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O paradoxo da cidade monitorada : vigilância limitada e espaços públicos fragilizados a partir do estudo do sistema das câmeras do município de Vila Velha - ES

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Previous issue date: 2015 / A dissertação aborda a fragilização dos espaços públicos num contexto de utilização de câmeras de vigilância, temática que será problematizada a partir da vigilância exercida pelas câmeras do município de Vila Velha – ES. Partimos da hipótese de que vivemos cercados por objetos técnicos que continuamente produzem informações sobre os sujeitos sociais e os seus espaços como forma de controle. As câmeras representam o exemplo mais conhecido desses objetos, embora sejam apresentadas pelos discursos das administrações públicas como ferramentas de auxílio à segurança. Utilizando como metodologia a observação participante para acompanhamento do trabalho realizado “por trás” das câmeras, concluímos que uma série de fatores desmistificam esses discursos: as câmeras que não são monitoradas, a ausência de manutenção dos equipamentos do sistema, os baixos salários e as condições trabalhistas daqueles que operam as câmeras, a ausência de articulação com os demais setores da prefeitura, a falta de credibilidade das câmeras com a polícia, etc. Por outro lado, ao fazermos um trabalho “na frente” das câmeras, observando o cotidiano de três áreas vigiadas nos bairros Praia da Costa, Glória e Riviera da Barra, bem como entrevistando transeuntes, moradores e comerciantes, concluímos que a maneira surpreendentemente indiferente com que as pessoas lidam com a vigilância é alimentada quando descobrimos que elas não oferecem a segurança pretendida. Se as câmeras não auxiliam a segurança pública, a sua utilização tem um efeito perverso na fragilização dos espaços públicos de Vila Velha, considerando que a vigilância representa ameaças potenciais e reais às condições que o pressupõem: a pluralidade e a liberdade, pois as câmeras atualizam um estado de vigilância permanente alimentando o estigma sobre determinados grupos sociais, que, por sua vez, são os alvos favoritos da vigilância, o que permite às câmeras, ainda, a potencial função de controle socioespacial direto (função admitida inclusive pelos cidadãos entrevistados) sobre os espaços vigiados; e a individualidade dos cidadãos, que é acintosamente violada. As câmeras, portanto, ao pretenderem garantir qualidade de vida à população (oferecendo segurança), produzem o efeito exatamente inverso / This dissertation approaches the weakening of public spaces in the context of surveillance camera use. This issue will be discussed based on surveillance performed through cameras in the municipality of Vila Velha, ES, Brazil. We start from the premise that we live surrounded by technological devices that constantly produce data on social subjects and their spaces, as a form of control. The cameras are the best known examples of these devices, even though they are presented in the public administration’s discourse as tools to help ensure safety. The methodology employed was participant observation so as to follow the work performed “behind” the cameras. We concluded that various factors demystify this discourse: cameras that are not monitored; poor equipment maintenance; low salaries and poor labor conditions of operators; little or no interaction to other city government sectors; low credibility of this surveillance system within the police; etc. On the other hand, we carried out our study "in front of the cameras", observing the routine of three areas under camera surveillance in the neighborhoods of Praia da Costa, Glória e Riviera da Barra, and interviewing passersby, residents and business owners. Then we concluded that the surprising indifference in the way people deal with surveillance cameras is fed by the fact that the latter do not provide the safety intended. If the cameras do not assist in public safety, their use has the evil effect of weakening public spaces in Vila Velha since it poses potential and real threats to the underlying conditions in these spaces: plurality, liberty and individuality. Plurality and liberty, because surveillance cameras update a state of permanent monitoring. They feed the stigma about particular social groups, which are in turn targeted by surveillance, assigning the cameras the task of direct socio-spatial control about the spaces they monitor (a task that is recognized even by the citizens interviewed). And individuality, because that of citizens' is intentionally violated. Therefore, when surveillance cameras are intended to ensure quality of life to the population (providing safety), they have exactly the opposite effect.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:dspace2.ufes.br:10/1512
Date14 August 2015
CreatorsBricalli, Iafet Leonardi
ContributorsMendonça, Eneida Maria Souza, Soares, Luís Eustáquio, Spósito, Maria Encarnação Beltrão, Zanotelli, Cláudio Luiz
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Formattext
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFES, instname:Universidade Federal do Espírito Santo, instacron:UFES
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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