A aloimunização contra antígenos eritrocitários decorre normalmente de gestações ou transfusões prévias e torna-se um problema mais frequente entre pacientes submetidos à transfusão, até mesmo entre pacientes transfundidos de forma esporádica, como nos casos de pacientes com câncer de mama. A detecção de anticorpos irregulares deve ser realizada com técnica sensível, capaz de detectar os anticorpos de maior relevância clínica. A falha na detecção de um aloanticorpo pode levar a reação transfusional hemolítica aguda ou tardia de intensidade variável que podem agravar ainda mais a condição clínica do receptor. Atualmente no Hospital do Câncer III, a detecção de anticorpo irregular é realizada na técnica em gel-teste na fase de antiglobulina humana. O presente trabalho teve como objetivos avaliar o impacto da implantação da técnica enzimática na pesquisa de anticorpos irregulares (P.A.I) na rotina pré-transfusional em associação à técnica utilizada na rotina, e estudar o perfil de aloimunização em portadores do câncer de mama atendidos nesse serviço. Entre junho de 2015 e maio de 2016, 429 amostras de sangue de pacientes com câncer de mama coletadas para testes pré-transfusionais foram submetidas à P.A.I pelas metodologias em Liss\\AGH e Nacl\\Enzima. Quando a P.A.I resultava positiva, a identificação do anticorpo era realizada utilizando a técnica correspondente. A frequência de aloimunização encontrada pela técnica de Liss/AGH foi de 1,86% (8/429), enquanto a técnica enzimática revelou uma taxa de aloimunização de 7,6% (32/421) e com associação dos resultados de ambas técnicas obtivemos 9,32% (40/429). . Assim como na literatura, os anticorpos dos sistemas Rh foram os mais frequentes. A rotina institucional apresentou o Anti-D como predominante em 5 amostras (41,6%), seguido por 2 Anti-E (16,6%), 2 Anti-C (16,6%), 1 Anti-Lea (8,4%) , 1 Anti-Jka (8,4%) e 1 Anti-S (8,40). Enquanto que em enzima, o Anti-E foi o mais predominante em 13 amostras (35%), seguido por 9 (24%) autoanticorpos públicos quentes, 7 Anti-Lea (19%), 4 Anti-D (11%), 1 Anti-C (2,75%), 1 Anti-Cw (2,75%), 1 Anti-K (2,75%) e 1 Anti- Dia (2,75%). Para comparar proporções do perfil de aloimunização desses pacientes, foram utilizados os testes Qui-quadrado e Teste G, com valores de p<0,10 considerados significantes. Foram observadas diferenças significantes entre aloimunizados e não aloimunizados quanto à cor da pele, classificação RhD, histórico transfusional e tempo de incidência de aloanticorpo. Observamos que a aloimunização não está correlacionada ao número de transfusões de concentrados de hemácias na Instituição e sim pelo histórico transfusional. Antecedentes transfusionais foram identificados em 27,5% dos aloimunizados e 14% dos não aloimunizados (p) = 0.0398. O predomínio de RhD 7 positivo foi verificado tanto nos aloimunizados quanto nos grupos dos não aloimunizados com percentuais de 75% e 90%, respectivamente (p) = 0.0147. De acordo com a estimativa do tempo para geração de aloanticorpos, todas as aloimunizadas (100%) apresentaram resultado considerado longo, sendo superior a 72 horas. Dentre as não aloimunizadas o mesmo tempo apresentouse em 41 (82%) das pacientes (p) = 0.0583, demonstrando que a técnica enzimática pode ser utilizada com o intuito de se detectar aloanticorpos em reduzido intervalo de tempo pós-exposição a antígenos eritrocitários. Diante desses fatos, propomos a aplicação da fenotipagem eritrocitária para os antígenos dos sistemas Kell e Rh, para os indivíduos portadores do câncer de mama. Também propomos a ampliação deste projeto na rotina pré- transfusional sobre os demais grupos de pacientes oncológicos tratados pelo INCA. Tal medida certamente contribuirá para reduzir o risco de transfusões fenótipo imcompatíveis que poderiam acarretar reações transfusionais hemolíticas ou transfusões ineficazes. / The alloimmunization from erythrocyte antigens usually happens from previous pregnancies or transfusions and becomes a frequent problem among patients undergoing transfusion, even among those transfused sporadically, as in the cases of patients with breast cancer. The detection of irregular antibodies should be performed with sensitive technique capable of detecting the most clinically relevant antibodies. The failure of detecting an alloantibody can provoke acute or delayed hemolytic transfusion reaction of varying intensity that can further worsen the clinical condition of the recipient. Currently in the Cancer Hospital III, irregular antibody detection is performed in the gel-test technique at the stage of human antiglobulin. This study aimed to evaluate the impact of enzymatic technique implementation in irregular antibody screening (PAI) in the pre-transfusion routine in association with the technique used in routine, and study the alloimmunization profile in patients with breast cancer treated in this service. Between June 2015 and May 2016 XXX blood samples (serum? Plasma?) Of patients with breast cancer collected for pre-transfusion tests were submitted to the P.A.I methodologies Liss \\ AGH and NaCl \\ enzyme. When P.A.I resulted positive, identification of the antibody was carried out using the corresponding technique. The frequency of alloimmunization found by the technique Liss / AGH was 1.86% (8/429), whereas the enzymatic technique revealed an alloimmunization rate of 7.6% (32/421) and association of the results of both techniques was 9.32% (40/429). As found in literature, the antibodies of the Rh systems were the most frequent. The institutional routine presented anti-D as prevalent in 5 samples (41.6%), followed by anti-E 2 (16.6%) 2 Anti-C (16.6%) 1 Anti-Lea (8, 4%), anti-Jka 1 (8.4%) and anti-S 1 (8.40). While in enzyme technique, Anti-E was the most predominant in 13 samples (35%), followed by 9 (24%) hot public autoantibodies 7 Anti-Lea (19%) 4 Anti-D (11%), 1 Anti-C (2.75%), Anti-Cw 1 (2.75%) 1 Anti-K (2.75%) and Anti Day 1 (2.75%). To compare alloimmunization profile proportions of these patients, the Chi-square test and test G were used, with p <0.10 considered significant. Significant differences were observed between alloimmunized and not alloimmunized as ethnicity, RhD classification, transfusional historic and time of incidence of alloantibodies. We note that alloimmunization is not correlated to the number of red cell concentrate transfusions in the institution but by transfusional historic. Past transfusions have been identified in 27.5% of alloimmunized and 14% of non-alloimmunized (p) = 0.0398 patients. The prevalence of RhD positive was observed in both groups alloimmunized and non-alloimmunized with 75% and 90%, respectively (p) = 0.0147. According to the estimated time for the generation of alloantibodies, all isoimmunized (100%) had 9 results considered long, and more than 72 hours. Among the non-alloimmunized, 41 (82%) patients (p) = 0.0583 presented the same time, indicating that the enzymatic technique can be used in order to detect alloantibodies in a reduced post-exposure interval to erythrocyte antigens. Given these facts, we propose the application of phenotyping erythrocyte to the antigens of the Kell and Rh systems, for all individuals of breast cancer. We also propose the extension of this project in the pre-transfusion routine on other groups of cancer patients treated by INCA. This measure will certainly help to reduce the risk of transfusion incompatible phenotype that could cause hemolytic transfusion reactions or ineffective transfusions.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-08062017-100958 |
Date | 22 February 2017 |
Creators | Costa, Renato Nascimento da |
Contributors | Rodrigues, Rodrigo do Tocantins Calado de Saloma |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | Dissertação de Mestrado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
Page generated in 0.003 seconds