Nos últimos anos a discussão acerca da autonomia da política monetária esteve polarizada entre dois grupos de autores. Baseados numa concepção arqueológica da moeda (Cencini, 1997), alguns afirmam que os Bancos Centrais, diante da integração entre os mercados financeiros, teriam perdido a autonomia para praticar políticas monetárias em favor do crescimento econômico. Em contraste, outro grupo de autores sustenta que mesmo no atual contexto de “perfeita mobilidade do capital”, sob certas condições, a autoridade monetária conserva amplos graus de liberdade para definir o nível da taxa de juros doméstica, em qualquer contexto considerado. O objetivo principal do estudo é analisar teoricamente a questão da autonomia da política monetária nos termos em que a mesma vem sendo discutida na atualidade, e subseqüentemente, através de um modelo macroeconômico de simulação, examinar as conseqüências de uma política de juros alternativa àquela que o Banco Central do Brasil vem adotando. Constatou-se que em uma economia de mercado, em que muitos insumos produtivos são reproduzíveis, incluindo a força de trabalho e os bens de capital, emerge uma relação definida entre a dimensão do consumo produtivo da força de trabalho, visando a preservação das condições materiais da economia, e a magnitude dos meios de pagamento existentes: os meios de pagamento podem ser criados e destruídos no sistema bancário por causa do pagamento de salários aos trabalhadores, sob demanda das empresas. Sob essa ótica há certa dificuldade analítica para se conceber os meios de pagamento exogenamente determinados. Ao contrário, o caráter institucional, discricionário da taxa monetária de juros segue simples e logicamente. O mercado financeiro atua no sentido de restaurar a liquidez das empresas de negócios facilitando a liquidação de seus empréstimos passados junto aos bancos comerciais. Através da aplicação de um modelo macroeconômico de simulação dois cenários alternativos foram gerados para os próximos oito anos de política (2008-2015). No cenário de mudança uma política de redução progressiva da taxa de juros para o patamar de 3,66% ao ano resulta em uma taxa de inflação muito similar ao cenário de continuidade, caracterizado por uma taxa de juros de 15,39% ao ano. Porém, no primeiro caso ocorre um aumento substancial no crescimento da capacidade produtiva da economia com uma taxa cambial mais competitiva, que estaria situada, em média, em R$/US$ 2,51. Por outro lado, no cenário de continuidade a perda anual, em média, no acréscimo da capacidade produtiva da economia é de 7,44%, associada a uma taxa cambial não competitiva, que em média estaria situada em R$/US$ 2,35. A estabilidade de preços foi preservada em todos os cenários. / In recent years several authors have questioned the power of monetary authority to fix domestic money rate of interest at lower levels of their neighbors. The main reason would be the increasing financial integration of markets, and their “capital flows”. The “Flow Theory” (Branson, 1970) asserts that in a world where capital is perfectly mobile the power of Central Bank would be reduced at minimal levels, because of the exogenous character of money. So, active monetary policies to attain and maintain full employment would be not possible in that world, as a low and still positive interest rate. The aim of this study is to evaluate theoretical and empirically this claim for a market economy, considering the case of Brazilian economy. The main theoretical conclusion does not confirm that claim. On the contrary, in a market economy where several inputs are reproducible, including labor force and capital equipment, a definite relation comes about between the length of productive consumption, to guarantee material conditions of the economy, and means of payment: immaterial means of payment can be created and destroyed by banks because of wages, on demand of enterprises in money market. In this way there are some analytical difficulties to conceive money as a stock of wealth, as a material and exogenous object. Yet, the institutional and conventional character of money rate of interest, in any context, follows simple and direct because of the social and circular nature of production. The power of monetary authority is reinforced this way. By applying a macroeconomic simulation model designed to Brazilian economy to investigate the effect of an interest rate at an international level over the accumulation rate, inflation and exchange rate, alternative scenarios were obtained to the next eight years of policy (2008-2015). The main results suggest that if Central Bank would decide to fix the money rate of interest at 3,66% per year, the accumulation rate would be substantially greater and the exchange rate would stabilize around R$/US$ 2,51. But, if the monetary authority chooses to fix politically a higher rate, say 15,39% per year, the accumulation rate would be substantially lower and the exchange rate would be around R$/US$ 2,35 for the next eight years. The stable prices were maintained in all scenarios. There is no trade-off between growth and stability. So, the best choice of monetary authority would be a low but still positive money rate of interest to permit a greater production level and competitiveness at international arena.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:lume56.ufrgs.br:10183/15353 |
Date | January 2008 |
Creators | Marques, André de Mattos |
Contributors | Corazza, Gentil |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Format | application/pdf |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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