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Negação anafórica no português brasileiro: negação setencial, negação enfática e negação de constituinte / Anaphoric negation in Brazilian Portuguese: sentential negation, emphatic negation and constituent negation

Nesta tese, analiso, a partir do arcabouço teórico da gramática gerativa (Chomsky 1957 e outros), uma série de fenômenos relacionados à expressão da negação no português brasileiro (PB). Trato de quatro temas principais: (i) a distribuição dos marcadores negativos em diferentes contextos sintáticos; (ii) as formas de codificação da negação enfática; (iii) a negação de constituintes; (iv) e a determinação do escopo em sentenças com adjuntos. Os fenômenos examinados possuem duas propriedades em comum: (a) ao contrário do normalmente esperado para o PB, o marcador não se coloca à esquerda, mas à direita do elemento negado, em uma configuração [X(P) Neg]; (b) o marcador apresenta um requerimento anafórico, ocorrendo apenas em contextos em que o constituinte negado tenha sido previamente introduzido no discurso. A tese principal é que a ordem linear e anaforicidade são resultado de uma propriedade sintática básica: esses marcadores são gerados no CP e, portanto, apresentam sensibilidade a propriedades codificadas nesse sistema. Ao longo da tese, demonstro como essa sensibilidade se manifesta em diferentes fenômenos. Quanto à distribuição dos marcadores, mostro que o não pós-VP apresenta um série de restrições com propriedades ilocucionárias e sintáticas das sentenças em que ocorre. Argumento que essas propriedades são derivadas de o não pós-VP não ser um adjunto verbal nem a realização da polaridade sentencial, mas a realização de uma categoria funcional associada à confirmação e rejeição de proposições prévias, o que aproxima o não pós-VP de partículas como o yes e no do inglês ao invés de marcadores internos como not. Quanto à negação enfática, argumento que o não pós-VP do PB não é um recurso de ênfase ou reforço da negação pré-verbal enfraquecida. Proponho que o quantificador nada, aparecendo em posições não-argumentais, é que pode exercer as funções de negação enfática e de negação exclamativa (ou metalinguística). Quanto à negação de constituintes, mostro que, assim como na negação sentencial, o PB também pode exibir a configuração [X Neg] com a negação agindo sobre DPs, APs, PPs e AdvPs. Argumento que essa configuração só está disponível em contextos em que o elemento negado ocorra isoladamente ou em posição periférica da sentença, sendo proibido em contextos mediais. Defendo, então, que a configuração [X Neg] na negação de constituintes não é derivada por adjunção da negação à direita do elemento negado, mas pela ativação da mesma categoria (do CP) em que são gerados o não pós-VP e o marcador nada, com o constituinte não-oracional aparecendo no especificador dessa categoria, com apagamento opcional da estrutura sentencial abaixo da negação. Quanto ao escopo, analiso a interpretação da negação em sentenças com adjuntos verbais e com marcadores pré-verbais (em que há ambiguidade de escopo) e com marcadores pré-verbais e pós-VP (em que a ambiguidade se desfaz). Argumento contra a análise de ambiguidade nas relações de c-comando (cf. Huang 1982; Johnston 1994) e assumo a proposta de Hornstein & Nunes (2008) sobre a opcionalidade de atribuição de rótulo nas operações de adjunção. Proponho que a presença ou ausência de rótulo afeta as relações de escopo negativo ao tornar (ou não) o adjunto visível para o marcador negativo pré-verbal. / In this Dissertation, I analyze a set of phenomena related to the expression of negation in Brazilian Portuguese (BP). I deal with four main themes: (i) distribution of negative markers in different syntactic contexts, (ii) forms of encoding emphatic negation and (iii) constituent negations, (iv) and negative scope ambiguity in sentences with verbal adjuncts. These phenomena have two properties in common: (a) differently from what is normally expected in BP, the negative marker não is not placed at the left, but at the right of the negated constituent, in a configuration like [X(P) Neg]; (b) the marker has an anaphoric requirement and is acceptable only in contexts where the negated constituent has been previously introduced in the discourse or in the communicative context. The main hypothesis is that the linear order and the anaphoric requirement are the result of a syntactic property: these markers are generated in the CP and therefore are insensitive to properties encoded in the CPsystem. Throughout the thesis, I show how this sensitivity appear in different phenomena. As for item (i), I show that post-VP não shows a set of restrictions with discursive, illocutionary and syntactic properties of the sentences it occurs. I argue against proposals that analyze post- VP não as a verbal adjunct or the head of the sentential polarity category (PolP). I defend that post-VP não heads a functional category associated with confirmation and rejection of previous propositions and functions as English particles like yes and no rather than as internal markers as not. As for item (ii), I argue that post-VP não is not a form of emphasis or reinforcement of a weakened preverbal marker (in Jespersens 1917 sense). I propose that the negative quantifier nada, in non-argumental positions, is the marker responsible for emphatic negation and exclamative (or metalinguistic) negation in BP. As for item (iii), BP constituent negation behaves like sentential negation in allowing the configuration [X Neg], with the negative marker at the right of non-clausal phrases like DPs, APs, PPs and AdvPs. I show that [X Neg] is available only in contexts where negated XP occurs isolated or in a peripheral position of the sentence and is banned in medial positions. I argue then that [X Neg] in constituents negation also involves the category where post-VP não and non-argumental nada are generated, with the non-clausal constituent appearing in its specifier. As for item (iv), I examine the interpretation of negation over with verbal adjuncts in sentences with pre-verbal markers (which show scope ambiguity) and in sentences with both preverbal and post-VP markers (which show no scope ambiguity). I argue against Huang 1982 and Johnstons 1994 analyses, based on differences in c-command relations, and assume Hornstein & Nunes (2008) proposal on adjunction and labeling. I propose that the presence or absence of label in adjunctions affects scope relations in making verbal adjunct visible or invisible to negative marker.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-09112012-102648
Date25 June 2012
CreatorsRerisson Cavalcante de Araújo
ContributorsJairo Morais Nunes, Sônia Maria Lazzarini Cyrino, Marcelo Barra Ferreira, Mary Aizawa Kato, Esmeralda Vailati Negrao
PublisherUniversidade de São Paulo, Lingüística, USP, BR
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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