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Entre a indignação e o sonho: representações sociais da moradia de comunidades ribeirinhas

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Previous issue date: 2003 / As favelas têm sido uma das alternativas de moradia para os estratos mais pobres da
população. Elas crescem nas grandes cidades e respondem ao déficit habitacional no Brasil.
Miséria, desemprego, insalubridade e exclusão ficam a nu nessas moradias. Na busca de uma
inserção social, essas camadas enfrentam a questão da moradia, impondo-se contra as ordens
impostas pelo urbano e revelando um conjunto de práticas e saberes no seu cotidiano. Essas
práticas são dotadas de uma lógica e se constituem em teorias que alicerçam modos de vida e
concepção de mundo. A casa é o lugar onde o homem se situa socialmente e pessoalmente no
mundo, e urge aprendermos questões que estejam relacionadas à dinâmica subjetiva que
envolve o morador e o espaço de moradia. Este estudo buscou apreender como moradores de
duas favelas ribeirinhas da Cidade do Recife participantes de um programa habitacional de
reassentamento concebem a sua moradia. Que impressões possuem esses moradores acerca de
suas casas e de seu ambiente de moradia. Que representações fazem acerca de uma casa e de
um lugar ideal para morar. Realizamos 12 entrevistas nas quais os moradores falaram de sua
trajetória de moradia. Observamos moradores (20) em reuniões e oficinas sócio-educativas.
Foram utilizados, também, desenhos e produção de imagens dos moradores sobre a
comunidade. Como recurso indutor, usamos fotos de vários tipos de casas com o objetivo de
permitir uma maior espontaneidade nas respostas dos sujeitos, evitando um clima de
investigação ou inquérito. Foi utilizado o programa de análise de dados textuais Alceste. Seis
classes de respostas foram analisadas sobre 02 eixos (eixo 1- a casa enquanto significado de
propriedade e eixo 2- a casa enquanto significado de proteção e refúgio) e suas variações
(atribuição a casa o sentido de referência e liberdade) mostram que os moradores atribuem
significados objetivos e subjetivos à casa. E cinco classes de respostas foram analisadas sobre
03 eixos (eixo 1= medo da mudança, eixo 2= tempo e lugar/ desejo de sair, eixo- 3- melhoria
das condições de vida ), mostrando que as representações construídas não se vinculam apenas
ao novo local de moradia, mas à nova rede de interações sociais que irão se estabelecer. O
reconhecimento que a mudança irá trazer melhoria nas condições de vida não impede que esses
moradores resistam à idéia de sair do ambiente que vivem, ora porque criaram laços no local,
ora porque a nova rede de relações sociais é percebida como uma grande ameaça. A casa era
uma necessidade e um direito do ser humano. As representações apreendidas reavivaram esse
sentido que parecem haver sido perdidos diante da especulação imobiliária e dos interesses
econômicos. A casa não era apenas um produto de mercado. Tê-la significava sentir-se seguro,
orientado e distinto. Enquanto objeto social, a casa interagia com a rua e com o mundo social.
Era um lugar que, a partir dele, os sujeitos podiam se posicionar e se reconhecer

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufpe.br:123456789/9997
Date January 2003
CreatorsLúcia de Santana, Edrija
Contributorsde Fátima de Souza Santos, Maria
PublisherUniversidade Federal de Pernambuco
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFPE, instname:Universidade Federal de Pernambuco, instacron:UFPE
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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