[pt] Esta dissertação de mestrado analisa a obra Todas as famílias felizes (2009),
do escritor mexicano Carlos Fuentes (1928-2012), dentro da perspectiva
micropolítica dos afetos circulantes. O livro é composto por dezesseis histórias,
que narram acontecimentos em diferentes famílias, intercaladas por igual número
de coros, todos independentes entre si. Não encontramos personagens repetidos,
nem um desfecho onde finalmente tudo se articule e ganhe uma conclusão.
Também não existem capítulos, nem partes. As histórias familiares são narradas
de forma tradicional - com início, meio e fim - enquanto os coros são textos mais
curtos e narrados livremente. O maior deles toma seis páginas e o mais curto,
apenas uma linha. A partir de um ponto de vista literário, esta dissertação buscará
refletir sobre as relações em jogo no ambiente íntimo e familiar como também no
espaço comunitário dos coros. A gramática dos afetos, bem como sua
materialização na distribuição dos corpos no espaço social, se tornou oportuna para
a reflexão sobre as zonas de contato entre os diferentes corpos: individuais e
coletivos. Em particular, aponto a relevância da violência, do medo e do rancor nos
processos afetivos presentes na obra, assim como proponho a leitura dos coros
como elemento trágico e, ao mesmo tempo, estranho e distante. Sendo Fuentes um
escritor marcado pelo boom literário das décadas de 1960 e 1970, reviso as
principais características e argumentações críticas acerca do período. Por se tratar
de uma obra da fase final e menos prestigiada, observo como a aposta dos autores
do boom na recriação de uma comunidade parece não mais possível para Carlos
Fuentes. / [en] This research analyzes Happy Families (2009) by the Mexican writer Carlos
Fuentes (1928-2012), prioritizing the micropolitical perspective of circulating
affections. The book consists of sixteen stories, which narrate events in different
families, interspersed with an equal number of choirs, all independent of each other.
We find no repeating characters, nor an outcome where everything finally
articulates and gains a conclusion. There are no chapters or parts either. Family
stories are narrated in a traditional way - beginning, middle and end - while choirs
are shorter texts and narrated freely. The largest of them takes six pages and the
shortest, just one line. From a literary point of view, this dissertation will seek to
reflect on the relationships at stake in the intimate and family environment as well
as in the community space of choirs, prioritizing the micropolitical perspective of
circulating affections. The grammar of affections, as well as their materialization
in the distribution of bodies in the social space, became opportune for reflection on
the zones of contact among different bodies: individual and collective.
Furthermore, it examines the relevance of violence, fear and resentment in the
affective processes found in the book, as well as the role of the choirs as a tragic
and, at the same time, as a strange and distant element. Knowing that Fuentes is a
writer marked by the literary boom of the 1960s and 1970s, it reviews the main
characteristics and critical arguments about the period. Because it is a work of his
final and less prestigious phase, I observe how the bet of the authors of the boom in
the recreation of a community seems no longer possible for Carlos Fuentes.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:58776 |
Date | 02 May 2022 |
Creators | ANA CRISTINA TOLEDO SOARES |
Contributors | ANA PAULA VEIGA KIFFER |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | TEXTO |
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