O principal objetivo deste trabalho foi estudar a organização da Indústria de Madeira Preservada no Brasil, destacando-se aspectos de sua estrutura, conduta e desempenho. Foram utilizadas duas abordagens teóricas da Organização Industrial: o paradigma estrutura - conduta - desempenho e a teoria dos mercados contestáveis. O estudo mostrou que a estrutura da indústria brasileira de madeira preservada é caracterizada como sendo uma concorrência monopolística. Por outro lado, quando agrupou-se as empresas segundo as regiões em que se situam, as estruturas das indústrias das distintas regiões diferiram bastante: as das regiões Centro-Oeste e Nordeste revelaram-se como sendo oligopólios altamente concentrados; a da região Sul, um oligopólio de grau moderado-alto; e a da região Sudeste mostrou-se em concorrência monopolística. Verificou-se que o grau de contestabilidade da indústria de madeira preservada como um todo, devido a existência de algumas barreiras à entrada na indústria, é pequeno. Por outro lado, ao considerarmos que todas as firmas já existentes dentro da indústria estão aptas a elaborar quaisquer produtos de madeira preservada (dormentes para estrada-de-ferro, postes para eletrificação, cruzetas para postes, madeira serrada, moirões e outras madeiras roliças, dentre outros), já que os processos e equipamentos são os mesmos para se tratar qualquer um dos produtos, notamos que este grau de contestabilidade aumenta consideravelmente. Embora determinadas firmas prefiram fornecer certos produtos, mediante um lucro maior no fornecimento de outro produto, as firmas podem passar a oferecê-lo temporariamente, quando surgirem lucros extraordinários, e retornar a elaboração de seu produto original quando terminarem as vantagens. A conduta da indústria de madeira preservada, quanto aos aspectos de formação de preços dos diversos produtos elaborados pela indústria diferiu bastante de produto para produto. As elevadas concentrações encontradas nas produções de dormentes e cruzetas pareceu estar influenciando a forma de fixação dos preços destes produtos, para os quais a maioria das firmas estabelece os mesmos. Os dados deste estudo sobre a política de fixação de preços adotada pelas firmas produtoras de postes revelaram que existe uma parte dos produtores que fixa os preços para os seus produtos e outra parte que os toma no mercado, condutas decorrentes de sua estrutura relativamente concentrada e do menor grau de contestabilidade verificado na produção dos postes. A maioria dos produtores de madeira serrada toma os preços no mercado, provavelmente devido ao fato da alta contestabilidade deste mercado e da elaboração deste produto ser recente. O modo de fixação dos preços dos moirões, na qual os produtores não têm o poder de influenciar os preços, mostrou-se condizente com sua estrutura menos concentrada e com o elevado grau de contestabilidade deste mercado. Em relação à madeira roliça, verificou-se que a prática de fixação de preço, na qual a maioria dos produtores estabelece os próprios preços, embora não seja condizente com a sua concentração comparativamente mais baixa nem com o grau de contestabilidade relativamente alto deste mercado, pode ser explicado pelos baixos volumes comercializados deste produto. Não obstante tenha-se verificado que a demanda pelos produtos tradicionalmente ofertados pela indústria esteja caindo, não se notou motivação por parte das firmas em desenvolver novos produtos ou mercados. Verificou-se também que não são adotadas estratégias pelas firmas frente à concorrência (competição via preço ou extra-preço). Em relação ao desempenho da indústria, observou-se que, apesar de se verificar uma tendência de queda dos preços reais dos postes ao longo do tempo, estes preços aumentam significativamente em épocas anteriores às eleições. Ainda quanto ao desempenho da indústria, foi verificada uma elevação da razão entre os preços de postes de eucalipto e os preços dos postes de concreto, que é um produto substituto àquele. Também foi constatada uma tendência de queda nos níveis de emprego e produção a partir de 1980, que vem seguindo até os dias atuais. Quanto à produtividade da indústria, notamos que além de ter diminuído no período compreendido entre 1989 e 1993, é muito inferior à produtividade americana. Como proposta à indústria de madeira preservada e ao governo, levanta-se a necessidade de se estabelecerem estratégias de desenvolvimento de curto-prazo. Sugere- se ao governo incentivar o uso de madeira serrada tratada na construção civil (já que desta forma, além de aumentar a vida útil dos produtos feitos de madeira de reflorestamento, diminuiria o uso de madeiras nativas ainda utilizadas na construção civil), e a promoção (através da Associação Brasileira de Normas Técnicas - A.B.N.T.) do desenvolvimento das respectivas normas técnicas. Às empresas, propõe-se o desenvolvimento de novos produtos de madeira preservada e de novos mercados para seus produtos. / not available
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-20181127-160918 |
Date | 08 April 1996 |
Creators | Moraes, Márcia Azanha Ferraz Dias de |
Contributors | Bacha, Carlos Jose Caetano |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | Dissertação de Mestrado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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