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Previous issue date: 2011 / FAPESPA - Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas / A presente pesquisa nasceu a partir de inquietações frente a um fenômeno que mostra a
fascinação de homens que se relacionam com bonecas realistas – Real Dolls. Estas modelos
simulam de forma perfeccionista altura, peso, forma, textura, cor, sexo, como se fossem “de
carne e osso”, mas são “de metal e silicone”. As bonecas, contudo, não são meros brinquedos
sexuais, pois adquirem muitas vezes a função de companhia, colocando em cheque a própria
dimensão da alteridade. Esta relação construída artificialmente funciona, portanto, como um
disparador de indagações acerca do outro e da atualidade. Assim, o objetivo deste estudo foi
realizar uma discussão teórica, de cunho psicanalítico, a respeito da noção de alteridade na
cultura contemporânea. Para isso, seguimos a trilha de questões chave: quem são o outro e a
alteridade? Qual o seu lugar na cultura atual? Estaria a alteridade ameaçada pelo simulacro?
Como pensar tal “negação da alteridade” sob o prisma da pós-modernidade? Seguindo este fio
condutor, colocou-se em foco complexidades de um outro ao mesmo tempo familiar e
estranho, ora configurado a partir de um “estrangeiro ao eu”, ora como um “eu estrangeiro” –
remetendo à alteridade radical que constitui o eu, o inconsciente. A referência à atualidade se
dá a partir do embate entre modernos e pós-modernos, onde se destaca a apreensão de uma
sociedade regida pelo espetáculo narcísico e de um sujeito extremamente individualista,
hedonista e consumista. Ganha espaço neste contexto a figura de um “outro artificial” que
obedece a lógica perversa de predação que configura a primazia do eu em detrimento da
alteridade. Desta forma, o outro se revela um artifício e a alteridade uma presença/ausência
que joga com as aparências da atualidade e escamoteia seu “corpo” em uma aparente
familiaridade. Assim, a alteridade persiste e desloca-se, fundamentando o outro como
elemento que estrutura e desestrutura o sujeito, dando uma peculiaridade inevitavelmente
“alteritária” para o mal-estar contemporâneo. Assim, o outro é, por um lado, descartável, pois
a lógica narcísica proclama a autossuficiência do eu-ideal, enquanto, por outro lado, é a peça
chave do espetáculo. É importante ponderar, portanto, que o lugar da alteridade está
garantido, ainda que maquiado pela indiferença, ao contrário da impressão passada pelo
panorama que deixa a entender sua extinção. / This research grew out of unease before a phenomenon that shows the fascination of men who
relate to Real Dolls. These models perfectly simulate height, weight, shape, texture, color,
sex, like “flesh and blood”, however are made of “metal and silicone”. The dolls, however,
are not mere sex toys, as often acquire the function of date, which putting into question the
very dimension of otherness. This relationship constructed artificially, therefore, works as
thrower of questions about the other and the present. Thus, the objective of this study was to
propose a theoretical discussion of psychoanalytic slant, about the notion of otherness in
contemporary culture. To do this, I followed the line of key questions: Who are the other and
otherness? What is its place in today's culture? Would be otherness threatened by
simulacrum? How to think about “denial of otherness” through the prism of Postmodernity?
Following the conductive direction, put into focus the complexities of “other” at the same
time familiar and strange, configured from a “stranger to me” and a “estranger in me” –
referring to the radical otherness that constitutes the self, the unconscious. The reference to
the present starts from the clash between modern and postmodern, where it emphasizes the
concern of a society that is governed by the spectacle of a narcissistic and a person extremely
individualistic, hedonistic and consumerist. Acquire space in this context the figure of
"artificial other" which follows the perverse logic of predation that sets the primacy of the self
at the expense of otherness. Thus, the other reveals an artifice of otherness artifice and a
presence or absence that plays with the appearances of the present and conceals its "body" in
an apparent familiarity. Though, the otherness persists and moves, supporting the other as an
element that disrupts and eliminate the structure of the person, giving to the contemporary
malaise a special place to the otherness. Then, the other is on the one hand, disposable,
because the logic narcissistic proclaims the self-sufficiency of the self-ideal, while on the
other hand, is a key part of the show. It is important to consider, therefore, that the place of
otherness is guaranteed, though camouflaged by the indifference, contrary to the impression
transmitted by panorama that makes you understand our extinction.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufpa.br:2011/5181 |
Date | January 2011 |
Creators | MONTEIRO, Henrique Moura |
Contributors | SOUZA, Maurício Rodrigues de |
Publisher | Universidade Federal do Pará, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, UFPA, Brasil, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Source | reponame:Repositório Institucional da UFPA, instname:Universidade Federal do Pará, instacron:UFPA |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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