Resumo da tese:1) Problemática
Uma questão essencial antes da fase de concretização de um projecto é o aclarar e o delinear de ideias. E no caso da realização de uma tese, isto passa pela definição de uma pergunta de partida.
Mas para se fazer uma boa pergunta de partida, é essencial caracterizar os pontos que a definem. E quais são sinteticamente aqueles pontos? Segundo Quivy e Luc Van Copenhoudt (M3) são :
1. A CLAREZA
2. A EXEQUIBILIDADE
3. A PERTINÊNCIA
Numa fase em que já se possui um plano da tese, torna-se necessário fazer uma análise crítica das perguntas que definem a tese na perspectiva daqueles parâmetros. O objectivo é chegar a uma pergunta ou perguntas que contenham a essência do objecto que se analisa ou procura com a tese, permitindo ainda a consecução do projecto pessoal de quem a constrói.
Uma primeira versão das questões em debate poderá ser:
1. Qual a estrutura essencial do tecido produtivo português?
2. Quais são as fontes de vantagem competitiva em Portugal? E quais as fontes de desvantagem competitiva? Como é que estas se compatibilizam com a estrutura actual do tecido produtivo? Em que sentido é que aquele deve caminhar, ou seja, qual seria a estrutura ideal
- 2 -
para aquele? E finalmente, como potenciar as fontes de vantagem competitiva e superar as fontes de desvantagem?
3. Como é que as dinâmicas passadas e presentes podem explicar a situação presente, em termos estruturais e em termos de dinâmica competitiva?
Penso que estas três questões permitem estabelecer uma visão global da problemática essencial deste trabalho. Aparentemente, e numa primeira análise, estas perguntas violam alguns pontos referentes às qualidades de uma boa questão. Discordo, e vou procurar provar ponto por ponto.
Primeira questão : Qual a estrutura essencial do tecido produtivo português?
1. A CLAREZA: ao definir-se o que se entende por estrutura, a clareza da questão fica perfeitamente validada. Estrutura no contexto em análise refere-se à composição do tecido produtivo em termos sectoriais, empresariais e de mercados de actuação (produtos, clientes e lugares)
2. A EXEQUIBILIDADE: a exequibilidade da pergunta fica apenas limitada pelo atraso de alguns dados de natureza estatística (anos, nalguns casos), e pela acessibilidade de outros (dados e nalguns casos conceitos, estratégias e dinâmicas).
3. A PERTINÊNCIA: em termos de pertinência social ou científica, poderá ser posta em questão mais um trabalho debruçando-se sobre o tema. Mas que a pertinência em termos de construção pessoal fica totalmente validada, eu não tenho a menor dúvida. E a proliferação de trabalhos sobre o assunto só a vem a demonstrar.
- 3 -
Segunda questão : Quais são as fontes de vantagem competitiva em Portugal?
1. A CLAREZA: para que a clareza da questão fique perfeitamente estabelecida, é necessário
i. definir o que se entende por vantagem competitiva, estabelecendo o seu âmbito conceptual, o que será feito sob a perspectiva do Modelo Porter.
ii. definir o que se entende por fonte de vantagem competitiva, recorrendo ainda à estrutura conceptual do Diamante de Porter.
2. A EXEQUIBILIDADE: Embora parecendo um trabalho hercúleo, e merecendo o trabalho de uma equipa (como demonstrou a Monitor Company e o Fórum da Competitividade), parece-me perfeitamente exequível através da análise, combinação e síntese dos trabalhos mais relevantes que foram publicados em cada uma das diferentes áreas. Mas não há duvida que é um trabalho que requer coragem.
3. A PERTINÊNCIA: A globalização dos mercados e sistemas financeiros estão aí para provar a pertinência desta questão.
Terceira Questão : Como é que as dinâmicas passadas e presentes podem explicar a situação presente?
1. A CLAREZA: Bastará uma conceptualização adequada do que se entende por dinâmicas passadas e por dinâmicas presentes, para que a clareza desta questão ficar estabelecida.
DINÂMICAS PASSADAS: referência aos processos históricos passados, como possível fonte de compreensão dos processos sociais, económicos e industriais presentes.
- 4 -
DINÂMICAS PRESENTES: referência aos processos industriais e sócio-económicos presentes, a nível nacional e global.
2. A EXEQUIBILIDADE: a exequibilidade desta questão resulta do recurso a trabalhos da história económica e industrial, e aos numerosos trabalhos de análise de tendências e de perspectivas estratégicas.
3. A PERTINÊNCIA: esta questão vê a sua pertinência validada através da construção de uma visão mais integrada e coerente das realidades presentes, permitindo a construção de um modelo que explicite a articulação entre o passado, o presente e as tendências futuras. A importância desta questão advém ainda de esta surgir como fonte de articulação das duas questões anteriores (ou seja, entre estrutura, causalidade e processos ou dinâmicas).
Suporta-se desta forma o valor e a validade das perguntas base deste trabalho, viabilizando a construção do mesmo.
Identifer | oai:union.ndltd.org:up.pt/oai:repositorio-aberto.up.pt:10216/62509 |
Date | January 1997 |
Creators | Vaz, Álvaro Frederico Campos |
Contributors | Bessa, Daniel |
Publisher | Porto : Instituto Superior de Estudos Empresariais |
Source Sets | Universidade do Porto |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | Dissertação |
Format | application/pdf |
Source | http://catalogo.up.pt/F/7LF8EG49CDLK66A3B3CQGRB79U68YQE6RIVSQ4GLF1AEKICNDD-11914?func=full-set-set&set_number=687606&set_entry=000001&format=999 |
Rights | openAccess |
Page generated in 0.0025 seconds