Esta tese enfrenta uma dificuldade tradicional da pesquisa em Educação, que é a de associar a cultura que já existe anteriormente ao sujeito e o seu direito de se apropriar dela de maneira não dogmática. Essa dificuldade tem sido acompanhada de dicotomias que nos levam ora a centralizar o currículo no sujeito - o que tende a suprimir o papel de transmissão cultural da escola -, ora no conhecimento como um fim em si mesmo, o que tende a silenciar a voz do sujeito. Ao identificar que as soluções propostas atualmente pelas filosofias liberais fazem uma falsa inclusão do sujeito, reivindicamos propostas que o incluam de fato - propostas éticas. Nossa principal hipótese é a de que este problema educacional carrega problemas filosóficos em torno do conceito de \'conhecimento\' e nos propomos a dissolvê-lo através da desnaturalização do que estamos acostumados a chamar de \'conhecimento\' e de uma posterior redefinição do papel fundamental da escola em diálogo com diferentes filosofias da educação. Para desnaturalizar o conhecimento, realizamos uma terapia wittgensteiniana da linguagem no contexto da física com o intuito de dissolver as dicotomias levantadas e de colher argumentos para o debate geral a respeito do papel da escola. A terapia é realizada através da análise pragmática da linguagem utilizada nos textos de Newton e das criações marginais feitas a partir de sua mecânica pelos físicos André Assis, Julio Garavito e Ernst Mach. Esta metodologia de trabalho reflete a própria natureza da dificuldade, que é a de associação entre \'universal\' e \'particular\'. O diálogo nos levou a redefinir o significado de \'transmissão cultural\' e de \'voz do sujeito\' de acordo com as necessidades do nosso tempo e com as limitações epistemológicas dos conteúdos que escolhemos para compor o currículo escolar, nos auxiliando a escapar a dificuldade inicial e a construir critérios éticos e epistemológicos para a redefinição do papel da escola. A partir dos novos significados, defendemos um papel fundamental da escola em nosso tempo: o de descolonizar o conhecimento. Em outras palavras, a escola, que muitas vezes é considerada como não responsável pela solução de problemas sociais, possui, sim, a grande responsabilidade na libertação das mentes colonizadas, e assim, a de auxiliar na retirada do conhecimento do controle de poucos através da desmistificação da imagem de mundo que o suporta. Essa tarefa só pode ser realizada pela escola pública, única instituição obrigatória para todos e que é consagrada por sua estreita conexão ao conhecimento. / This thesis faces a traditional difficulty of the educational research, which is that of transmitting the pre-existing culture and maintaining the subject\'s right to share it in a non-dogmatic way. This difficulty is usually accompanied of dichotomies that have led us to either centralize the curriculum on the subject - which tends to suppress the school\'s role of transmitting culture, or either on the knowledge as an end in itself, which, in its turn, tends to suppress the subject\'s voice. After identifying that the current solutions proposed by liberal philosophies make a false inclusion of the subject in the curriculum, we claim for proposals that in fact include him (ethical proposals). Our main hypothesis is that this educational problem is founded on philosophical ones, and therefore we propose to dissolve it through the denaturalization of what we are used to call \'knowledge\' followed by a redefinition of the role of school in dialogue with different philosophies of education. In order to denaturalize knowledge, we perform a Wittgensteinian therapy of language in the context of physics with the aim both of dissolving the philosophical dichotomies and of collecting arguments for the general debate about the role of school. The therapy is performed through a pragmatic analysis of the language used by Newton and marginal creations from his mechanics made by the physicists André Assis, Julio Garavito and Ernst Mach. This methodology reflects the very nature of the difficulty, which is that of connecting \'universal\' and \'particular\'. The dialogue led us to redefine the meaning of \'cultural transmission\' and \'the voice of the subject\' in accordance both to the needs of our time and to the epistemological limitations of the content we choose to compose the school curriculum - which allowed us to escape the initial difficulty and to construct ethical and epistemological criteria to redefine the role of school. Based on the new meanings, we were able to redefine the role of school in a way that fits better our current condition: the role of decolonizing knowledge. In other words, contrary to what one thinks, the school has responsibility in the solving of social problems when it is related to the freeing of colonized minds, and in this way, it is responsible for contributing to the removal of knowledge from the hands of groups in control by demystifying it through disclosing the world-picture that gives support to it. This task can only be performed by the public school, the only compulsory institution for all and known for its close connection to knowledge.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-03052019-160803 |
Date | 08 March 2019 |
Creators | Rocha, Maristela do Nascimento |
Contributors | Gurgel, Ivã |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | Tese de Doutorado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
Page generated in 0.0027 seconds