Orientadores: Lenita Waldige Mendes Nogueira, Rita de Cássia Lahoz Morelli / Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Artes / Made available in DSpace on 2018-08-18T17:20:52Z (GMT). No. of bitstreams: 1
Giesbrecht_Erica_D.pdf: 34707985 bytes, checksum: c13c6788883b77cb55a630c3a7c3f679 (MD5)
Previous issue date: 2011 / Resumo: A crescente proliferação de grupos performáticos, que, através de manifestações culturais, divulgam "passados", convencionalmente chamados de "tradições culturais", tem rendido estudos e debates no campo da etnomusicologia em todo o mundo. Partindo da etnografia de grupos de cultura popular afro-brasileira sediados na cidade de Campinas - São Paulo, proponho uma reflexão sobre as dinâmicas que particularizam tal processo ali. No auge da economia cafeeira do Brasil no século XIX, a cidade foi um pólo produtivo, concentrando um grande contingente de escravizados a quem se atribui atualmente a criação de diversos estilos musicais. Entretanto os atores da conjuntura atual não descendem necessariamente daqueles escravizados, não pertencem a uma comunidade isolada ou a grupos familiares demarcados. Performando um legado musical atribuído àqueles escravos, esses grupos - dentre os quais acompanhei o Urucungos, Puítas e Quijêngues, a Casa de Cultura Nação Tainã, o Jongo Dito Ribeiro, e o grupo Maracatucá - nos colocam uma questão: por que grupos "não tradicionais" se interessam pelos chamados repertórios tradicionais, escolhendo, pesquisando e recriando suas performances? Sem eliminar outras possíveis respostas, defendo que as performances desses grupos engendram a intencional incorporação desse "passado negro" através de sua música, devolvendo aos corpos de seus participantes o controle sobre si mesmos. Usamos esta expressão, "passado negro", quando não queremos reconhecer acontecimentos de nosso passado que nos causam desconforto no tempo presente. Ambiguamente essa expressão também sintetiza tudo o que se relaciona à memória dos escravos da Campinas do século XIX. Renegado por uma cidade que ostenta um cenário urbano modernizado e essencialmente branco, esse passado aflora nos cabelos, nos tecidos, na cultura, na dança e na memória reconstruída de transeuntes negros que, por meio da performance, (re)enegrecem. Apropriar-se deste legado cultural através da performance significa remexer nas cinzas do esquecimento; é opor-se aos processos de exclusão do presente juntando-se a uma história e uma memória maior e desenterrando um passado trágico para que jamais seja esquecido / Abstract: The increasing propagation of cultural groups dedicated to the performance of the so called "cultural traditions", has yielded studies and debates in the field of ethnomusicology worldwide. From the ethnography of popular cultural groups based in Campinas - São Paulo, I propose a reflection on the dynamics that distinguish their processes. At the height of the Brazilian coffee economy in the nineteenth century, the city was a production center, gathering a large number of slaves to whom the creation of many musical styles is credited. Meanwhile the agents of the present groups do not necessarily descended from those slaves nor belong to any culturally isolated traditional community. Performing a musical legacy credited to those slaves, these groups - Urucungos, Puítas e Quijêngues, Casa de Cultura Tainã, Jongo Dito Ribeiro and Maracatucá - bring up a question: why would "nontraditional" groups be interested in the so-called traditional repertoires, selecting, researching and recreating their performances? Considering other possible answers, I argue that the performances of these groups engender the intentional incorporation of a "black memory" through their music, thus leading their participants to regain control over their bodies. We use this expression, "black memory", when we don't want to recognize past events that could embarrass us if disclosed. Ambiguously this term also encompasses everything that relates to the memory of the slaves from Campinas in the nineteenth century. Denied by an essentially white city that holds a modernized urban scenery, this memory flourishes from the hairs, clothes, culture, dance and memory of black citizens who redress the black skin through their performances. Empowered by this cultural legacy they revolve the ashes of oblivion, and oppose to the exclusion processes by joining a larger history and memory, thus disclosing a tragic past that shall never be forgotten / Doutorado / Fundamentos Teoricos / Doutor em Música
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.unicamp.br:REPOSIP/284470 |
Date | 18 August 2018 |
Creators | Giesbrecht, Érica, 1976- |
Contributors | UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS, Morelli, Rita de Cassia Lahoz, 1959-, Nogueira, Lenita Waldige Mendes, 1956-, Reily, Suzel Ana, Lins, Elizabeth Travassos, Borges, Fernanda Carlos, Carrasco, Claudiney Rodrigues |
Publisher | [s.n.], Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Artes, Programa de Pós-Graduação em Música |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Format | 422 p. : il., application/pdf |
Source | reponame:Repositório Institucional da Unicamp, instname:Universidade Estadual de Campinas, instacron:UNICAMP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
Page generated in 0.0027 seconds