A arquitetura residencial coletiva, representada pelos edifícios multifamiliares voltados para as massas que habitam as áreas urbanas, é o maior protagonista da arquitetura cotidiana, desde o início do século XX, período que desenvolveu, propagou e consolidou o repertório formal, normativo e estético dessa célebre tipologia. As motivações que impulsionaram o desenvolvimento dessa nova forma de moradia coincidiram com uma enorme carência social e com a emergência por alojamentos, fato que assolou grande parte da população migrante que chegava às cidades, somadas às consequências das Grandes Guerras na Europa. A esses indivíduos, desorientados, restaram absorver as imposições da habitação coletiva - rígida, padronizada e uniforme - oferecida, muitas vezes, sob a égide do estado socialista, preocupado prioritariamente com aspectos quantitativos, dimensionais e higiênicos. Essa conjuntura moderna é escrutinada ao início do trabalho, bem como o papel da escola Vkutemas e do taylorismo como agentes de transformação da arte, da cultura e da sociedade do século XX. Apesar das incontestáveis contribuições à racionalização e à ciência da edificação, após um século, acredita-se que as mesmas regras, essencialmente modernas e universalizantes, ainda dominem a produção imobiliária atual: repetição idêntica de apartamentos tipo, preceitos funcionalistas, exigências mínimas relativas à habitabilidade, normas dimensionais padronizadas. Esses critérios, álibis perfeitos para uma arquitetura direcionada a usuários desconhecidos, disseminam, ainda hoje, modelos de caráter universal, reforçados por estratégias mercadológicas que homogeneízam o comportamento e pouco favorecem o uso diversificado do espaço da habitação, condição indispensável ao sujeito contemporâneo, ao estilo de vida plural das novas estruturas familiares, às rápidas transformações sociais, tecnológicas e culturais do mundo contemporâneo. Com o propósito de devolver ao morador tipificado um espaço doméstico de manifestação espontânea, imprevisível e natural, adequado às novas formas de vida, o trabalho investiga, ao longo do século XX, mecanismos de flexibilidade arquitetônica capazes de promover a adaptabilidade, a transformação e a particularização do espaço residencial, preceitos indispensáveis à satisfação do usuário e às diferentes necessidades ao longo do seu ciclo familiar. A sistematização de um amplo instrumental de flexibilidade é o produto primordial deste trabalho, capaz de nortear a concepção de novo projetos e a adequação de estruturas preexistentes, no intuito de promover, a partir da modificação de usos e da redefinição programática, novas respostas para o bem-estar físico e emocional dos usuários. / The collective residential architecture, represented by the multifamily buildings directed to people who live in the urban areas, has been the greatest protagonist of the everyday architecture since the beginning of the 20th century, period when has developed, expanded and consolidated the formal, normative and esthetic collection of this famous typology. The motivations that propelled the development of this new way of dwelling house coincided with an enormous social lacking and with the need for accommodations, fact that devastated a large part of the migrant population that reached the cities, in addition to the consequences of the Great Wars in Europe. To these disorientated individuals was left over to absorb the collective dwelling impositions - stiffness, standardized, uniform - offered sometimes as assistance from a socialist state, worried mainly with quantitative, hygienic and dimensional aspects. This modern conjuncture is scrutinized at the beginning of the work, as well the role of the \"Vkutemas\" school and of the taylorism as transformation agents of art, culture and of the 20th century society. In spite of the incontestable contributions to the rationalization and to the science of building, after a century, one believes that the same rules, essentially modern and universal, still dominate the current property production: identical repetition of type flats, functional concepts, minimal requirements for inhabitable conditions, standardized size norms. These criteria, perfect alibi for an architecture directed to unknown users, spread even today models of universal mark, reinforced by marketing strategies that homogenize the behavior and much little favour the diversified use of the housing space, which is an essential condition for the contemporary individual, for the plural life style of the new family structures, for the fast social, technological and cultural transformations of the contemporary world. With the objective to give the typified resident back a domestic space of spontaneous manifestation, unforeseeable and natural, adequated to the new ways of life, the work investigates, over the 20th century, mechanisms of architectural flexibility able to promote the adaptability, the transformation and the particularity of the residential space, precepts indispensable to the user satisfaction and to the different necessities along his family cycle. The systematization of a broad instrument of flexibility is the main product of this work, capable of leading the conception of new projects and the adaptation of pre-existing structures, in order to promote, from the modification of uses and from the programmatic redefinition, new answers for the physical and emotional well-being of the users.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-15062012-162419 |
Date | 20 April 2012 |
Creators | Jorge, Liziane de Oliveira |
Contributors | Boueri Filho, Jose Jorge |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | Tese de Doutorado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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