Desde o século XIX a diversidade taxonômica e os hábitos dos representantes do gênero Toxodon sempre geraram muitas discordâncias. Cerca de 30 espécies nominais foram atribuídas ao gênero, muitas delas com base apenas em fragmentos isolados. Os toxodontes sempre foram considerados animais de hábitos semiaquáticos semelhantes aos atuais hipopótamos. Considerando sua rica megafauna, a América do Sul pleistocênica deveria ser muito semelhante ao atual continente africano. Assim, com o objetivo de contribuir com uma nova visão para a diversidade e hábitos dos toxodontes, foi realizado um extenso estudo de anatomia comparada dos toxodontes com os mamíferos de grande porte daquele continente. Diferentes elementos ósseos foram utilizados, tais como crânio, mandíbula, vértebras, úmero, rádio, ulna, fêmur, tíbia, fíbula, astrágalo e calcâneo. Observa-se pela morfologia do crânio, das vértebras e dos membros anteriores que os toxodontes deveriam ter hábitos muito mais semelhantes aos rinocerontes do que aos hipopótamos modernos. Esta hipótese permite uma nova visão sobre a diversidade dos toxodontes, com base no estudo das variações morfológicas que podem ocorrer em animais simpátricos e sintópicos, tais como os rinocerontes africanos (Ceratotherium simum e Diceros bicornis). A variabilidade osteológica intraespecífica observada nestes animais alerta para a determinação equivocada de um grande número de espécies fósseis alocadas em um único gênero. O longo período de ocorrência do gênero Toxodon nos estratos favorece a consideração de espécies cronológicas como Toxodon chapalmalensis (Plioceno) e Toxodon ensenadensis (Pleistoceno Inferior). No Pleistoceno Superior afere-se a presença de Toxodon platensis e Toxodon gracilis. A espécie Toxodon burmeisteri representa uma variação morfológica de Toxodon platensis. Outras duas espécies de toxodontes, Trigodonops lopesi e Mixotoxodon larensis, tiveram distribuição mais setentrional que as demais e teriam hábitos alimentares distintos daqueles de Toxodon platensis devido à morfologia craniana. / Since the 19th Century the taxonomic diversity and habit of the representatives of the genus Toxodon have been a source of controversy. Around 30 named species have been attributed to the genus, many based solely on isolated fragments. The toxodonts have always been considered as animals with a semi-aquatic habit rather like the modern hippopotamus. Considering its rich megafauna, South America in the Pleistocene was probably very similar to the present-day African continent. Thus, with the aim of providing new insights into the diversity and habit of the toxodonts, a comparative anatomical study was made of this group vis-a-vis the large-sized mammals of Africa. Different bone elements were used, such as the cranium, mandible, vertebrae, humerus, radius, ulna, femur, tibia, fibula, astragalus and calcaneus. It was concluded from the cranial, vertebral and fore-limb morphology that toxodonts must have had a habit more similar to that of the rhinoceroses than to the hippopotamuses. This hypothesis permits a new viewpoint for the diversity of the toxodonts, based on a study of the morphological variations that may occur in sympatric and syntopic animals, such as the African rhinoceroses (Ceratotherium simum and Diceros bicornis). The intra-specific variation in bone form found in these animals suggests the likely mistaken attribution of a large number of fossil species that have been allocated to a single genus. The long persistence in the fossil strata of the genus Toxodon allows us to consider chronological species such as Toxodon chapalmalensis (Pliocene) and Toxodon ensenadensis (Lower Pleistocene). In the Upper Pleistocene occur Toxodon platensis and Toxodon gracilis. The species Toxodon burmeisteri represents a morphological variant of Toxodon platensis. Two other toxodont species, Trigodonops lopesi and Mixotoxodon larensis, had a more northerly distribution than the others, and they also had different diets from that of Toxodon platensis according to their cranial morphology.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-24102012-081820 |
Date | 31 July 2012 |
Creators | Ricardo Mendonça Neves dos Santos |
Contributors | Elizabeth Hofling, Herculano Marcos Ferraz de Alvarenga, Sergio Alex Kugland de Azevedo, Deise Dias Rego Henriques, Walter Alves Neves, Peter Mann de Toledo |
Publisher | Universidade de São Paulo, Ciências Biológicas (Zoologia), USP, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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