Jaime Cortesão (1884-1960) viveu no Brasil entre 1940 e 1957 e durante esse período constituiu grande parte de sua obra historiográfica. Emigrado de Portugal por pressão do salazarismo, desfrutou de condições bastante privilegiadas à sua produção intelectual, favorecidas tanto pelas instituições governamentais nas quais trabalhou quanto pelas relações que cultivou. A análise das condições de sua produção intelectual no Brasil permite iluminar questões da política cultural e da produção do conhecimento no contexto da Era Vargas. Considerando que identidade nacional, modernidade, interiorização do país eram alguns dos temas que mobilizavam a intelligentsia nacional, busco neste trabalho identificar as conexões entre os trabalhos de Cortesão e o intenso debate promovido dentro e fora do aparelho do Estado brasileiro. Neste aspecto, a sua atuação na Biblioteca Nacional e no Ministério das Relações Exteriores, ampliada por uma intensa colaboração na imprensa paulistana e carioca, suscita reflexões acerca dos percursos de sua escrita da história da colonização portuguesa. Do ponto de vista do autor, a ação colonizadora é protagonizada pelos bandeirantes e é criadora de uma família luso-tupi, de relações simbióticas entre colonos e nativos a partir do planalto paulista. Essas concepções, que se encontraram também na exposição histórica em comemoração ao quarto centenário da fundação da cidade de São Paulo (1954), organizada por Cortesão no conjunto de um amplo evento, local e nacionalmente significativo, permitiam a Portugal manter-se presente na identidade brasileira, bem como participar com relevo da celebração do ingresso do Brasil na modernidade. / Jaime Cortesão (1884-1960) lived in Brazil between 1940 and 1957 and during this period constituted most part of his historiographical work. Emigrated from Portugal by Salazar pressure, he has enjoyed quite privileged conditions to his intellectual production; both government institutions in which he worked as well as the relationships he has cultivated favored those conditions. The analysis of the conditions of his intellectual production in Brazil allows illuminate issues of cultural policy and production of knowledge in the context of Vargas government. Taking into consideration that national identity, modernity, the country internalization were some of the issues which mobilized the national intelligence, I aim in this paper identify the connections between Cortesão works and the intense debate promoted within and outside the Brazilian state apparatus. In this respect, his performance at the National Library and the Ministry of Foreign Affairs, magnified by intense collaboration in São Paulo and Rio de Janeiro press, raises reflections on the paths of his writing about the history of Portuguese colonization. From the author\'s point of view, the colonizing action is led by pioneers and is the creator of a Portuguese-Tupi family of symbiotic relationships between settlers and natives from the Sao Paulo plateau These concepts, which are also found in the historical exhibition commemorating the fourth centenary of the founding of the city of São Paulo (1954), organized by Cortesão in the set of a large event, locally and nationally significant, allowed Portugal to keep present inside the Brazilian identity and participate considerably of the celebration of Brazil\'s entry into modernity.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-02032016-142848 |
Date | 23 October 2015 |
Creators | Ribeiro, David William Aparecido |
Contributors | Wissenbach, Maria Cristina Cortez |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | Dissertação de Mestrado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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