A diferença suscita curiosidade, para dizer o mínimo. Desde a formalização do conhecimento universitário, a sistematização da investigação do humano veio acompanhada de um pertinente inconveniente: trata-se da alteridade entre homens, entre homens e mulheres, entre adultos e crianças, entre civilizados e primitivos, entre os homens e os animais. O endereçamento dessa diferença se deu por diversos ângulos. Escolheu-se ignorá-la, achatá-la, excluí-la e até mesmo demonizá-la. O presente estudo se endereça a esse tema e se dispõe a investigar como antropologia e psicanálise lidaram com o estudo da alteridade. O objetivo do presente trabalho foi o de comparar o movimento psicanalítico e antropológico no seu uso do ontológico como operador para manejar a questão da investigação da alteridade no fazer etnográfico. A justificativa se deu pela ideia, cunhada por George Devereux, de que antropologia e psicanálise, por sua não-redutibilidade uma a outra, aparelham a etnopsicanálise de maneira complementar. Entretando, à diferença da proposta de Devereux, esse texto se guia não pelo desígnio de esquarinhamento de uma cientificidade para o método etnopsicanalítico. Tratou-se, antes, de mostrar como as duas disciplinas manejam a alteridade sem recair no problema do realismo naturalista e da crise da representação dos pós-modernos. Para tanto, escolhemos como recorte o par ontologia-alteridade, que tem aparecido com frequência no contexto acadêmico psicanalítico e antropológico. O método escolhido foi o da leitura psicanalítica. Os resultados são compostos pela análise de quatro etnografias da virada ontológica. Do lado psicanalítico os conceitos de Lacan sobre escuta psicanalítica e o ser sujeito foram analisados. Na discussão mostramos a relação tímida, porém importante, que pode ser traçada entre os métodos etnográficos e o método de escuta psicanalítica. / Difference arouses at least curiosity. Since the formalization of knowledge, the systematization of the investigation of man was followed by a pertinent inconvenient: otherness between men; men and women; adults and children; civilized people and primitives; men and animals. This issue was addressed by different angles. Otherness was ignored, flattened, excluded and even demonized. The present studys objective is to compare the psychoanalytical and anthropological movements usage of the ontological as a tool to deal with the investigation of otherness in the context of the ethnographic method. The justification was found in Deveureuxs work. In his etnpsychoanalysis, the author proposes a non-reducibility of one field of knowledge to the other. They are complementary. Nonetheless we do not seek an ideal of scientificity, as Deveureux did, for etnpsychoanalysis method. We seek to show how both disciplines deal, in different ways, with alterity without reducing it to natural realism or representation. The angle we chose revolves around the pair alterity-ontology. The results are composed by the analysis of four ethnographies of the ontological turn. In the side of psychoanalysis, we chose to analyze the lacanian notion of subject and listening. In the discussion we show that there are possibilities of relation between the psychoanalitycal listening and entographic method.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-27082018-152031 |
Date | 28 June 2018 |
Creators | Tássia Nogueira Eid Mendes |
Contributors | Jose Francisco Miguel Henriques Bairrao, Daniela Bueno de Oliveira Americo de Godoy, Carlos Eduardo Ortolani Prado de Moura, Janaina Namba, Edmundo Antonio Peggion |
Publisher | Universidade de São Paulo, Psicologia, USP, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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