Orientador: Marisa Philbert Lajolo / Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem / Made available in DSpace on 2018-07-22T21:39:17Z (GMT). No. of bitstreams: 1
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Previous issue date: 1997 / Resumo: Mulheres leitoras, dos mais diversos matizes -- brancas, mulatas, ricas e instruídas, pobres e ignorantes fazem parte do universo de vários romances escritos entre o final do século XIX e as primeiras décadas do século XX, como se pode observar nas obras de França Júnior, Coelho Neto, Machado de Assis, Valentim Magalhães, Lima Barreto, Júlia Lopes de Almeida, Adolfo Caminha e Rachei de Queirós. Embora ficcionais, essas leitoras parecem sugerir a lenta e tortuosa trajetória das brasileiras que viveram nesse período rumo aos livros pois, apesar de ter havido entre 1890 e 1920 alguns movimentos socioeconômicos priorizando a necessidade da educação feminina especialmente as campanhas contra o analfabetismo desenvolvidas pelo governo e as reivindicações do movimento feminista brasileiro, a história da educação feminina no Brasil confirma a difícil formação do público leitor feminino. É; só a partir de 1920 que as brasileiras conseguem ter acesso mais garantido às escolas e à alfabetização - condição primeira para tornarem-se leitoras. Embora numericamente mais alfabetizadas que as gerações anteriores, ainda sofriam resistência para tornarem-se leitoras: tanto a Igreja como a família consideravam os romances, especialmente os naturalistas franceses, nocivos e perigosos à formação da moral feminina. Portanto, era necessário tutelar a mulher lei tora, a fim de evitar que ela se tornasse "imoral" e "leviána". As leitoras ficcionais extraídas dos romances escritos nessa época podem ser interpretadas como uma imagem aproximada do pensamento corrente de ent~o: a mulher deveria ler apenas o necessário para ensinar as primeiras letras e as primeiras operações matemáticas às gerações mais novas. Se ultrapassasse esse limite intelectual, corria o risco de ter de escolher entre o casamento, ambição da maior parte das moças, e uma vida um pouco mais intelectualizada. Ou seja: as várias personagens leitoras que v!3o sendo construídas nos romances do período não conseguem desfrutar de uma vida familiar e intelectual satisfatória. Algumas abandonam o hábito da leitura, a fim de preservar o casamento. As que mantêm o apreço aos livros, não se casam e não conseguem ser felizes na vida pessoal. À mulher leitora de papel e tinta, portanto, parece não haver uma solução emancipadora e satisfatória até meados dos anos 20 do presente século. A maior parte dessas personagens termina suas histórias tristemente, apesar das estantes 'forradas de livros. De todas as obras analisadas, apenas na de Júlia Lopes de Almeida (1862-1934) surgem mulheres leitoras, capazes de administrar marido e livros, o que parece sugerir uma pequena mudança de costumes na sociedade brasileira / Abstract: The realm of several novels written between the late XIXth and early xxth centuries is made of all kinds of female readers -- whi te or brown, rich and educated or poor and ignorant. This can be observed in the work of França Júnior, Coelho Neto, Machado de Assis, Valentim Magalhães, Lima Barreto, Júlia Lopes de Almeida, Adolfo Caminho and Rachel de Queirós' wor ks . Although unreal, these female readers seem to reveal the slow and tortuous path Brazilian women living between the 1890's and the 1920's had to follow to become readers. There had been several claims for women' s education -- such as official campaigns against illiteracy and Brazilian feminist activists. Nevertheless, the history of Brazilian women's education confirms how difficult it was to build a feminine literacy audience. Brazilian women schooling becãme easier after the 1920' ,s, and as a resul t they learned to read and wri te, which is', a primary condi tion to become readers. They vere numerically more literate than previous generations, yet they still met with opposition to become readers. Institutions such as Church and family considered novels, specially the French naturalistic novels, to be harmful and dangerous for women's moral. They thought i t was their duty to avoid vomen to become "immoral" and "dissolute" and protected women from reading certains subjects. Several fictional feminine readers made of ink and paper vere created by some wri te'rs during 1890/1920. These characters can be seen as metaphors of what people thought at those times: women should know enough reading and writing in order to teach their sons to read and to count. If they knew more than that, they would probably have to choose between becoming married -- women's greatest dream -- or having some intellectual life. I n other words, the fictional feminine readers created in these novels are unable to enj oy both familial and intellectual lives. Some quit the habit of reading to preserve their mar ri age. Those that keep their esteem for books, remain unmarried but are unable to live happily. Until the 1920' s a satisfactory and emancipated solution for feminine readers. made of ink and paper seems to be an impossible task. Most of them finish their stories very sadly, although their bookstands remain full of books. Only in Júlia Lopes de Almeida's (1862-1934) -- among those studiBd -- permits a feminine reader character to be able to manage husband and books. This seems to suggest a small change in Brazilian society / Doutorado / Teoria e Critica Literaria / Mestre em Teoria e História Literária
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.unicamp.br:REPOSIP/270115 |
Date | 15 September 1997 |
Creators | Heller, Barbara |
Contributors | UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS, Lajolo, Marisa, 1944-, Lajolo, Marisa Philbert, 1944-, Santos, Maria AParecida Paiva Soares dos, Corrêa, Mariza, Gotlib, Nadia Battella, Hardman, Francisco Foot |
Publisher | [s.n.], Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Estudos da Linguagem, Programa de Pós-Graduação em Teoria e História Literária |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Format | 292 f., application/pdf |
Source | reponame:Repositório Institucional da Unicamp, instname:Universidade Estadual de Campinas, instacron:UNICAMP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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