cada domínio do B-ECOHIS, houve associação significativa (p<0.05) entre os escores de escolaridade materna, renda familiar, aleitamento materno prolongado e a baixa frequência de escovações realizadas pela mãe e o domínio relacionado a autoimagem e interação social na subescala que retrata impactos na criança. O aleitamento materno prolongado também mostrou relação significativa com ambos os domínios da subescala que retrata impactos familiares (p<0.05). Ainda considerando cada domínio do B-ECOHIS, houve associação significativa entre a severidade da cárie dentária e a presença de lesões cavitadas e o domínio relacionado às funções na subescala da criança, e no relacionado a angustia dos pais na subescala familiar. O modelo ajustado da regressão de Poisson mostrou que a escolaridade materna e o fato da mãe ter trabalhado fora nos primeiros dois anos da criança estavam associados à impactos negativos na QVRSB (p<0.05), assim como o aleitamento materno prolongado (p<0.05). Entre as condições bucais avaliadas, somente a cárie precoce da infância estava associada ao desfecho (p<0.001). Concluímos que além da cárie dentária e de fatores sócioeconômicos, comportamentos maternos relacionados à saúde bucal dos filhos impactam de forma negativa a QVRSB de crianças em idade pré-escolar. / Studies that assess oral health related quality of life (OHRQoL) have been increasingly common in dental research. The studies focused on OHRQoL of the pediatric population, especially preschool children, evaluate the impact of the most common oral conditions (early childhood caries, trauma and malocclusion) in the quality of life of this age group and their families. Recent studies, in addition to above mentioned associations, demonstrated that socioeconomic conditions of the family to which the child belongs also impact the perception of parents in the quality of life of their children. However, there is a gap in knowledge with regard to other social behaviors related to the family, and especially related to the mother of the preschool, for example, employment status, duration of breastfeeding and other maternal behaviors related to oral health of his sons and their impact on perceptions of parents regarding the OHRQoL of them. This cross-sectional study aimed to assess the association between oral conditions, socioeconomic factors, maternal behaviors and OHRQoL in preschool children whose families were linked to one of the twelve Basic Health Units of North Zone of Porto Alegre/RS. Data were collected during home visits through clinical examination in the children and structured interviews administered to mothers (socio-demographic questionnaire, questions about maternal behaviors related to children and their oral health and a questionnaire to assess the impact of oral conditions on child and family quality of life – the brazilian version of the Early Childhood Oral Health Impact Scale - B-ECOHIS). The study included 163 childrens and their mothers. Forty-eight percent of them reported that their children had an impact on at least one of the items of the B-ECOHIS. The impacts were most prevalent in the subscale related to the child (74/163, 45.4 %) than in the family (39/163, 23.9 %). The symptoms domain related to pain in the teeth or mouth was the most frequently reported as the cause of impact on OHRQoL in the children session, and guilt was the issue most frequently cited in impact family session. When the mean of the B- ECOHIS was analyzed, it could be seen that early childhood caries has a negative impact on OHRQoL (p < 0.05), both when its severity was assessed (dentin lesions) or the presence of cavities. Considering each domain of the B-ECOHIS, there was a significant association (p > 0.05) between scores 14 of maternal education, family income, prolonged breastfeeding and low frequency of tooth brushing done by mother and the domain related to self-image and social interaction in the child subscale. Prolonged breastfeeding also showed a significant relationship with both domains in the family subscale (p < 0.05). Still considering each domain, there was a significant association between severity of dental caries and the presence of cavities at function domain at the subscale of the child and related to anguish of parents in the family subscale. The adjusted model of Poisson regression showed that maternal education and the fact that the mother have worked out the first two years of the child were associated with negative impacts on OHRQoL (p < 0.05), as well as prolonged breastfeeding (p < 0,05). Between oral conditions evaluated, only early childhood caries was associated with the outcome (p < 0.001). We concluded that addition of dental caries and socioeconomic factors, maternal behaviors related to oral health of children negatively impact the OHRQoL of children in preschool age.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:lume.ufrgs.br:10183/143897 |
Date | January 2013 |
Creators | Pereira, Joanna Tatith |
Contributors | Araujo, Fernando Borba de |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Format | application/pdf |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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