Aquilo que herdaste de teus pais, conquista-o para fazê-lo teu (FREUD, 1913, 1969, p. 188). Essa espécie de antropofagia simbólica não poupa a pesquisa acadêmica. Todo pesquisador apropria-se de partes do patrimônio cultural criado pelos que o antecederam e fazem sentido nas profundezas do seu Eu para criar, a partir delas, sua própria pesquisa. De modo que acabamos todos por nos repetir um pouco aqui e ali em torno das mesmas duas ou três questões essenciais: criação e repetição, vida e morte, quer procedamos da sociologia, da psicologia ou da psicanálise. A presente pesquisa situa-se a meio caminho entre essas disciplinas, dialogando com elas a partir do conceito de relação com o saber com a qual Bernard Charlot e outros pesquisadores, franceses, sobretudo, ousaram afrontar a rigidez acadêmica, e descendo às salas de aula das escolas populares de periferia, enfrentaram mais uma vez a questão do fracasso escolar. Aqui o conceito é deslocado no tempo e no espaço para abordar uma questão similar: a da relação predominantemente instrumental que adolescentes brasileiros de classe média e alta estabelecem com a escola e com o saber escolar; e com a mesma liberdade interpretativa busca dar continuidade ao diálogo; para concluir pela importância da posição subjetiva assumida por professores e alunos em relação ao seu próprio desejo (de saber), particularmente neste momento em que instituições como a família, a escola e a autoridade da tradição que elas representam se mostram particularmente esgarçadas. / That which you inherited from your parents, seize it to make it yours (FREUD, 1913). The symbolic anthropophagy suggested by Freud does not save us from academic research. Every researcher makes use of parts of the cultural patrimony created by those who came before him which make sense for his deeper self to create his own research. We all end up gravitating around two or three essential questions: creation and repetition, and life and death, regardless of our origin in the disciplines of Sociology, Psychology or Psychoanalysis. This research is at the crossroads of these disciplines, and created with them a dialogue based on the concept of relation to knowledge, with which Bernard Charlot and other French scholars questioned academic stiffness and went down to working-class schools to face once more the issue of academic failure. Here we bring this notion to another time and space to deal with the following issue: the predominantly instrumental relation that Brazilian teenagers belonging to the elites establish with the school and with academic knowledge. Through an interpretative exercise we find that the subjective attitude taken by teachers and students in relation to their own desire to know is crucial in a moment in which institutions such as the family, the school, and the traditions they represent are weakened.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-09122014-110558 |
Date | 16 September 2013 |
Creators | Silvia Szterling |
Contributors | Monica Guimaraes Teixeira do Amaral, Sandra Francesca Conte de Almeida, Ana Merces Bahia Bock, Veleida Anahi da Silva Charlot, Leny Magalhaes Mrech |
Publisher | Universidade de São Paulo, Educação, USP, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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