Machado de Assis, homem do século 19, ainda se faz presente de modo praticamente consensual como o grande escritor nacional. Mesmo levando em conta a real qualidade literária do escritor, sua alçada ao cânone não é, contudo, natural. Pelo contrário, é resultado de construção social, histórica, cultural e política. O presente estudo localiza o processo de consagração de Machado de Assis em dois momentos decisivos da formação sócio-histórica brasileira: os regimes autoritários praticados durante o Estado Novo (1937-1945) e a ditadura civil-militar (1964-1985). A pesquisa indica não ser casual que, justamente durante regimes autoritários, a vida, a obra e a crítica do escritor tenham sido fortemente mobilizadas para construir a imagem de Machado de Assis, cristalizada e reproduzida, enfrentada e desconstruída. Além disso, e ao mesmo tempo, houve, nesses períodos, por parte da crítica literária, o desenvolvimento de importantes interpretações do realismo na obra de Machado de Assis que, embora diversas e algumas vezes divergentes, centraram-se na apreensão dos vínculos do escritor e sua obra com a realidade social. Por isso, este estudo tem como objetivo investigar as interpretações do realismo na obra machadiana construídas por críticos literários dos anos 1930 (Augusto Meyer, Astrojildo Pereira, Eugênio Gomes e Lúcia Miguel Pereira) e dos anos 1970 (Alfredo Bosi, Carlos Nelson Coutinho, Jean Michel-Massa, Luiz Costa Lima, Raymundo Faoro e Roberto Schwarz), articulando-as às mobilizações emanadas do Estado para consagração de Machado de Assis e à realidade política dos regimes autoritários brasileiros. / Machado de Assis, a 19th century man, still echoes almost unanimously as the greatest national writer. Even taking into account the authors real literary quality, his rise to the canon, however, is not natural. On the contrary, it is the result of a social, historical, cultural and politic construct. This study pinpoints the process of Machado de Assiss consecration in two decisive moments of the Brazilian socio-historical constitution: the authoritarian regimes carried out during the Estado Novo (1937-1945) and the military dictatorship (1964-1985). The research indicates it is not casual that, precisely during authoritarian regimes, the writers life, work and critique have been heavily called up to construct the image of Machado de Assis, crystallized and reproduced, confronted and deconstructed. Besides that, and at the same time, during these periods there was, on the part of the literary critique, the development of significant readings of the machadian realism which, although various and sometimes differing, focused on the apprehension of the connections of Machado de Assis and his work with the social reality. Therefore, this study has as its central objective to investigate the readings of machadian realism constructed by literary critics of the 1930s (Augusto Meyer, Astrojildo Pereira, Eugênio Gomes and Lúcia Miguel Pereira) and of the 1970s (Alfredo Bosi, Carlos Nelson Coutinho, Jean Michel-Massa, Luiz Costa Lima, Raymundo Faoro and Roberto Schwarz) combining it to the States mobilizations towards Machado de Assiss consecration and to the context of the authoritarian regimes.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-02082017-110121 |
Date | 09 March 2017 |
Creators | Ferreira, Gabriela Manduca |
Contributors | Guimarães, Hélio de Seixas |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | Tese de Doutorado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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