Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde. Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública / Made available in DSpace on 2012-10-20T11:14:05Z (GMT). No. of bitstreams: 1
199953.pdf: 332111 bytes, checksum: dd5d2584745a6e7ea7eba195a8d87bce (MD5) / O objetivo deste trabalho é o de apresentar as determinações ideológicas - discursivas historicamente construídas em relação aos espaços para o brincar. Estes espaços aparecem em cena por volta da década de 1980. Muitos deles como um intento de desafiar às regras de jogo presentes na relação criança - adulto nos hospitais. Nos interessa particularmente a dimensão discursiva tecida a partir das práticas discursivas e não discursivas da Saúde Pública e da Psicanálise em relação à infância e ao brincar. Levando em conta que o sentimento da infância e o reconhecimento do brincar como inerente à condição de criança, são relativamente recentes, podemos afirmar que o Estatuto da Criança e do Adolescente (1990) institui um antes e um depois na condição jurídica dos menores no Brasil. A passagem de objeto ao de sujeito pleno de direito, significou que o brincar comece ser reconhecido como um direito a ser efetivamente garantido e defendido pela sociedade. O brincar é a fala da criança e, através do qual a criança vai construindo sua subjetividade; é através do brincar, se houver um adulto capaz de escutar, o meio com o qual a criança diz sobre seu sofrimento, suas esperanças. Práticas e discursos variados tentam disciplinar este brincar como forma de controle, numa tentativa de higienizar e disciplinarizar os corpos e as mentes das crianças. A falta de espaços para o brincar é uma forma de condenar às crianças ao silêncio, uma forma de tirar delas a possibilidade de recriar o mundo, de cercear a experiência de viver sua própria infância. Não se trata aqui simplesmente de espaços materiais, trata-se de abrir mão do poder hegemônico do adulto no intuito de desconstruir saberes, práticas e discursividades que possibilitem o surgimento de uma outra verdade e novas formas de subjetivação. Os discursos da Saúde Pública e da Psicanálise, junto às determinações históricas que lhes deram origem, encontram-se nestes particulares espaços. Mostramos como a psicanálise pode ser um auxilio para que às práticas da saúde pública possam repensar e retificar seus dispositivos disciplinares. Possibilita a produção de um espaço onde possam ser acolhidos os que demandam um refugio para resistir ser subjugado pela "ordem disciplinar". Concluímos que o brincar pode manter vivo o desafio que a psicanálise propôs: ser uma chance. A chance de restituir a palavra dos sem voz, pois, a condena ao silêncio não é privativa das crianças. Daí seu poder transformador de práticas e discursos ligados à saúde pública, à psicanálise e à infância.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufsc.br:123456789/84647 |
Date | January 2003 |
Creators | Medrano, Carlos Alberto |
Contributors | Universidade Federal de Santa Catarina, Caponi, Sandra Noemi Cucurullo de |
Publisher | Florianópolis, SC |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Source | reponame:Repositório Institucional da UFSC, instname:Universidade Federal de Santa Catarina, instacron:UFSC |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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