As necessidades do desenvolvimento capitalista no Brasil exigiram um contingente significativo de trabalhadores para sua expansão e reprodução. Este é um elemento vital quando se tenta compreender o aumento populacional brasileiro e, em seu seio, o rápido envelhecimento dos trabalhadores. Ao mesmo tempo, a despeito dos avanços científicos, alcançar a longevidade implica valentia de corpo e alma, para enfrentar um sistema cuja finalidade precípua é a apropriação da mais- valia. Nesse sentido, rechaça-se as ideologias que destituem de historicidade a velhice, travestindo-a em mero objeto da natureza. Recupera-se a centralidade do trabalho como elemento fundante e humanizador do indivíduo social. Por conseguinte, a noção de classe social, segundo a compreensão de Marx, é por deveras pertinente. É compreendendo o velho não como segmento, mas como membro da classe trabalhadora é que se alça vôos a respeito da importância de trazer à tona o fio que o une aos demais companheiros de classe. Portanto, não é a idade e nem a retirada do mercado de trabalho (da atividade para a inatividade) que subtrai o indivíduo social de sua origem de classe. Na verdade, enquanto destituído dos meios de produção, sua vida está determinada pelo trabalho. Entretanto, a ideologia burguesa imprime ao conjunto dos trabalhadores seu fracionamento, a fim de obnubilar sua unidade enquanto classe social. Este engenho visa à manutenção do status quo, ao enfraquecimento das lutas por ampliação da cidadania, na contramão de sua emancipação humana. Ainda assim, o envelhecimento da classe trabalhadora brasileira requisita a concretização dos direitos sociais, pelos quais o conjunto dos trabalhadores vêm lutando, desde o século anterior. Duas entrevistas com dirigentes de entidades representantivas de velhos trabalhadores aposentados e pensionistas aliaram-se à pesquisa bibliográfica sobre a temática e revelaram que as reivindicações da velhice têm por substrato a marca das profundas desigualdades sociais engendradas pela produção capitalista. As conquistas sofrem os revéses não só da exploração intrínseca ao capitalismo. Elas representam uma árdua e contínua luta também contra o autoritarismo e conservadorismo típicos da burguesia e do Estado no Brasil. Assinala-se a memória sóciopolítica dos velhos trabalhadores como ingrediente ativo no processo de construção da hegemonia de sua classe social. Atualmente, na batalha contra o neoliberalismo e sua investida em direção à contra-reforma da seguridade social, nascem oportunidades históricas de apreender- se a memória das lutas dos velhos trabalhadores como chama potencialmente iluminadora da unidade da classe. / The necessities of the capitalist development in Brazil demanded a significative contingent of workers for its expansion and reproduction. This is a vital element when one tries to understand the growth of the Brazilian population and, in its core, the rapid aging of workers. At the same time, despite the scientific progress, reaching longevity implies bravery of mind and soul, to face a system whose main finality is the appropriation of the surplus value. In this sense, the ideologies that destitute old age of historicity, turning it into a mere object of nature, are rejected. The centrality of work as the founding and humanizing element of the social individual is recovered. Consequently, the notion of social class, according to Marxs understanding, is indeed quite pertinent. It is by comprehending the aged not as a segment, but as members of the working class that one may lift oneself to the heights of the importance of bringing to the surface the thread that unites them to the other colleagues of their class. Therefore, it is neither age nor the withdrawal from the job market (from activity to inactivity) which subtracts the social individual from his origin of class. In fact, while deprived of the means of production, their lives are determined by work. However, the bourgeois ideology inflicts to workers as a whole their fragmentation, in order to obscure their unity as a social class. This ingenuity aims at maintaining the status quo; at the enfeeblement of struggles for the amplification of citizenship, in the countermarch of human emancipation. Even so, the aging of the Brazilian working class demands the concretization of social rights, for which workers as a whole have been struggling, since the previous century. Two interviews with directors of representative entities of old retired and pensioner workers allied to the bibliographical research on the subject matter have revealed that the claims of the elderly have as substratum the mark of the profound social inequalities engendered by capitalist production. The achievements suffer the upsets not only of the exploitation intrinsic to capitalism. They represent an arduous and continuous struggle also against authoritarianism and conservatism typical of the bourgeoisie and of the State in Brazil. The political memory of aged workers is pointed out as an active ingredient in the process of construction of the hegemony of their social class. Nowadays, in the battle against neoliberalism and its charge for the counterreformation of social security, historical opportunities are born to apprehend the memory of the struggles of old workers as a flame potentially enlightening of the unity of the working class.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/urn:repox.ist.utl.pt:BDTD_UERJ:oai:www.bdtd.uerj.br:470 |
Date | 29 September 2008 |
Creators | Hebréia Maria Ramos Barbosa da Costa |
Contributors | Marilda Villela Iamamoto, Serafim Fortes Paz, Maria Ines Souza Bravo |
Publisher | Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Programa de Pós-Graduação em Serviço Social, UERJ, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Format | application/pdf |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UERJ, instname:Universidade do Estado do Rio de Janeiro, instacron:UERJ |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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