Livros de divulgação nos permitem olhar de modo peculiar para a ciência de um período, e a percepção de padrões nessas obras pode dar indícios de como certa área de pesquisa era apresentada ao público não especializado. Nesta pesquisa investigamos textos introdutórios à química publicados na Inglaterra durante a primeira metade do século XIX, que para muitos autores representa o período de maior popularidade já experimentado por esta ciência. Sob a luz da contemporânea historiografia da ciência, valorizamos o acesso a registros originais e a reconstrução de contextos, buscando critérios contemporâneos que nos permitam analisar: Qual contexto motivava a produção e o consumo desses livros de divulgação? Quais obras tiveram maior relevância no período? Qual era a visão da química comunicada pela divulgação? No âmbito do ensino, buscamos viabilizar material historiográfico que explicite o caráter dinâmico da química, além dos seus vínculos com questões sociais, econômicas, políticas e religiosas, pontuando reflexões sobre aspectos da natureza da ciência com foco na formação de professores. Nossos resultados revelam um amplo contexto de valorização das ciências naturais como ferramentas do progresso social. Dentre as obras de destaque, resenhas e críticas dos periódicos locais apontam para The Chemical Catechism, de Samuel Parkes, e Conversations on Chemistry, de Jane Marcet. Ambas foram publicadas originalmente no ano de 1806 e receberam várias reedições e traduções, sendo também adaptadas e plagiadas por outros autores. Embora apresentem estilos bem diferentes, esses textos sugerem uma visão comum da química, tratada como uma ciência: de caráter utilitário e que se aplica diretamente na resolução de problemas de interesse econômico e social; que fundamenta a construção do seu entendimento sobre a matéria nos processos de síntese e decomposição; que desperta o interesse comum pelo forte apelo sensorial dos seus experimentos; e que desvela a sabedoria divina escondida nas leis que regem os fenômenos naturais. Esta última característica revela o convívio entre os discursos da ciência e da religião nos textos de divulgação do período. Esta tese busca um diálogo com a formação de professores de química na atualidade, pontuando como um olhar histórico sobre a ciência pode propiciar reflexões de interesse no âmbito do ensino. / Popularization books provide a particular way of accessing science within specific historical contexts by allowing one to glimpse how a certain field of knowledge was addressed to the lay public. The present research focus on early nineteenth-century introductory books on chemistry published in England as objects of study. For many authors, chemistry experienced its greatest popularity period at that time. Methodological framework was based on current historiography of science, taking into account a careful consideration of the historical context and the search for primary sources. Research questions included: What context motivated the production and the consumption of popular chemistry books? Which amongst these books achieved the greatest relevance? What was the image of chemistry communicated by popularization initiatives? Seeking a contribution for science teaching, this thesis provides historiographical material that makes explicit the dynamic character of chemistry as a science that deals with social, economic, political and religious issues. Such influences are highlighted in order to encourage reflections on aspects of the nature of science with a focus on teachers training. Results reveal a broader context connecting the development of natural philosophy with social progress. Contemporary periodical reviews point to the books entitled The Chemical Catechism, by Samuel Parkes, and Conversations on Chemistry, by Jane Marcet, among the most successful in their genre. Both were first published in 1806 with several further editions and reprints, also being translated into several languages and even plagiarized by other authors. Despite their very different styles, both texts suggest a common image of chemistry, which included: a practical appeal by its direct application in solving problems of economic and social interest; the processes of synthesis and decomposition as means for understanding matter in general; a strong sensory appeal provided by experiments; and the capacity to unveil divine wisdom hidden in the laws governing natural phenomena. This last feature reveals the interaction between the discourses of science and religion in popularization texts of the period. This thesis also proposes a dialogue with current training of chemistry teachers, by suggesting how a historical look at science may give rise to useful reflections for chemistry educators.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-21032016-113015 |
Date | 29 January 2016 |
Creators | José Otavio Baldinato |
Contributors | Paulo Alves Porto, Marcia Helena Mendes Ferraz, Thaís Cyrino de Mello Forato, Pedro Wagner Goncalves, Luciana Zaterka |
Publisher | Universidade de São Paulo, Ensino de Ciências, USP, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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