É possível partir estritamente de Marx para definir inflação? Em que pese não haver uma definição precisa em suas obras sobre tal fenômeno – até porque, em sua época, este não era uma preocupação econômica relevante – acredita-se que seu método e formulações teóricas são as que melhor possibilitam entender a realidade econômica complexa e seus fatos constitutivos. Não haveria de ser diferente com a inflação, e ela é entendida como o processo pelo qual a moeda legal se desvaloriza e passa a expressar uma quantidade menor de valor. A moeda perde poder de compra e passa adquirir menos produtos por causa dessa corrosão. Isto se reflete num aumento do nível geral de preços. A inflação deve ser entendida por esse prisma, e para trazer uma alternativa à interpretação deste fenômeno, faz-se necessário expor inicialmente a teoria monetária de Marx. Este é o objetivo central da tese: apresentar uma possibilidade de explicação para o fenômeno da variação de preços, sobretudo a inflação, numa perspectiva orgânica e histórica, tendo por base a teoria monetária marxiana. Para tanto, é preciso: i) elucidar a possibilidade de partir da teoria do valor para compreender tal fenômeno, sem abrir mão do rigor e sem capitular à crença de que a teoria de Marx é insuficiente para explicar os fenômenos contemporâneos; ii) apresentar argumentos teóricos que interpretem o processo pelo qual a inflação se transforma de um fenômeno esporádico a um convencional, rotineiro. Trabalha-se com as seguintes hipóteses: a) que o dinheiro no capitalismo é inequivocamente mercadoria, pois só assim os trabalhos privados são socialmente validados e a magnitude do valor pode ser devidamente expressa, e; b) que a inflação se deriva da desvalorização da moeda (meio de circulação) em referência ao dinheiro, logo, acontece por razões fundamentalmente monetárias. Quando este fenômeno ganha contornos irreversíveis e permanentes, ou seja, quando suas condições históricas estão plenamente desenvolvidas, assume sua forma crônica. A conclusão é que a inflação advém de mudanças de tipo-preço, especificamente desproporções monetárias com superavit líquido, em vez de mudanças de tipo-valor, como entende a maioria das interpretações autodenominadas marxistas. / Is it possible to start from Marx to define inflation? Although there is no precise definition in his works about such phenomenon – given that, at his time, that was not a relevant economic concern – it is believed that his method and theoretical formulations are the ones that best make possible understanding the complex economic reality and its internal facts. It would not be different with inflation, understood as the process by which the legal tender currency devalues and begins to express a smaller amount of value. The currency loses purchasing power and purchases fewer products because of this corrosion. That is reflected in an increase in general price levels. Inflation must be understood by this prism and, in order to bring an alternative to the interpretation of this phenomenon, it is necessary to expose initially the monetary theory of Marx. That is the main objective of the dissertation, to present a possibility of explanation for the phenomenon of price variation, especially inflation, from an organic and historical perspective, based on Marxian monetary theory. In order to do so, it is necessary to: (i) elucidate the possibility of starting from the theory of value in order to understand this phenomenon, without abandoning rigor and without surrendering to the belief that Marx's theory is insufficient to explain contemporary phenomena; (ii) present theoretical arguments that interpret the process by which inflation is transformed from a sporadic phenomenon to a conventional and routine. We work with the following hypotheses: a) that money in capitalism is commodity, unequivocally, because only then private works are socially validated and the magnitude of value can be duly expressed; b) that inflation derives from the devaluation of the currency (means of circulation) in reference to money, so it happens for fundamentally monetary reasons, and that when this phenomenon gains irreversible and permanent contours, that is, when its historical conditions are fully developed, takes its chronic form. The conclusion is that inflation comes from price-type changes, specifically monetary disproportions with net superavit, rather than value-type changes, as most self-described Marxist interpretations understand it.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:lume56.ufrgs.br:10183/168598 |
Date | January 2017 |
Creators | Silva, Giliad de Souza |
Contributors | Maldonado Filho, Eduardo Augusto de Lima |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Format | application/pdf |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
Page generated in 0.0025 seconds