Profundas transformações na política energética brasileira têm motivado a revitalização da indústria naval no Brasil. Novos estaleiros estão surgindo em diferentes regiões do país e todos, sem exceção, terão o desafio de aprender com a experiência e, paulatinamente, formar sua força de trabalho. Neste início, que além de árduo é decisivo para o futuro dos estaleiros, é fundamental que se comece a partir das diretrizes corretas, respeitando as mesmas regras básicas que selecionaram os estaleiros que hoje se encontram em posição de destaque no mundo. Os estaleiros japoneses, por exemplo, ergueram as suas bases em um ambiente econômico pós-guerra extremamente restritivo e cheio de dificuldades, mas que os obrigou a desenvolverem um novo paradigma industrial que eliminou desperdícios e possibilitou um salto no desenvolvimento tecnológico e na produtividade na construção naval. Desde então, especialmente após as duas crises do petróleo, a busca pela produtividade em um estaleiro, não é apenas uma questão de competitividade e diferenciação perante os concorrentes, mas um fator de sobrevivência, uma vez que a indústria de construção naval é global e extremamente competitiva em preço, prazo, qualidade, tecnologia e produtividade. Normalmente a produtividade na construção naval é expressa na forma inversa da produtividade parcial da mão de obra (HH/CGT), não por acaso, pois, além da influência de melhores práticas produtivas, sabe-se que o desempenho da força de trabalho representa importante parcela na produtividade de um estaleiro. Neste sentido, esta pesquisa propõe-se a desenvolver um modelo simplificado através da Dinâmica de Sistemas que possibilite simular o comportamento dinâmico da produção, da força de trabalho e da produtividade em um estaleiro para avaliar, através da experiência de modelagem e dos resultados das simulações, cenários que permitam mostrar direções que favoreçam seu aprendizado em produtividade e garantam sua sustentabilidade em função de seu desempenho no longo prazo. A razão desta proposta é explorar algumas das causas que determinam o comportamento dinâmico das curvas de aprendizado dos estaleiros, para então traçar algumas diretrizes que indiquem o caminho para o aprendizado sistêmico. A partir de uma seleção das alavancas para a aprendizagem em produtividade, foram selecionadas cinco diretrizes para estaleiros que tenham o objetivo da aprendizagem, todas relacionadas de alguma maneira com algum aspecto da força de trabalho que são: respeitar os limites do crescimento da força de trabalho, reter experiência e aumentar o seu aproveitamento, criar condições para alavancar o aprendizado da força de trabalho, facilitar a transferência do aprendizado da força de trabalho para o aprendizado da produção e que o aprendizado através de rotinas e processos de produção seja realizado em conjunto com o aprendizado das pessoas. A principal contribuição deste trabalho é a demonstração, através do processo de modelagem e dos resultados da simulação, de um conceito amplamente divulgado pelas teorias de aprendizagem organizacional, de que a origem do aprendizado está nas pessoas e, portanto, são estas os elementos mais importantes do estaleiro. O modelo também ajuda a replicar o paradoxo de que o estaleiro não depende de uma pessoa em específico, mas depende completamente do conjunto formado por todas as pessoas que lá trabalham. Portanto, conforme o pensamento sistêmico define as organizações de aprendizagem, o estaleiro deve ser pensado como um sistema de aprendizagem, em que o desenvolvimento das pessoas é realizado em todos os níveis e o aprendizado ocorre junto com o processo produtivo. / Profound changes in Brazil\'s energy policy have motivated the revitalization of the shipbuilding industry in Brazil. New shipyards are springing up in different regions of the country and all, without exception, have the challenge of learning from experience and gradually train their workforce. At this moment, that is decisive for the shipyards future, it is essential to start from the correct guidelines, respecting the same basic rules that selected established yards which are now in a prominent position in the world shipbuilding market. The Japanese shipyards, for instance, raised its bases in a post-war economic environment extremely restrictive and full of difficulties, but they were compelled to develop a new industrial paradigm that eliminated waste and enabled a leap in technological development and productivity in the shipbuilding process. Since then, especially after the two oil crises, the race for productivity in world yards, is not just a matter of competitiveness and differentiation against competitors, but a survival factor in the shipbuilding industry, now a global industry and extremely competitive in price, time, quality, technology and performance. In the shipbuilding industry, productivity is usually expressed as the inverse ratio of partial labor productivity (or MH/CGT), not only by the influence of best production practices, but also by workforce performance that plays an important share in a shipyard productivity indexes. Therefore, this research proposes to develop a simplified model using System Dynamics practices that allows to simulate the dynamic behavior of production, labor and productivity in a shipyard to assess, through the experience of modeling and simulating, a set of scenarios and show directions to promote learning in productivity and ensure shipyard sustainability in terms of its performance in the long run. The reason for this proposal is to explore some of the causes that determine the dynamic behavior shipyard learning curves, and then draw some guidelines that indicate the path to the systemic learning. From a selection of leverage points for learning productivity, we selected five guidelines for shipyards that have the learning goal, all related in some way with some aspect of the workforce which are: respect the limits of growth of the labor force, retain and increase workforce experience used by learning process, create conditions to empower the learning of the workforce, facilitate the transfer of learning from the workforce to the production learning through frameworks, routines and ensure that production learning is conducted in the same time of individuals learning once they have make concepts and implement new production process. The main contribution of this study is to demonstrate, through the process of modeling and simulation results, a concept widely publicized by the theories of learning organizations, that the source of learning is in people and, therefore, they are the most important elements in the shipyard. The model also helps to replicate the paradox that the shipyard does not depend on any specific person, but depends completely on all shipyard people. Therefore, as defined by systems thinking theories about learning organizations, the shipyard should be thought of as a learning system, where people at all levels are developed and learning occurs in the same time as the production process.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-21062013-121726 |
Date | 28 May 2012 |
Creators | Baitello, André |
Contributors | Martins, Marcelo Ramos |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | Dissertação de Mestrado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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