[pt] Este trabalho tem como objetivo analisar uma
pseudotradução no Brasil
do século XX. O termo pseudotradução se refere a uma obra
apresentada como
tradução e que circula como tal por determinado período
sem suscitar suspeita. De
junho a dezembro de 1944, a jornalista, escritora,
militante comunista e musa do
movimento antropofágico, Patrícia Galvão, conhecida também
pelo apelido Pagu,
produziu um exemplo do gênero ao escrever uma dezena de
contos policiais para
a revista Detetive que foram apresentados ao público como
traduções de um
suposto autor estrangeiro chamado King Shelter. As razões
e as implicações dessa
medida podem ser parcialmente explicadas por meio do
paradigma dos Estudos
Descritivos da Tradução (Descriptive Translation Studies - DTS). Os adeptos
dessa linha, denominados descritivistas, propõem-se a
descrever as estratégias e
os recursos utilizados numa tradução, a fim de entender o
motivo dessas escolhas,
bem como avaliar as razões que levam uma cultura a
rejeitar ou aceitar
determinada obra traduzida. A pesquisa para o presente
estudo foi informada pelas
reflexões dos teóricos Itamar Even-Zohar, Gideon Toury e
Susan Bassnett e teve
como foco os contos traduzidos por Pagu, as
características do romance policial
e a biografia da autora. Ao longo da história, a
pseudotradução revelou-se um
estratagema para driblar questões culturais (inclusive
estéticas), políticas e
ideológicas. Temos agora conhecimento de que esse recurso
foi usado no Brasil
do século XX para preparar o terreno para o
desenvolvimento de um gênero pouco
difundido no país na década de 1940: o romance policial. / [en] This work aims to analyze a case of pseudotranslation in
20th-century
Brazil. The term pseudotranslation refers to a verbal or
written utterance which
is presented to the public as a translation and which
circulates as such without
arousing suspicion. From June to December 1944, the
journalist, writer,
communist militant and celebrated member of the literary
anthropophagic
movement Patrícia Galvão, also known by the nickname Pagu,
produced an
example of pseudotranslation when she wrote a dozen of
detective short stories
for the magazine Detetive. The works were presented as
translations of a fictitious
foreign author named King Shelter. The reasons she
resorted to this disguise and
the consequences her act generated may be partly explained
by the Descriptive-
Translation Studies (DTS) paradigm. Descriptive
translation researchers attempt
to explain the resources and strategies used in a
translation, in order to understand
the reasons for such choices, as well as to evaluate why a
given culture rejects or
accepts a certain translated work. Research for this study
was based on the ideas
of Itamar Even-Zohar, Gideon Toury and Susan Bassnett and
focused on the
translated short stories written by Pagu, on the main
aspects of the detective
novel and on the life of Pagu. Throughout history,
pseudotranslations have proven
to be a cunning device to surpass cultural, political,
ideological and even aesthetic
barriers. We now know that this resource has been cleverly
used in Brazil in order
to pave the way for the development of a literary genre in
the country in the
1940 s: the detective novel.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:10498 |
Date | 04 September 2007 |
Creators | ANNIE ALVARENGA MYLDGAARD NIELSEN |
Contributors | PAULO FERNANDO HENRIQUES BRITTO |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | TEXTO |
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