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Direito à moradia : práticas e legitimidades numa sociedade desigual

Tese (doutorado)—Universidade de Brasília, Instituto de Ciências Sociais, Departamento de Sociologia, Programa de Pós-Graduação em Sociologia, 2013. / Submitted by Alaíde Gonçalves dos Santos (alaide@unb.br) on 2014-01-07T11:27:52Z
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2013_MarcioAlexandreBarbosaLima.pdf: 33701091 bytes, checksum: 2aab66b7bb72e3d1acaf722dac1192e3 (MD5) / O projeto de Urbanização do Complexo de Favelas de Paraisópolis foi o primeiro projeto de urbanização executado na cidade de São Paulo após a aprovação do Estatuto da Cidade. O trabalho aqui proposto trata das estratégias de negociação praticadas entre os moradores removidos de suas casas para a implementação das obras previstas no projeto de urbanização da favela, com o objetivo de acompanhar os princípios e valores envolvidos e que constroem o sentido de justiça entre esses moradores. Abordar os processos de negociação entre os removidos e a Prefeitura, por meio das assistentes sociais, englobou uma análise mais ampla, a partir da qual discutimos a relação entre sociedade civil e Estado. As chamadas Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS) são um instrumento previsto pelo Estatuto da Cidade, que permite a delimitação e destinação de determinadas áreas do município para abrigar moradia popular. Cada ZEIS possui um Conselho Gestor paritário e responsável por aprovar os projetos de urbanização e para determinar normas especiais de uso, ocupação, parcelamento do solo e edificação para áreas já ocupadas por moradias. Durante a pesquisa, tornou-se impossível dissociar a prática dos moradores da existência deste espaço de resolução de conflitos institucionalizado. Isso porque a pesquisa revelou que as estratégias utilizadas por esses moradores estão diretamente vinculadas aos processos participativos existentes e criados pelo Plano Diretor da cidade de São Paulo e pelo Estatuto da Cidade e à descrença desses moradores com este espaço como forma de mediação entre os moradores removidos e o poder público. Inicialmente, a pesquisa focou no conflito gerado a partir do processo de remoção dos moradores e nas estratégias e justificativas utilizadas por eles durante as negociações face a face. Buscou, então, construir, a partir das entrevistas e do trabalho de campo na área, os elementos que permitiam elaborar uma noção de justiça e equidade entre esses moradores e como essa noção se afastava da forma/norma como estavam sendo atendidos pela Prefeitura. Com a possibilidade de sair com um “cheque despejo” no valor de R$5 mil ou com um novo apartamento, tudo dependendo de uma negociação e dos critérios da Prefeitura, esses moradores buscaram formas de conquistar esse seu direito, baseados em valores comuns como o uso social da terra. Porém, como o projeto de urbanização da favela começou em 2004, já existem moradores nos apartamentos construídos no âmbito do projeto de urbanização. Ao acompanhar este momento de pós-ocupação, foi possível perceber que o processo de substituição dos moradores por outros, com maior poder aquisitivo, nem sempre ex-moradores da favela, tem ocorrido de forma rápida, tanto no condomínio entregue em 2009 quanto nos edifícios construídos em Paraisópolis recentemente, entregues aos moradores. Com os resultados observados no longo prazo, novas questões teóricas surgiram, pois todo o processo de urbanização foi marcado pela participação democrática, pela atuação das associações de moradores e pelo voto. Democraticamente esses moradores estão sendo sutilmente retirados da área onde moravam. O fato de todo o processo ter se estabelecido em critérios democráticos não necessariamente implicou trazer resultados socialmente bons, positivos ou cumulativos. Assim como as operações urbanas foram uma apropriação do poder econômico sobre os instrumentos do Estatuto da Cidade, o trabalho demonstra que as ZEIS também puderam ser apropriadas, mas por caminhos diversos. A avenida construída e as valorizações das áreas que resultarão desse processo, longe de serem apropriadas pelos moradores, servirão mais aos empreendedores para a valorização imobiliária. Com um espaço institucional construído e deliberativo, com uma sociedade civil organizada e atuante, assistimos à reprodução democrática do velho processo de expulsão dos moradores removidos para a construção de uma obra pública. _______________________________________________________________________________ ABSTRACT / The urbanization project of Paraisópolis Slum was the first project executed in the city of São Paulo after the approval of the Statute of the City. The negotiation strategies used by the residents removed from their houses for the urbanization of the slum are presented. The aim of this work was to follow the principles and values involved during this process as well as the establishment of senses of justice among (the) residents. The negotiation process established between the removed residents and the municipal government, carried out by social workers, was a starting point to discuss the relationship between civil society and state. The so called Special Zones of Social Interest (ZEIS) is an instrument created by the Statute of the City, which allows the definition and allocation of certain areas of the city to accommodate popular housing. Each ZEIS has a Managing Council responsible for approving the projects of urbanization and determining special rules for its use, occupation, land subdivision and construction of areas already occupied by housing. During the development of this work, it became impossible to separate the practice of the residents and the existence of this institutional space for conflict resolution. The research showed that the strategies used by the residents are directly linked to the participatory processes created by the Master Plan of the city of São Paulo and the Statute of the City and also to the disbelief of the residents with the ZEIS as a form of mediation between removed residents and municipal government. Initially, the research focused on the conflict generated from the removal process of residents and the strategies and reasons used by them during the face-to-face negotiations. Interviews and fieldwork within the area sought to identify the elements that allowed the elaboration of a sense of justice and equity by the residents and how this sense of justice moved away from the norm/rules that were being attended by the city government. With the possibility to come out with a "eviction check" in the amount of R$ 5.000 or a new apartment, depending on the negotiation and the criteria of the public power, the residents seek ways to gain this right, based on common values such as the social use of the land. However, as the urbanization project began in 2004, there are already residents in apartments built. Following the post-occupation, it was revealed that the process of replacement by residents with greater purchasing power, not always ex-slum residents, had quickly occurred, both in the buildings handed over in 2009 and also in the buildings handed over recently. With the results observed in the long term, new theoretical questions have arisen because the whole process of urbanization was marked by democratic participation, the action of neighborhood associations and by the vote. These residents are being democratically removed from where they lived. The fact that the whole process has been established on democratic criteria did not necessarily meant good (positive or cumulative) social outcomes. As well as urban operations were an appropriation of economic power of the instruments of the Statute of the City, the ZEIS were also be appropriated but in different ways. The built of an avenue and the valorization of the areas after urbanization, far from being appropriated by residents, will serve the purposes of entrepreneurs and real estate valuation. With an institutional and deliberative space built with an active and organized civil society, we witness the reproduction of the old process of expulsion of the residents removed for public constructions. _______________________________________________________________________________ RÉSUMÉ / Le projet d'Urbanisation du Complexe de Bidonvilles de Paraisópolis a été premier
projet d'urbanisation exécuté dans la ville de São Paulo après l'approbation du Statut de la
Ville. Le travail ici proposé traite des stratégies de négociation pratiquées entre les
habitants enlevés de leurs maisons pour la mise en oeuvre des oeuvres prévues au projet
d'urbanisation du bidonville, avec l'objectif d'accompagner les principes et les valeurs
engagés et qui construisent le sens de justice entre ces habitants.
Aborder les processus de négociation entre la enlevés et Préfecture, au moyen des
assistantes sociales, a englobé une analyse plus suffisante, à partir de laquelle nous
discutons la relation entre société civile et État. Les appelées Zones Spéciales d'Intérêt
Social (ZEIS) sont un instrument prévu par le Statut de la Ville, qui permet la délimitation
et la destination de certains secteurs de la ville pour abriter logement populaire. Chaque
ZEIS possède un Conseil Gérant paritaire et responsable approuver les projets
d'urbanisation et pour déterminer des normes spéciales d'utilisation, de l'occupation, de la
parcelamento du sol et de la construction pour secteurs já́ occupés par des logements.
Pendant la recherche, s'est devenu impossible dissocier pratique des habitants et l'existence
de cet espace de résolution de conflits institutionnalisé. Cela parce que la recherche a révélé que les stratégies utilisées par ces habitants
directement sont attachées aux procédures participatives existantes et créé par le Plan
Directeur de la ville de São Paulo et par le Statut de la Ville et l'incroyance de ces habitants
avec cet espace mange forme médiation entre les habitants enlevés et le pouvoir public.
Initialement, la recherche a focalisé le conflit produit à partir processus de
déplacement des habitants et dans les stratégies et justifications utilisées par elles pendant
les négociations face-a-face. Il a cherché, alors, construire, à partir des entrevues et du
travail de champ dans le secteur, les éléments qui permettaient d'élaborer une notion de
justice et une équité entre ces habitants et comme cette notion s'éloignait de la forme/
norme comme ils étaient faits attention par la Préfecture.
Avec la possibilité de sortir avec un « chèque déversement » dans la valeur de R$ 5
mille ou avec un nouvel appartement, tout en dépendant d'une négociation et des critères
de la Préfecture, ces habitants ont cherché des formes de conquérir celui-là leur droit, basés sur des valeurs communes comme l'utilisation sociale de la terre. Néanmoins, comme le
projet d'urbanisation du bidonville a commencé en 2004, déjà existent vivants dans les
appartements construits dans le contexte du projet d'urbanisation. Accompagner ce moment
de pós-ocupação, ce a été possible de percevoir que le processus de substitution des
habitants par autres, avec plus grand pouvoir acquisitif, pas toujours ex-moradores du
bidonville, s'est produit de forme rapide, de telle façon dans le condominium livré en 2009
combien dans les bâtiments construits dans Paraisópolis, récemment, livrés aux habitants.
Avec les résultats observés dans un long délai, de nouvelles questions théoriques
sont apparues, donc tout le processus d'urbanisation a été marqué par la participation
démocratique, par la performance des associations d'habitants et par le vote.
Démocratiquement ces habitants sont subtilement enlevés du secteur ils où vivaient.
Le costume de tout le processus avoir si établi dans des critères démocratiques a
non nécessairement impliqué d'apporter résultats socialement bons, positifs ou cumulatifs.
Ainsi que les opérations ils urbaines ont été une appropriation du pouvoir économique sur
les instruments du Statut de la Ville, le travail démontre que le ZEIS aussi ont pu être
appropriés, mais par des chemins divers. L'avenue construite et les évaluations des secteurs
qui résulteront de ce processus, loin de être appropriés par les habitants, serviront plus aux
entrepreneurs pour l'évaluation immobilier.
Avec un espace institutionnel construit et délibératoire, avec une société civile
organisée et opérante, nous assistons à la reproduction démocratique du vieux processus
d'expulsion des habitants enlevés pour la construction d'une oeuvre publique.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.unb.br:10482/14942
Date09 1900
CreatorsLima, Márcio Alexandre Barbosa
ContributorsCoelho, Maria Francisca Pinheiro
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Sourcereponame:Repositório Institucional da UnB, instname:Universidade de Brasília, instacron:UNB
RightsA concessão da licença deste item refere-se ao termo de autorização impresso assinado pelo autor com as seguintes condições: Na qualidade de titular dos direitos de autor da publicação, autorizo a Universidade de Brasília e o IBICT a disponibilizar por meio dos sites www.bce.unb.br, www.ibict.br, http://hercules.vtls.com/cgi-bin/ndltd/chameleon?lng=pt&skin=ndltd sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o texto integral da obra disponibilizada, conforme permissões assinaladas, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta data., info:eu-repo/semantics/openAccess

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