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Avaliação dos resultados do atendimento de pacientes em parada cardiorrespiratória no ambiente pré-hospitalar pelo Serviço de Atemdimento Móvel de Urgência (SAMU) de Porto Alegre

As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no Brasil, principalmente por doença cardíaca isquêmica. Parcela expressiva desses óbitos ocorrerá na comunidade, de forma súbita e silenciosa. Estima-se que de cada cem pacientes que recebam ressuscitação cardiopulmonar em ambiente não hospitalar, seis tem alta hospitalar. A cada minuto de retardo para o tratamento a probabilidade de sobreviver diminui de 7 a 10%. A sistematização do atendimento através dos conceitos de Corrente da Sobrevivência, Suporte Básico e Suporte Avançado de Vida em Cardiologia têm contribuído para melhora dos desfechos. O rápido inicio de ressuscitação cardiopulmonar e o fornecimento de choque desfibrilatório são fatores fundamentais para o sucesso do atendimento. O "International Liaison Committee on Resuscitation" (ILCOR), entidade que congrega os principais comitês de ressuscitação do mundo, propôs diretrizes para o tratamento e definiu os principais indicadores a serem monitorados para avaliação e aperfeiçoamento dos resultados em ressuscitação pré-hospitalar. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) foi implementado no Brasil em 2002. Os resultados imediatos deste tipo de atendimento em nosso meio são pouco conhecidos. O presente estudo tem como objetivo avaliar a sobrevida dos pacientes em parada cardiorrespiratória (PCR) no ambiente não-hospitalar atendidos pelo SAMU de Porto Alegre e seus preditores clínicos. Realizamos estudo observacional prospectivo com pacientes em parada cardiorrespiratória (PCR) não traumática atendidos pelo SAMU na cidade de Porto Alegre. Foram incluídos atendimentos consecutivos primários para PCR avaliados pela equipe SAMU Porto Alegre (15 unidades de atendimento sendo 3 avançadas, uma de apoio rápido e as demais unidades básicas). O desfecho primário do presente estudo foi a sobrevida dos pacientes até a alta hospitalar e os desfechos secundários a sobrevida em trinta dias e a sobrevida neurologicamente favorável com escore do Cerebral Performance Category (CPC) I ou II na alta hospitalar. No período em estudo (Janeiro a Outubro de 2008), foram realizados 593 atendimentos por parada cardíaca não traumática com 260 pacientes sendo submetidos à ressuscitação cardiopulmonar (RCP). Dos pacientes inicialmente submetidos à RCP, em 52 (20%) houve sucesso inicial da reanimação, com 16 pacientes vivos no trigésimo dia (6%) e 10 tendo alta hospitalar (3,5%). A avaliação neurológica funcional realizada na alta verificou escore CPC 1 ou 2 em 6 pacientes (2,3% do grupo que recebeu RCP). A ocorrência da parada cardíaca no domicilio associou-se inversamente com a sobrevida tanto no trigésimo dia (p = 0,001) quanto na alta hospitalar (p = 0,02). A presença de ritmo “chocável” mostrou-se associada à sobrevida aos 30 dias (p = 0,008), mas não na alta hospitalar. Aos 30 dias, tanto o intervalo tempo resposta, quanto tempo do colapso até o início da RCP foram significativamente menores em sobreviventes. Na alta hospitalar, apenas o tempo do colapso até o início da RCP esteve associado com sobrevida. Em análise multivariada, permaneceram como preditores independentes de mortalidade em 30 dias a presença de ritmo cardíaco inicial que permitisse choque elétrico (razão de chance [RC] de 0,28 e intervalo de confiança [IC] de 95% de 0,10 a 0,81; p = 0,02) e PCR no domicílio (RC de 3,0 e IC 95% 1,04 a 8,7; p = 0,04). Nossos dados permitem concluir que o atendimento pré-hospitalar de paciente em PCR na comunidade atendidos pelo SAMU de Porto Alegre tem resultados limitados, porém equiparáveis a muitas outras localidades internacionais. A monitoração destes resultados é passo inicial fundamental para o aprimoramento deste sistema de atendimento. / Cardiovascular diseases are the main cause of death in Brazil, mainly due to the isquemic heart disease. A significant part of these deaths occur abruptly and silently inside the community. It is estimated that every 6 patients in a hundred – who received out-of-hospital cardiopulmonary resuscitation – have the chance to survive to hospital discharge. Each minute retarding treatment will decrease the probability of survival from 7 to 10%. Systematization of treatment through the concepts of Chain of Survival, Basic Life Support and Advanced Life Support have contributed to improvement of survival. A fast initial cardiopulmonary resuscitation and defibrillatory shocks are essential factors to the success of treatment. The "International Liaison Committee on Resuscitation" (ILCOR), an entity which congregates the main comities of resuscitation in the world, suggested guidelines for the treatment and defined the principal indicators to be monitored for the evaluation and improvement of results in pre-hospital resuscitation. The out-of-hospital emergency medical service (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência - SAMU) was implemented in Brazil in 2002. The immediate results of this type of service in our society are scarcely known. The present study’s objective is to evaluate the survival of patients in cardiac arrest in an out-of-hospital environment who were attended by SAMU in Porto Alegre, and their clinical predictors. We performed prospective a cohort study with patients in non-traumatic cardiac arrest (CPR) treated by SAMU in the city of Porto Alegre. We have included primary consecutive CPRs evaluated by the SAMUs teams (15 treatment units, 3 of which with capability of advanced life support and the others with basic life support). The primary outcome of the present study was patients’ survival to hospital discharge and the secondary outcome was the 30 days survival and the neurological outcome at discharge from hospital (cerebral performance category [CPC] score I or II). In the studied period (from January to October 2008), 593 cardiac arrests were evaluated, 260 patients underwent CPR and were studied. The initial reanimation procedures succeed in 52 (20%) patients, 16 (6%) of whom were alive in the 30th day, 10 (3.5%) being discharged from hospital. The functional neurological evaluation at hospital discharge was CPC score I or II in 6 patients (2.3% of the group who received CPR). The occurrence of cardiac arrest at home was inversely associated to 30th day survival (p=0.001) and to hospital discharge (p=0.02). The presence of a cardiac rhythm amenable to shock was associated to survival at the 30th day (p=0.008), but not to hospital discharge. The response time and the collapse time until beginning of CPR was significantly reduced in survivors at the 30th day. Only the collapse time until CPR was associated to the survival at hospital discharge. In multivariate analysis, the presence of an initial cardiac rhythm amenable to shock remained as independent predictors of 30 day mortality (OR 0.28, CI 95% from 0.10 to 0.81; p=0.02) and CPR at home (OR 3.0, CI 95% 1.04 to 8.7; p= 0.04). Based on our data we conclude that the pre-hospital treatment of PCR patients in the community treated by SAMU Porto Alegre has limited results, though comparable to many other international localities. Monitoring of these results is a fundamental initial step for the improvement of the out-of-hospital emergency service system.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:lume56.ufrgs.br:10183/56689
Date January 2012
CreatorsSemensato, Gladis Mari
ContributorsRohde, Luis Eduardo Paim
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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