O tema central desta tese se fundamenta no processo conflituoso e contraditório da produção do espaço de Belo Horizonte à luz do paradigma da modernidade. No final do século XIX, a nova capital das Minas é idealizada para representar uma espacialidade moderna distante da antiga imagem colonial de Ouro Preto. O antigo Arraial de Belo Horizonte é destruído para que a nova cidade republicana fosse produzida. Aarão Reis, engenheiro responsável pela idealização da nova capital, revela, no traçado urbano, expressiva influência da urbanística moderna presente nas cidades europeias. Nesse sentido, o projeto da capital republicana revela legados socioespaciais de uma modernidade pretérita que são reinscritos na cidade por meio de novos usos e apropriações. A gestão municipal de Juscelino Kubistchek anuncia políticas urbanas capazes de promover, na capital das Minas, as condições necessárias à produção de novas espacialidades modernizadas pela abertura de grandes avenidas, novos eixos de crescimento da cidade; pela produção do Complexo Arquitetônico da Pampulha, pelo incentivo à cultura mineira e, - o diálogo com o movimento cultural e artístico da nação Assim, gestam-se as condições de produção de uma nova morfologia urbana: a metrópole. A partir da análise do distanciamento estabelecido entre a representação do espaço idealizado e a produção dos espaços de suas representações, refletiu-se nesta tese, sobre a produção de um saber político engendrado no espaço urbano de Belo Horizonte. Os caminhos percorridos em prol da modernidade prometida lançaram a capital nos trilhos do projeto industrial. A gestão municipal de Juscelino Kubistchek promoveu legados socioespaciaos que viabilizaram a espacialidade de uma metrópole em construção/reconstrução. Os desdobramentos da produção da metrópole revelam-se em novas políticas urbanas que, guiadas pela promessa modernizante, patrimonializam as antigas formas e lhes atribuem novos conteúdos. A Praça da Liberdade é um exemplo claro desse processo: produzida para representar os ideais republicanos, encontra-se hoje inserida no Circuito das mercadorias Culturais, mercantiliza, a partir da patrimonialização do seu patrimônio, os legados de uma modernidade pretérita. / The central theme of this thesis is based on the conflicting and contradictory process of the production of the space of Belo Horizonte in the light of the paradigm of modernity. In the late nineteenth century, the new capital of Minas is idealized to represent a modern spatiality, different from the old colonial image of Ouro Preto. The former Arraial de Belo Horizonte was destroyed so that the new republican city was produced. Aarão Reis, the engineer responsible for the idealization of the capital, reveals, through the urban layout, a significant influence of the modern urbanistic present in European cities. Therefore, the project of the republican capital reveals socio-spatial legacies of a past modernity that are reinserted in the city through new uses and appropriations. The city management of Juscelino Kubitschek presents, following the spatial modernity in Belo Horizonte, representations that advertise urban policies able to promote, in the capital of Minas, the necessary conditions to the production of new modernizing spatialities. To ensure, through the great avenues, new axes of the city growth; from the production of Pampulha Architectural Complex, the emergence of a new man, the modern one; from encouraging the local culture, the dialogue with the cultural and artistic movement of the nation has generated the conditions of production of a new urban morphology: the metropolis. In this sense, the theoretical reflections were based on the analysis of the production of Belo Horizonte, a city which has never freed itself from the idealization of being represented as permanently modern. From the analysis of the distance established between the representation of idealized space and the production of the spaces of its representations, there is the production of political knowledge engendered in the urban area of Belo Horizonte. The paths taken in favor of the \"promised modernity\" launched the capital on the tracks of the industrial project. The city government of Juscelino Kubitschek has promoted socio-spatial legacies that enabled the spatiality of a metropolis in production. The consequences of the production of the metropolis reveal themselves in new urban policies which, guided by the \"modernizing promise\", patrimonialize the old ways and engender new content in the old ways by replacing the city in the list of new urbanities. The Liberty Square, produced to represent the republican ideals, now included in the Circuit of Cultural goods, commercializes, from the patrimonialization of their heritage, the legacies of a past modernity.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-05082015-133417 |
Date | 04 March 2015 |
Creators | Raggi, Mariana Guedes |
Contributors | Cruz, Rita de Cassia Ariza da |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | Tese de Doutorado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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