Acumulações de restos de moluscos são muito comuns tanto em ambientes marinhos plataformais quanto em depósitos lagunares e estuarinos da América do Sul, principalmente entre o Brasil e a Argentina. A formação destas concentrações conchíferas pode prover grande oportunidade para estudos tafonômicos, os quais ainda são raros nesta região. Existem ainda questões a serem respondidas, por exemplo, quanta informação biológica está preservada nestas concentrações? Ou, qual é a probabilidade de uma associação viva deixar um registro fóssil análogo? Os principais objetivos deste estudo foram: (i) investigar a influência dos processos ambientais na destruição de remanescentes biológicos, através da descrição das assinaturas tafonômicas presentes em conchas de moluscos de dois afloramentos da Laguna Tramandaí, nordeste do Rio Grande do Sul; e (ii) testar o potencial de preservação de associações de moluscos vivos, mortos e fósseis de lagunas e estuários da Planície Costeira do Rio Grande do Sul, com o intuito de compreender a qualidade da informação biológica preservada nestas associações fósseis de fácies lagunares holocênicas. O principal processo tafonômico é a dissolução. As conchas estão inseridas na zona tafonomicamente ativa e experimentam intensa dissolução, o que reduz a probabilidade de deixarem um registro fóssil. Todavia, a preservação de espécies da associação viva nos depósitos fósseis foi de 100% em nível regional, e as espécies presentes na associação morta não apresentaram boa preservação no registro fóssil recente (Holoceno), ao contrário do que é usualmente predito na bibliografia. Isso indica que a associação morta é enriquecida por espécies não indígenas, e parte deste aumento relativo da riqueza é transferida para a associação fóssil. O padrão observado na fidelidade de moluscos estuarinos é ocasionado pela (i) alta variabilidade temporal e espacial nas associações vivas, (ii) mistura espacial nas associação mortas e (iii) preservação diferencial, devido à destruição durante uma longa permanência na zona tafonomicamente ativa. Portanto, a dissolução é o principal processo tafonômico que altera a informação biológica em ambientes transicionais, embora a preservação seletiva possa introduzir vieses das associações vivas às fósseis. / Molluscan shell accumulations (shell beds) are very common in shallow marine and estuarine environments in South America and also on the continental shelf from Southern Brazil through Argentina. The development of these shell beds can provide a great opportunity to taphonomic studies, which are uncommon in this geographic location. For example, how much biological information is preserved within these shell beds? Or, what is the actual probability a local living community has to leave a fossil record corresponding to these shell deposits? The aims of this study are (i) to investigate the influence of environmental processes on the destruction of biological remains in a subtropical lagoonal setting by describing the taphonomic signatures occurring in the mollusk shells from the Tramandaí Lagoon, northeastern Rio Grande do Sul State; and (ii) to compare living assemblages (LAs), death assemblages (DAs) and fossil assemblages (FAs) from estuaries and lagoons in the Rio Grande do Sul Coastal Plain to understand the nature and quality of biological information preserved in fossil associations in Holocene lagoon facies. Dissolution appears to be a leading taphonomic agent in lagoonal environments according to the study. The shells are within the taphonomically active zone and, due to intense dissolution, they will most likely leave no geological record. Nonetheless, the preservation of living species in FA was 100% and species present in DA are not as good preserved in recent (Holocene) fossil record as originally thought from the literature. The present results indicate that both DAs and FAs from estuarine-lagoons environments are composed basically by nonindigenous species, with live-dead mismatch than for continental shelves. The fidelity pattern here observed for estuarine mollusks have been driven by (i) high temporal and spatial variability in the LAs, (ii) spatial mixing in the DAs and (iii) differential preservation of shells, due to long residence times in the taphonomically active zone. Dissolution is the main taphonomic process altering biological information in those environments, but differential preservation may be, perhaps, the responsible for introducing bias from living to fossil assemblages.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:lume.ufrgs.br:10183/94687 |
Date | January 2013 |
Creators | Ritter, Matias do Nascimento |
Contributors | Coimbra, João Carlos |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Format | application/pdf |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
Page generated in 0.0016 seconds