s temperamentos afetivos podem ser considerados a base para o humor, o comportamento e a personalidade, alÃm de manifestaÃÃes subclÃnicas hereditÃrias de transtornos do humor. Recentemente, foi proposto um modelo de temperamento que avalia simultaneamente os temperamentos afetivos e emocionais em uma tentativa de integrar os modelos de temperamento emocional de Cloninger e de temperamentos afetivos de Kraepelin/Kretschmer/Akiskal. De acordo este modelo, existem 12 tipos de temperamentos afetivos (depressivo, apÃtico, lÃbil, ansioso, ciclotÃmico, hipertÃmico, irritÃvel, desinibido, disfÃrico, eutÃmico, obsessivo e eufÃrico) que surgem a partir da interaÃÃo entre dimensÃes emocionais (raiva, vontade, inibiÃÃo, sensibilidade, coping e controle). O conceito de mecanismo de defesa à tido como uma importante dimensÃo da estrutura de personalidade do indivÃduo considerado um mediador psÃquico entre estressores externos, conflitos internos e comportamentos exibidos durante situaÃÃes de estresse, em especial, a psicopatologia. Complexos mecanismos, incluindo fatores biolÃgicos, psicolÃgicos e sociais podem contribuir para o desenvolvimento de sintomas depressivos e somÃticos. Atà o presente momento, nÃo se conhece a relaÃÃo entre temperamentos afetivos e mecanismos de defesa, bem como de que modo a interaÃÃo entre estes contribui para a formaÃÃo de sintomas somÃticos e depressivos. Este trabalho tem como objetivo investigar as relaÃÃes entre temperamentos afetivos e emocionais e estilos de defesa e como estes contribuem para a formaÃÃo de sintomas depressivos e, separadamente, sintomas somÃticos em uma grande amostra. MÃTODO. Este à um estudo transversal, de adesÃo espontÃnea, de base populacional (n>9000), cujos dados obtivemos via inquÃrito eletrÃnico (i.e., internet) atravÃs do Brazilian Internet Study on Temperament and Psychopathology (BRAINSTEP), compreendendo instrumentos psicolÃgicos, comportamentais e psiquiÃtricos, divididos em duas seÃÃes. Foram coletados dados sÃcio-demogrÃficos dos participantes e estes responderam aos seguintes instrumentos: Escala Composta de Temperamento Emocional e Afetivo (AFECTS); QuestionÃrio de Estilo Defensivo-40 (DSQ-40); InventÃrio de Sintomas-90-Revisado (SCL-90-R). As anÃlises foram controladas para idade, gÃnero e escolaridade (e para depressÃo, no caso do estudo dos sintomas somÃticos). RESULTADOS. Dentre os 9937 participantes do estudo, verificamos que os indivÃduos com temperamentos do tipo hipertÃmico e eutÃmico tendem a apresentar estilos de defesa maduros (56,9% e 49,7%, respectivamente), enquanto que os estilos de defesa imaturos sÃo predominantes naqueles com temperamentos ciclotÃmico (51,3%), lÃbil (50,5%), depressivo (43,0%), disfÃrico (39,2%), eufÃrico (37,0%) e desinibido (34,3). Altos escores em estilos de defesa imaturos e baixos escores em estilos de defesa maduros estÃo associados independentemente com sintomas depressivos e somÃticos. HipertÃmicos e eutÃmicos tendem a apresentar menos sintomas depressivos (F[ANCOVA]=206,45; p<0,001) e somÃticos (F[ANCOVA]=77,43; p<0,001). Os temperamentos hipertÃmicos e eutÃmicos atuam como moderadores da correlaÃÃo entre estilos de defesa maduros e sintomas depressivos (r=-0,258, p<0,001 para indivÃduos sem temperamento hipertÃmico; r=0,026, p<0,436 para indivÃduos com temperamento hipertÃmico; r=-0,262, p<0,001 para indivÃduos sem temperamento eutÃmico; r=0,016, p<0,561 para indivÃduos com temperamento eutÃmico). IndivÃduos com temperamentos disfÃrico, ciclotÃmico e depressivo e que adotam predominantemente mecanismos de defesa de deslocamento, somatizaÃÃo e agressÃo passiva apresentam maior gravidade de sintomas somÃticos. O temperamento disfÃrico atua como moderador da correlaÃÃo entre mecanismo de defesa de deslocamento e diversos sintomas somÃticos (r=0,336; p<0,001 para indivÃduos com temperamento disfÃrico, e r=0,200; p<0,001 para indivÃduos sem temperamento disfÃrico), independentemente dos sintomas depressivos. CONCLUSÃO. O presente estudo demonstra que, apesar de serem construtos epistemologicamente distintos associados à personalidade, temperamentos afetivos e mecanismos de defesa interagem na formaÃÃo de sintomas depressivos e somÃticos em uma grande amostra. Este achado pode ter relevÃncia clÃnica na compreensÃo da psicopatologia. Estudos prospectivos sÃo necessÃrios para verificar a relaÃÃes de causalidade.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:www.teses.ufc.br:9209 |
Date | 25 April 2014 |
Creators | Tauily Claussen D'Escragnolle Taunay |
Contributors | Andrà FÃrrer Carvalho, Alexandre Braga LibÃrio, Catarina NÃvea Bezerra Menezes, Diogo Rizzato Lara, Fernando Silva Neves |
Publisher | Universidade Federal do CearÃ, Programa de PÃs-GraduaÃÃo em CiÃncias MÃdicas, UFC, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Format | application/pdf |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFC, instname:Universidade Federal do Ceará, instacron:UFC |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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