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Realismo nomológico e os problemas da identificação e da inferência

Orientador: Prof. Dr. Eduardo Salles de Oliveira Barra / Dissertaçao (mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Defesa: Curitiba, 03/03/2017 / Inclui referências : f. 122-125 / Resumo: Este trabalho discute o realismo nomológico (RN), posição segundo a qual existem leis da natureza. Meu objetivo é argumentar em favor do essencialismo disposicional (ED), uma posição dentro do realismo nomológico que sustenta a existência de propriedades disposicionais irredutíveis. Segundo os defensores do ED - tais como Bird, Ellis e Ghins - a postulação de disposições permite estabelecer as leis da natureza como metafisicamente necessárias. A análise proposta neste trabalho tem como fio condutor o problema da identificação e o problema da inferência, formulados por Bas van Fraassen. Segundo o autor, esses problemas se apresentam como um dilema destrutivo a qualquer concepção que pretenda conferir sentido à afirmação da existência de leis da natureza. Pretendo argumentar que as concepções regularista humeana e necessitarista categorialista das leis não conseguem fornecer soluções satisfatórias a qualquer um desses problemas. O regularismo consiste na identificação das leis da natureza a regularidades contingentes. Nessa visão, o caráter sistemático (e não o metafísico) das leis é enfatizado. Nisso consiste a posição conhecida como Mill-Ramsey-Lewis, que identifica as leis a axiomas e teoremas do sistema dedutivo que melhor equilibra simplicidade e força. Seguindo van Fraassen, defendo que esta posição não é capaz de distinguir as generalizações que tem caráter nomológico e aquelas que são meramente acidentais. Por outro lado, o necessitarismo categorialista propõe identificar as leis a relações de necessitação entre universais categóricos. Certamente, o disposicionalismo também defende uma posição necessitarista, visto que considera as leis necessárias. Entretanto, ao contrário do disposicionalista, o necessitarismo categorialista não endossa a existência de disposições irredutíveis. Há duas versões dessa posição, uma baseada na visão platonista dos universais (Tooley), e outra baseada numa caracterização aristotélica (Armstrong). Defendo que ambas as versões dessa teoria sucumbem diante do problema da inferência, isto é, os seus proponentes não conseguem explicar de que modo uma relação de segunda-ordem entre universais acarreta a regularidade correspondente. Em seguida, apresento a ontologia disposicionalista como uma alternativa capaz de superar as dificuldades enfrentadas pelas posições acima referidas. Discuto também algumas das principais objeções usualmente dirigidas ao disposicionalismo. Por fim, argumento que a concepção derivada do ED é capaz de solucionar de modo mais satisfatório os problemas da identificação e da inferência. Desenvolvo essa argumentação de modo comparativo com as respostas de Lewis e Armstrong aos mesmos problemas. Desse modo, proponho uma defesa da identificação das leis da natureza a proposições que descrevem os poderes causais dos objetos. Como consequência, tais proposições serão verdadeiras em circunstâncias específicas, isto é, aquelas nas quais as disposições das coisas manifestam seus efeitos característicos. Palavras-chave: Leis da Natureza. Essencialismo Disposicional. Realismo Nomológico. Necessitarismo. Regularismo. / Abstract: In this paper, I discuss nomological realism (NR), philosophical account that argue for the existence of laws of nature. My aim is to argue in favor of dispositional essentialism (DE), according to which there are irreducible dispositional properties. As reported by the upholders of DE - as Bird, Ellis and Ghins - positing dispositions allows to grant the metaphysical necessity of laws of nature. The analysis proposed in this paper is based on the identification problem and on the inference problem, presented by Bas van Fraassen. According to him, both problems emerge as a destructive dilemma towards any account trying to make sense of the idea that there are laws of nature. I intend to hold that both the regularity view and the necessitation view of laws cannot offer a satisfactory account to these problems. Regularity view identifies laws of nature as contingent uniformities. In this view, the systematic character (and not the metaphysical one) of laws is highlighted. Thus, Mill-Ramsey-Lewis allege that laws are axioms and theorems of the deductive system that best balances simplicity and force. Following van Fraassen, I hold that this theory cannot distinguish between nomological generalizations and the accidental ones. On the other hand, the necessitarian account proposes to identify laws to necessitation relations among categorical universals. Of course, dispositionalism also holds a necessitarian account on laws, for it regards laws as necessary. Nevertheless, contrary to dispositionalism, the necessity view defended by Dretske-Tooley-Armstrong does not endorse the existence of irreducible dispositions. There are two versions of this view, the first is based on the Platonist account of universals (Tooley), while the second is based on an Aristotelian account (Armstrong). I hold that both versions of necessitarian account collapse in face of the inference problem, i.e. their proponents cannot explain how is it possible for a second-order relation among universals to entail the corresponding uniformity. Afterwards, I present the dispositionalist ontology as an alternative which can overcome the difficulties faced by the theories cited above. In addition, I discuss some of the main objections usually directed towards dispositionalism. Finally, I hold that the account derived from DE is capable of solve the identification and inference problems in a more suitable way. This evaluation is done based on the confrontation with regularity and necessitarian accounts on the same problems. Thereby, I propose to identify laws of nature with propositions describing causal powers of things. Consequently, those propositions are true in very specific circumstances, namely, those circumstances in which the dispositions of thing manifest their characteristic effects. Keywords: Laws of Nature. Dispositional Essentialism. Nomological Realism. Necessitarian. Regularity.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:dspace.c3sl.ufpr.br:1884/47910
Date January 2017
CreatorsCani, Renato Cesar
ContributorsUniversidade Federal do Paraná. Setor de Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Filosofia, Barra, Eduardo Salles de Oliveira
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Format125 f., application/pdf
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFPR, instname:Universidade Federal do Paraná, instacron:UFPR
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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