O projeto de uma filosofia da psicanálise em Eros e Civilização apresenta a teoria crítica da economia libidinal da sociedade industrial avançada, configurada pela angústia de uma estrutura cultural cujas possibilidades abertas para a gratificação dos desejos logo são impedidas pela dialética fatal própria à lógica da dominação. Esta escolha expressa uma trajetória intelectual que sempre se questionou pela revolução que nunca aconteceu. Desde a juventude, Marcuse procurou conferir bases seguras para esta perspectiva. Justamente por esta busca, o filósofo depara-se com a ontologia fenomenológica de Heidegger, absorvendo questões existenciais fundantes, sobretudo, a da relação entre o homem e o mundo. Isto não significa uma filiação direta de Marcuse ao pensamento heideggeriano, mas uma relação permeada por divergências. Esta trajetória intelectual, de outro modo, não se desenvolve por um afastamento da ontologia, como muitos comentadores propõem ao valorizar a perspectiva antropológica de Marcuse. Contrariamente, nossa pesquisa aponta o aprofundamento do discurso ontológico do filósofo, não mais apoiado no esvaziamento positivo do Dasein, mas na concretude negativa da dinâmica histórica. Esta ontologia alcança camadas profundas da história da dominação, cuja arqueologia é apresentada pela teoria psicanalítica das pulsões. Eros e Civilização alcança, pois, o limiar entre natureza e cultura, encontrando aí não apenas a lógica da dominação, mas também possibilidades para sua superação, formulada por uma lógica da gratificação em uma civilização não-repressiva. / The project of philosophy of psychoanalysis in Eros and Civilization presents a critical theory of the libidinal economy of advanced industrial society, that is configurated upon the anxiety of a cultural structure, in which the possibilities of gratification of desires are soon prevented by the fatal dialectics of the logic of domination. Such a choice reflects an intelectual trajectory that was always inquired about a revolution that never happened. Since his youth, Marcuse tried to stablished steady bases to this revolutionary perspective. And exactly for this reason, the philosopher was lead to dial with the phenomenological ontology of Heidegger, incorporating fundamental existencial questions, above all, that of the relations between man and the world. It does not mean a direct filiation between Marcuse and the heideggerian thought, but a relation full with divergences. Otherwise, this intelectual trajectory doesn´t develop from a removal of ontology, like many commentators propose, giving a value to an anthropological view in Marcuse. Our research points towards the deeping of the ontological discourse by the philosopher, no more based on the positive empting of Dasein, but on the negative concretude of the historical dynamics. This ontology reachs deep layers of the history of domination, the archeology of which is showed by the psychoanalytical theory of instincts. Eros and Civilization reaches then the boudary between nature and culture and finds there, not only the logics of domination, but also the possibilities of its overcoming formulated in terms of a logics of gratification in an unrepressive civilization.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-21012009-103514 |
Date | 12 September 2008 |
Creators | Carneiro, Silvio Ricardo Gomes |
Contributors | Safatle, Vladimir Pinheiro |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | Dissertação de Mestrado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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