Dada sua natureza cursorial, a espécie equina depende da livre movimentação para o desempenho de atividades diárias e para sobrevivência. Esta habilidade natural para o movimento é explorada em alto grau durante a prática esportiva, razão da existência de grande parte dos criatórios e centros de treinamento. Enfermidades articulares, como a osteoartrite e a osteocondrose, que reduzam ou causem prejuízo permanente à mobilidade e ao desempenho atlético são um desafio terapêutico. Os hemoderivados autólogos surgiram como opções acessíveis e seguras para o tratamento destas afecções articulares e apesar de amplamente difundido, seu emprego acontece a despeito de lacunas no conhecimento dos métodos ideais de preparação e administração, bem como dos mecanismos de ação destes produtos derivados do sangue. As propriedades antioxidantes do plasma processado autólogo demonstradas in vitro, em estudo utilizando células de líquido sinovial equino previamente estimuladas, motivaram a realização deste estudo com o objetivo de verificar os efeitos deste hemoderivado, in vivo, em articulações de equinos com osteoartrite ou osteocondrose. Tais propriedades despertaram também o interesse em verificar a ocorrência de eventos relacionados ao estresse oxidativo nestas enfermidades, o que justificaria seu emprego na clínica ortopédica. Para tal fim, líquido sinovial foi obtido antes da abordagem cirúrgica de articulações acometidas pela osteoartrite ou osteocondrose, para análise do perfil oxidante/antioxidante, físico, celular, molecular e inflamatório. Após o término da artroscopia, um grupo de animais recebeu injeção intra-articular do plasma processado autólogo e outro grupo não recebeu nenhuma medicação intra-articular, servindo como controle. Quarenta e oito horas após a cirurgia, nova amostra de líquido sinovial foi coletada, e as mesmas análises foram realizadas. As análises físicas e a contagem de células totais foram realizadas imediatamente após as coletas. O sobrenadante resultante da centrifugação do líquido sinovial foi congelado a -80º C para análises posteriores. Elas consistiram nas dosagens da catalase, superóxido dismutase, glutationa peroxidase, capacidade antioxidante total, vitamina E, proteína carbonil, condroitim sulfato, ácido hialurônico, prostaglandina E2, proteína total e ureia. Em relação à caracterização das enfermidades, as articulações acometidas por osteoartrite apresentaram maiores concentrações de catalase e de vitamina E, refletindo maior ativação dos sistemas de defesa antioxidante enzimáticos e não enzimáticos nesta enfermidade. A osteoartrite apresentou, ainda, natureza mais inflamatória, quando comparada à osteocondrose, com concentrações mais elevadas de prostaglandina E2 e proteína total, além de maiores contagens de células totais no líquido sinovial das articulações afetadas. No entanto, a osteocondrose apresentou caráter mais destrutivo em relação aos componentes da matriz extracelular e do líquido sinovial, com concentrações superiores de condroitim sulfato e ácido hialurônico, respectivamente, no líquido sinovial destas articulações. Os resultados demonstraram a ocorrência de estresse oxidativo no período pós-operatório através da ativação das defesas antioxidantes enzimáticas, com aumento da concentração de catalase. O tratamento com o plasma processado autólogo levou a aumento das concentrações de vitamina E no líquido sinovial, incrementando o sistema de defesa antioxidante não enzimático. Não foram observados efeitos do tratamento sobre o metabolismo da cartilagem articular ou biomarcadores inflamatórios. Pode-se inferir que o plasma processado autólogo apresenta potencial terapêutico no combate ao estresse oxidativo. / As a cursorial animal, the horse relies on soundness to fully accomplish daily life activities and survival. Horses natural ability for movement justifies breeding and training investments, and is explored to its maximum during athletic activities. Articular disorders, such as osteoarthritis and osteochondrosis, with their potential to reduce physical performance, are a therapeutic challenge. Autologous haemoderivates have appeared as safe and accessible options for the management of these conditions, but their widespread use has outpaced scientific evidence regarding mechanisms of action and ideal methods for preparation and administration. The antioxidant properties of autologous processed plasma, previously demonstrated in vitro on stimulated equine synovial fluid cells, posed a question on whether these effects would occur in vivo. Therefore, the present study aimed to verify autologous processed plasma´s effects in osteoarthritic and osteochondritic joints, when administered at the end of the arthroscopic procedure, with particular emphasis on possible antioxidant attributes. The study also aimed to detect evidences of oxidative stress in these disorders, what could further justify its use. For this purpose, synovial fluid was obtained immediately before the beginning of the surgery, and analyzed to yield an oxidant/ antioxidant, physical, cellular, molecular and inflammatory profile of osteoarthritis and osteochondrosis. After the end of the procedure, one group of horses received the intraarticular medication and another group of untreated horses served as controls. Forty-eight hours after surgery synovial fluid was retrieved from operated joints, and a second analysis was performed. Physical and cellular analyses were conducted immediately after sample collection and the supernatant was stored at -80º C for further evaluations. These consisted in catalase, superoxide dismutase, glutathione peroxidase, total antioxidant capacity, vitamin E, protein carbonyl groups, chondroitin sulphate, hyaluronic acid, prostaglandin E2, total protein and urea determinations. Osteoarthritic joints revealed greater activation of antioxidant defense systems, enzymatic and non-enzymatic, with greater activity of catalase, and greater concentrations of vitamin E, respectively, when compared to osteochondritic joints. Additionally, these joints had higher total nucleated cell counts and prostaglandin E2 and total protein concentrations, revealing a more inflammatory profile when compared to that of osteochondritic joints. Nonetheless, in osteochondritic joints synovial fluid and matrix components degradation was more pronounced, as there were higher concentrations of chondroitin sulphate and hyaluronic acid in synovial fluid obtained from these joints. Results also showed the occurrence of oxidative stress, 48 hours after the arthroscopic procedure, through higher catalase activity in synovial fluid, reflecting activation of antioxidant defenses. Treatment with autologous processed plasma increased vitamin E concentrations, incrementing non-enzymatic antioxidant defenses. No effects were observed on metabolic or inflammatory biomarkers. It was possible to infer that autologous processed plasma has the therapeutic potential to lessen oxidative stress effects on articular components in the postoperative period.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-17092014-111507 |
Date | 29 April 2014 |
Creators | Patricia Monaco Brossi |
Contributors | Raquel Yvonne Arantes Baccarin, Ana Liz Garcia Alves, Wilson Roberto Fernandes, Cristina de Oliveira Massoco Salles Gomes, Yara Maria Corrêa da Silva Michelacci |
Publisher | Universidade de São Paulo, Clínica Veterinária, USP, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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