Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / Os fatores que explicam a distribuição observada em plantas e animais é
uma pergunta que intriga naturalistas, biogeógrafos e ecólogos há mais de um
século. Ainda nos primórdios da disciplina de ecologia, as tolerâncias ambientais já
haviam sido apontadas como as grandes responsáveis pelo padrão observado da
distribuição dos seres vivos, o que mais tarde levou à concepção de nicho ecológico
das espécies. Nos últimos anos, o estudo das distribuições dos organismos ganhou
grande impulso e destaque na literatura. O motivo foi a maior disponibilidade de
catálogos de presença de espécies, o desenvolvimento de bancos de variáveis
ambientais de todo o planeta e de ferramentas computacionais capazes de projetar
mapas de distribuição potencial de um dado organismo. Estes instrumentos,
coletivamente chamados de Modelos de Distribuição de Espécies (MDEs) têm sido
desde então amplamente utilizados em estudos de diferentes escopos. Um deles é a
avaliação de potenciais áreas suscetíveis à invasão de organismos exóticos. Este
estudo tem, portanto, o objetivo de compreender, através de MDEs, os fatores
subjacentes à distribuição de duas espécies de corais escleractíneos invasores
nativos do Oceano Pacífico e ambas invasoras bem sucedidas de diversas partes do
Oceano Atlântico, destacadamente o litoral fluminense. Os resultados mostraram
que os modelos preditivos da espécie Tubastraea coccinea (LESSON, 1829),
cosmopolita amplamente difundida na sua região nativa pelo Indo- Pacífico
demonstraram de maneira satisfatória suas áreas de distribuição nas áreas
invadidas do Atlântico. Sua distribuição está basicamente associada a regiões com
alta disponibilidade de calcita e baixa produtividade fitoplanctônica. Por outro lado, a
aplicação de MDEs foi incapaz de predizer a distribuição de T. tagusensis
(WELLS,1982) no Atlântico. Essta espécie, ao contrário de sua congênere, tem
distribuição bastante restrita em sua região nativa, o arquipélago de Galápagos.
Através de análises posteriores foi possível constatar a mudança no nicho
observado durante o processo de invasão. Finalmente, o sucesso preditivo para T.
coccinea e o fracasso dos modelos para T. tagusensis levantam importantes
questões sobre quais os aspectos ecológicos das espécies são mais favoráveis à
aplicação de MDEs. Adicionalmente, lança importantes ressalvas na utilização
recentemente tão difundida destas ferramentas como forma de previsão de invasões
biológicas e em estudos de efeitos de alterações climáticas sobre a distribuição das
espécies. / The factors underpinning the observed distribution of plants and animals
across time and space are a central question in ecology and has intrigued scientists
for over a century. But even back on those early times, the role of climatic tolerances
of the species were recognized as one of the main explanations for such
distributional patterns. Later, these assumptions gave rise to the concept of niche
which triggered several advances in the study of natural history. Recently, these
studies were addressed in the light of novel computational techniques capable of
providing potential distributional maps for a given species, generically called Species
Distribution Models (SDMs). This coupled with the broader availability of species
occurrence records and of environmental data from international databases made
studies with SDMs very popular and ubiquitous in the literature. One of the main uses
of the SDMs approach is the assessment of potentially susceptible areas of invasion
by non- indigenous species. Therefore, here we used SDMs to better understand the
major factors related to the current distribution of two well established invasive
scleractinian coral species in the Atlantic, both from the Pacific Ocean. The results
showed that the models were successful in predicting the potentially invaded sites by
the cosmopolitan Tubastraea coccinea (LESSON, 1829), broadly distributed
throughout the Pacific. This species distribution was basically associated with
increasing concentrations of calcite and lower levels of phytoplankton activity.
However, the models were incapable of predicting the survival and establishment of
T. tagusensis (WELLS, 1982) in the Atlantic. This species, unlike its congener, has a
very restricted distribution in its native regions, the Galapagos Islands. A posterior
analyzes indeed showed a niche shift during the invasion event of T. tagusensis in
the Atlantic. Finally, the good modelling results for T. coccinea contrasted with the
failure of modelling T. tagusensis invasion highlight important explanations on
methodological procedures in SDMs. It also helps to better understand which
ecological aspects of the species are favourable toward good modelling
performance. In addition to that, these results calls for precaution when analyzing
SDMs results, particularly in invasion and climate change scenarios studies.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/urn:repox.ist.utl.pt:UERJ:oai:www.bdtd.uerj.br:3114 |
Date | 06 February 2013 |
Creators | Lélis Antonio Carlos Júnior |
Contributors | Joel Christopher Creed, Timothy Peter Moulton, Gisele Lôbo Hajdu, Newton Pimentel de Ulhôa Barbosa |
Publisher | Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Programa de Pós-graduação em Ecologia e Evolução, UERJ, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Format | application/pdf |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UERJ, instname:Universidade do Estado do Rio de Janeiro, instacron:UERJ |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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