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“Contrariando a estatística” : a tematização dos homicídios pelos jovens negros no Brasil

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Previous issue date: 2014-09-24 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) / Homicides in Brazil have become a major social problem in recent decades. Young
black males are the main victims. This paper presents a genealogy of the way black young
people have brought the theme of murder and violence against blacks to the national agenda,
from spaces of social participation, the black social movement and public youth policies. We
conducted about 20 interviews with militants from black movements and other actors related
to the topic. We also use data from fieldwork and participant observation, as well as reports,
manifests, pamphlets and photographs, in order to understand when and how long these
problems have been thematized.
We tried to reflect on how the black movement thematicises violence / murder, its
limits and potentials, contradictions and innovations in dialogue with social theory about
recognition, identity and race relations. It has been possible to identify important moments of
the trajectory of black movement, for example: violence as a reason for both performing
public acts and for the emergence of organizations, such as the Unified Black Movement
(MNU) until the 2000s; violence as the strongest theme of rap lyrics; and, in the last 15 years,
violence / homicides against black youth as a central reason for the emergence of black youth
as a new category of political action. In this work, gained prominence the Youth Alive Plan
(2012-2013), the Working Group Black Youth and Public Policies of the National Youth
Council (2008-2010), and The First National Conference of Black Youth (2005-2008) .
Among the various ways of categorizing this issue, the term "genocide" draws
attention - the was first used by Abdias do Nascimento to denounce racism and it is now
widely used by social movements. Among the various forms of organization of young blacks,
the claim for leadership of a brand new generation of militants is also emerging, with a set of
experiences that allow them to create semantic bridges to act on the institutional sphere and
demand public policies against violence. / Os homicídios no Brasil têm se tornado um grande problema social nas últimas
décadas. Os jovens negros do sexo masculino são as maiores vítimas. Este trabalho apresenta
uma genealogia da tematização dos homicídios e da violência contra a população negra por
parte dos próprios jovens negros, a partir de espaços de participação social, no movimento
social negro e em políticas públicas de juventude. Realizamos cerca de 20 entrevistas com
militantes do movimento negro e com outros atores relacionados ao tema. Utilizamos também
dados de trabalho de campo e de observação participante, bem como relatórios, manifestos,
fotografias e panfletos, a fim de entender desde quando e como estes problemas têm sido
tematizados.
Procuramos refletir sobre o modo como o movimento negro tematiza a violência/o
homicídio, seus limites e potencialidades, contradições e inovações, em diálogo com a teoria
social sobre reconhecimento, identidade e relações raciais. Foi possível resgatar momentos
importantes da trajetória do movimento negro, por exemplo: a violência como motivo tanto da
realização de atos públicos quanto do surgimento de organizações, desde a criação do
Movimento Negro Unificado (MNU) até a década de 2000; a violência como tema mais
veemente das letras de rap; e, nos últimos 15 anos, a violência/homicídios contra jovens
negros como razão central para o surgimento da juventude negra como nova categoria de ação
política. Ganharam destaque neste trabalho o Plano Juventude Viva (de 2012 a 2013), o
Grupo de Trabalho Juventude Negra e Políticas Públicas do Conselho Nacional de Juventude
(de 2008 a 2010), e o I Encontro Nacional de Juventude Negra (de 2005 a 2008).
Entre as várias formas de categorizar este problema, chama a atenção o termo
“genocídio” – cuja primazia do uso, para denunciar o racismo, pertence a Abdias do
Nascimento –, amplamente utilizado pelos movimentos sociais. Entre as várias formas de
organização dos jovens negros, emerge também a reivindicação por protagonismo de uma
nova geração de militantes, com um conjunto de experiências que lhes permitiu criar pontes
semânticas para agir sobre a esfera institucional e demandar políticas públicas contra a
violência.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufscar.br:ufscar/7102
Date24 September 2014
CreatorsRamos, Paulo César
ContributorsSilvério, Valter Roberto
PublisherUniversidade Federal de São Carlos, Câmpus São Carlos, Programa de Pós-graduação em Sociologia, UFSCar
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFSCAR, instname:Universidade Federal de São Carlos, instacron:UFSCAR
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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