Há uma vasta discussão nos estudos que consideram a manifestação e origem da gagueira. Frequentemente, os estudos tratam a gagueira como uma manifestação que se
dá no plano do corpo: respiração, fator genético, hereditário, neurológico. Hoje, as propostas terapêuticas mais conhecidas seguem os princípios da Psicologia Experimental, Social, ou da Psicanálise, da Filosofia fenomenológica e, especialmente,
da Biologia (neurologia e genética). Os estudiosos preocupam-se em apontar um local específico no corpo daquele que gagueja ou no levantamento dos sintomas. Nesta
pesquisa, utilizaremos como aporte teórico a Análise do Discurso de linha francesa, tal como delineada por Pêcheux. A Análise do Discurso (AD) toma por base o discurso
como estrutura e acontecimento, enquanto ―efeito de sentido entre locutores‖ e propõe a noção de funcionamento. Ao analisar a gagueira a partir desse aspecto, propomos dar
ênfase à produção discursiva do sujeito que gagueja. Ao afirmarmos assim, acreditamos que a gagueira é vista como acontecimento linguístico discursivo, diretamente
relacionado às condições de produção de quem fala. Os objetivos principais desta pesquisa serão analisar as características linguístico-discursivas da gagueira em sujeitos
que gaguejam, participantes de terapia fonoaudiológica em grupo, e identificar formações imaginárias e discursivas no discurso de sujeitos com gagueira. Para a análise do discurso dos sujeitos que gaguejam serão utilizados recortes discursivos
retirados de transcrições das gravações das sessões terapêuticas em grupo do Grupo de Estudo e Atendimento à Gagueira (GEAG) da UNICAP. O grupo é constituído por
sujeitos adultos que apresentam queixa de gagueira na fala, que, após uma triagem fonoaudiológica, são encaminhados para o grupo terapêutico e, semanalmente, reúnemse
com as terapeutas. As sessões foram gravadas em áudio, posteriormente transcritas e analisadas à luz da Análise do Discurso. As análises se dão a partir de sequências
discursivas, e, após as análises, nelas desvelam-se as formações imaginárias que o sujeito tem de si (como sujeito que gagueja) e de seus interlocutores. São conceitos
como de antecipação, silenciamento, discurso de impossibilidade que se apresentam nos discurso desses sujeitos. Na proposta terapêutica do grupo, os sujeitos são levados a questionar e o terapeuta interpreta e põe em questão o que foi dito pelo sujeito, levandoo a fazer reflexões sobre o próprio discurso. Conclui-se a dissertação, determinando o espaço discursivo como o lugar da gagueira, diretamente relacionado às condições de produção do sujeito. Nesse processo, vê-se a necessidade da ressignificação da
concepção de fluência e disfluência. Através das análises, reconhecemos as situações discursivas de silenciamento, estratégias de fluência que reafirmam o sujeito como sujeito-gago.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:unicap.br:628 |
Date | 30 August 2013 |
Creators | Larissa Petrusk Santos Silva |
Contributors | Nadia Pereira da Silva Gonçalves de Azevedo, Maria de Fátima Vilar de Melo, Silmara Cristina Dela da Silva, Renata Fonseca Lima da Fonte |
Publisher | Universidade Católica de Pernambuco, Mestrado em Ciências da Linguagem, UNICAP, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Format | application/pdf |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNICAP, instname:Universidade Católica de Pernambuco, instacron:UNICAP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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