O pensamento filosófico de Eudoro de Sousa assume-se como uma philomythia porque, na inquirição dos fundamentos acerca daquilo que é, considera que o impulso mítico projetado pelo Mito da Origem é o que origina uma teogonia, uma cosmogonia e uma antropogonia. Desse extremo-horizonte, inacessível ao humano, surge um além-horizonte simbólico, onde Deus, Homem e Mundo convivencialmente se relacionam na unidade indiferenciada do mito e do rito. O trânsito da vivência do drama ao relato poético, sobre essa mesma convivência, e depois ao discurso filosófico, faz com que o Homem se encerre no aquém-horizonte da objetividade, apartando-se da experiência da convivencial unidade com Deus e com o Mundo. Este processo, posto pela Origem que é a-histórica, é a própria história da humanidade e da sua relação com Deus e com a Natureza, desde os substratos mais ancestrais até aos nossos dias, mas traduz também a evolução do pensamento do autor que parte dos estudos dos registos arqueológicos mais antigos para constatar o surgimento e a presença do mito na advento da Filosofia na Grécia e a sua difusão por toda a cultura ocidental. Fenomenologicamente considerado, o mito, mais do que a Filosofia, apresenta-se como horizonte de sentido mais profundo para a compreensão do Ser, porque nele se reúne, simbolicamente, o particular com o universal, o inteligível com o sensível, a pluralidade na unidade; deste modo, a proposta eudoriana é a de que estejamos disponíveis para ultrapassar um horizonte de objetividade cousista para que possamos, verdadeiramente, compreender Deus e o Mundo num horizonte de sentido trans-objetivo onde se vislumbrem com maior clareza as fulgurações da Origem. É uma ascese que se fará por via estética, mas que só será possível com uma nova compreensão acerca da Arte da Religião e da Filosofia, que se constituirão numa Mitologia. É essa a nossa tese. / The philosophical thought of Eudoro de Sousa identifies itself as a philomythia for, within the enquiry on the foundation of that which is, he considers that the mythical impulse projected by the Myth of Origin is that which originates a theogony, a cosmogony and an anthropogony. From that extreme-horizon, inaccessible to the human, surges a symbolic beyond-horizon, in which God, Man and World relate in a convivial manner to each other within the non-differentiated unity of myth and rite. The transit from the living drama to the poetic narration on that same convivial cohabitation and, afterwards, to the philosophical discourse, makes it that Man shuts himself inside the fore-horizon of objectivity, parting himself from the experience of the convivial unity with God and with the world. This process, established by the Origin, which is a-historic, is the history of humanity and of its relation with God and Nature, since the most ancient foundations to our days, but also translates the Author's evolution of thought, which starts from the most ancient archeologic records, to acknowledge the surging and the presence of Myth in the advent of Philosophy in Greece and its diffusion within the whole of the Western Culture. Phenomenologically considered, Myth, rather than Philosophy, presents itself as horizon of sense, deepest in what concerns the understanding of Being because in it symbolically gathers the particular with the universal, the intelligible with the sensitive, plurality in unity. Thus the Eudorian proposal consists on being available to overpass a horizon of reduced-to-things objectivity in order to truthfully understand God and the World within a horizon of trans-objective sense, in which one can glance with greater clarity Art, Religion and Philosophy, all, that will constitute a Mythology. This is our Thesis.
Identifer | oai:union.ndltd.org:up.pt/oai:repositorio-aberto.up.pt:10216/119508 |
Date | 11 March 2019 |
Creators | Luís Miguel Lóia Reis |
Contributors | Faculdade de Letras |
Source Sets | Universidade do Porto |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | Tese |
Format | application/pdf |
Rights | restrictedAccess |
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