Este trabalho se baseia em dados obtidos a partir do registro das interações comunicativas entre monitor e alunos de sexta série do ensino fundamental envolvidos em atividades conjuntas realizadas em de três viagens de estudo de ecossistemas litorâneos realizadas no Parque Estadual da Ilha do Cardoso (SP). Dentre as várias atividades de campo que se realizam nas viagens de estudo, investigamos o que chamamos, neste trabalho, de aula de campo: momentos em que os monitores protagonizam uma interação em que se fornece, de forma dialogada e com participação variável dos alunos, explicações relativas ao ambiente que se visita. Nosso objetivo foi investigar as interações comunicativas entre monitores e alunos durante as aulas de campo, procurando revelar quais modos semióticos são utilizados nas explicações, bem como investigar as funções que esses modos desempenham em tais atividades. Procuramos ainda explorar algumas especificidades no uso dos modos semióticos nas aulas de campo, em comparação ao seu uso em sala de aula descrito na literatura. Nosso referencial teórico é construído a partir de duas linhas principais: uma delas traz aportes das abordagens sócio-culturais aos processos educacionais e a outra vem de trabalhos que procuram investigar tais processos do ponto de vista da multimodalidade da comunicação. Nas comparações que tecemos com o ensino em sala de aula, dialogamos especialmente com o trabalho de C. Márquez (2002), que investiga aspectos do ensino de ciências na sala de aula por meio de uma abordagem multimodal. Nossos dados são de natureza discursiva, embora estejam incluídas aqui formas verbais e não verbais de discurso: foram registrados a fala e os gestos produzidos nas aulas de campo. A análise se dá em vários níveis, partindo da produção de enunciados pelos participantes e chegando na estrutura da atividade como um todo. Monitores e alunos utilizaram apenas duas modalidades semióticas: a fala e os gestos. É o monitor que conduz a aula de campo: ele é quem produz a maior parte das mensagens durante as sessões de trabalho. A fala dos monitores é predominantemente temática e tem uma função secundária de gerir e controlar a construção da narrativa científica. A fala e os gestos da aula de campo têm muitas funções em comum com as desempenhadas por esses modos na sala de aula. No entanto, existem algumas diferenças: no campo, por falta de suporte material para imagens e textos escritos, fala e gestos têm que cumprir funções que em sala são realizadas por esses modos. A principal diferença está na participação do mundo empírico na aula de campo, na forma de base referencial para a construção conjunta de uma representação, dentro do que denominamos marco referencial empírico. Esta construção se dá por meio do uso dos modos da fala e do gestual, que regulam as ações de observação feitas pelos alunos e a negociação dos significados. / This research work is based on data collected from the observation of communicative interaction between field teacher and 6th grade students participating in joint activities during three field trips studying coastal environments at Cardoso Island State Park (SP). Amongst several field activities that take place in field trips, we investigated what we call here field classes: the moments when the field teacher provides, in a dialogic manner, and with variable participation of the pupils, explanations regarding to the ecosystems they are visiting. Our aim was to investigate the communicative interactions during the field classes trying to reveal which semiotic modes are used in the explanation, as well as to find out which roles this modes play in such activities. We also tried to study some possible specific features of the use of semiotic modes in field classes compared to their use in the classroom described in the literature. Our theoretical background has two main sources: the sociocultural approaches to the educational processes, and the research that investigates such processes from a multimodal communication point of view. In our comparisson with classroom teaching, we were based on C. Márquez (2002) who researched science teaching in classroom from a multimodal perspective. Our data are of discoursive nature, including verbal and non verbal means of discourse: we recorded speech and gestures produced in the field classes. We made a multilevel analysis, from the utterance production by the participants, to the level of activity structure as a whole. Field teachers and pupils used only two semiotic modes: speech and gestures. It is the field teacher that conducts the field class, being responsible for the production of most of the messages during the sessions. Field teacher\'s speech in mostly thematic, and has a secondary function of organizing and controlling the construction of the scientific narrative. In the field classes, speech and gestures have many functions in commom with the ones they have in classroom teaching. However, there are some differences: in the field classes, due to the lack of material support for the use of images and written text, speech and gestures have to play the roles that those modes play in classrom. The main difference seems to be the part that the empirical world takes in a field class, as referencial aids to the construction of a representation, within what we called empirical referencial frame. The construction of this representation takes place with the use of the semiotic modes of speech and gestures, which regulates the student\'s action of observation and the negociated meaning making.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-14062007-165841 |
Date | 25 April 2007 |
Creators | Fernandes, José Artur Barroso |
Contributors | Trivelato, Silvia Luzia Frateschi |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | Tese de Doutorado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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