A condição para o ser humano continuar usufruindo dos recursos naturais de forma sustentável para o planeta passa, obrigatoriamente, por uma revisão do seu modo de vida atual. Além disso, ao se repensar este novo estilo de convivência com o resto do planeta, o homem deve avaliar os prováveis efeitos que tais mudanças poderão gerar.Assim, torna-se importante analisar quais externalidades (positivas ou negativas) acabam resultando neste processo de mudança. Entre as formas de análise existentes para os impactos gerados por um novo produto, processo ou serviço,encontra-se a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV). Este método tem como objetivo compreender e lidar com tais impactos gerados tanto de forma qualitativa, como também de forma quantitativa. A ACV busca verificar tais impactos em todas as suas fases do ciclo de vida, ou seja, desde a extração das matérias-primas, passando pelo processo de fabricação e uso até o descarte ou descaracterização final de um determinado produto. Porém, tais impactos não se restringem apenas ao campo ambiental. Ao se questionar a sustentabilidade do modo de vida do ser humano, tal escopo acaba se ampliando, incluindo também as questões social e econômica. Desta forma, avaliações que atualmente analisam somente os impactos ambientais num processo de fabricação, por exemplo, terão que se auxiliar de mensurações econômicas e sociais a fim de poder compreender e lidar com a futura sustentabilidade deste processo. O mesmo acaba valendo para a metodologia adotada, pois a análise dos impactos ambientais terá que englobar os resultados econômicos e sociais. É neste caminhar que a Avaliação do Ciclo de Vida busca se adequar a esta visão de avaliação baseada nestas três dimensões (ambiental, econômica e social) tornando-seuma Avaliação da Sustentabilidade do Ciclo de Vida (ASCV). Este novo método buscou agregar os impactos sociais e econômicos com os ambientais já medidos durante o ciclo de vida de um determinado produto ou serviço. O Rio Grande do Sul (RS), assim como todo o Brasil vem enfrentando este mesmo desafio, a partir da homologação da Lei no 11.097, que determina a adição de biodiesel ao óleo Diesel. Desta forma, a matriz energética brasileira começou a se modificar incorporando fontes de energia alternativas através da biomassa, entre elas a soja. Portanto, torna-se prudente avaliar de que forma os impactos ambientais, sociais e econômicos se comportam ao se substituir o Diesel pelo biodiesel. Assim, este trabalho buscou verificar dentro do estado do Rio Grande do Sul o nível de sustentabilidade do biodiesel de sojabaseando-se no ciclo de vida deste. Para isso,foi utilizada uma forma de ASCV a fim de qualificar e quantificar estes impactos. Tais resultados têm o intuito de auxiliar nesta nova escolha para a matriz energética, para que os futuros tomadores de decisão possam lidar melhor com este processo de transição. Desta maneira trabalhou-se o ciclo de vida do biodiesel gaúcho em três fases: agrícola, industrial e uso e transporte. Foram mensuradas 6 categorias de impacto ambiental, 3 categorias de custo e 3 partes interessadas: acidificação, eutrofização, aquecimento global, recursos abióticos, uso do solo, uso da água, custos de insumos, custos de infraestrutura e manutenção, despesas financeiras, trabalhadores, comunidade local e sociedade, e atores da cadeia de valor. A coleta de dados ocorreu tanto por questionários como por coleta de dados secundários (específicos e genéricos). De uma forma geral verificou-se que enquanto a fase agrícola do biodiesel gaúcho destaca-se na dimensão ambiental, a fase industrial apresenta potencialidades na dimensão econômica. Verificou-se que os impactos mais críticos em cada dimensão do ciclo de vida do biodiesel acabaram sendo a acidificação (ambiental), custos de insumos (econômica) e a parte interessada comunidade local/sociedade (social). Por fim,verificou-se que o biodiesel gaúcho possui uma boa sustentabilidade onde se percebe a dimensão social com maior potencialidade de melhoria. / The condition of human being using natural resources in a way to become sustainable to the planet necessitates revision in our current way of life. Besides that, when human beings think about a new coexistence with the rest of the planet, they must evaluate the probable effects (that) their actions can generate. Hence, it is important to analyze which externalities (positive or negative) may result from this process. Among the methods which already exist to evaluate the impacts generated by a new product, process or service; there is the Life Cycle Assessment (LCA). This method aims to understand and deal with the impacts generated, in both quantitative and qualitative ways. LCA seeks to verify the impacts in all phases, i.e., from the raw material extraction through the manufacturing process and use, until disposal as waste. However, these impacts are not restricted only to the environmental field. When the humans way of life is questioned, in terms of sustainability, it is necessary to widen the scope, aggregating also the social and economic dimensions. Therefore, current evaluations which analyze only environmental impacts in the manufacturing process, for instance, are being expanded for economical and social measurements in order to understand and deal with the sustainability of these processes. The same happens with methods, because the environmental impact analysis will have to encompass social and economic results. These include the LCA method which we should try to fit in this kind of evaluation based on three dimensions (environmental, social and economical), offering a Life Cycle Sustainability Assessment (LCSA). This innovative method seeks to aggregate the social and economical impacts into the environmental impacts already measured during the LCA related to a specific product or service. Rio Grande do Sul State (RS), like the rest of Brazil, has this same challenge, since the approval of the Brazilian Law number 11.097 which has established biodiesel addition to Diesel. In this way, Brazilian energy matrix began to change; encompassing alternative energy sources from biomass, among them soybean. Therefore, with a cautious approach it becomes necessary to evaluate in which way environmental, social and economical impacts behave when Diesel is replaced by soybean biodiesel. Thus, this work seeks to verify, the level of sustainability of soybean biodiesel in produced in Rio Grande do Sul, based on their LCA. For this, it will be used an LCSA analysis with the aim to qualify and quantify these impacts. The results obtained will help in a better understanding of this energy matrix, assisting decision-makers to better deal with this transition process. In this way, the life cycle of Rio Grande do Sul biodiesel was assessed in three stages: agricultural, industrial, and use and transport. It was measured 12 impact categories and/or stakeholders: acidification, eutrophication, global warming, abiotic depletion, land use, water depletion, supply costs, infrastructure and maintenance costs, financial expenses, workers, local communities and society, and value chain actors. The data collection was made both, by questionnaires and by secondary data collect (specific and generics). In general, it was verified that while the agricultural stage of the biodiesel stand out in environmental dimension, the industrial stage presents potential in economical dimension. Besides that, the stage of use and transport presented like the weakest link in this biofuel chain. In relation to social dimension was perceived a lack of maturity in all stages of life cycle which brought problemsto a better data collection and homogeneity of these results in relation to environmental and economical dimension results. It was found that the most critical impacts in each dimension were acidification (environmental), supply costs (economical) and the stakeholder local communities/society (social). Lastly, it was checked that the Rio Grande do Sul biodiesel has a good level of sustainability which it is possible to perceive a social dimension with higher potential of improvement.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:lume56.ufrgs.br:10183/129810 |
Date | January 2015 |
Creators | Zortea, Rafael Batista |
Contributors | Cybis, Luiz Fernando de Abreu |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Format | application/pdf |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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