A neuroimunomodulação é um ramo da ciência que estuda as inter-relações existentes entre o SNC e o SI. O termo inter-relações foi empregado porque, sabe-se hoje serem estas relações bidirecionais. Conhecendo-se a existência desta comunicação, não é difícil de se supor que substâncias que atuem no sistema neuro-endócrino tenham a capacidade de influenciar as respostas imunes seja por uma ação neuroimune indireta ou por outra que se faça diretamente nas células imunes. Os canabinóides (endógenos, derivados da planta e sintéticos) apresentam um amplo espectro de ações, dentre as quais cabe destacar aquelas sobre o comportamento (ansiedade e medo), o sistema neuro-endócrino (ativação do eixo HHA) e imune (resposta imune inata e adquirida). Estes efeitos são geralmente atribuídos à ligação dos canabinóides a receptores específicos presentes no SNC (receptores CB1) e na periferia (receptores CB2). Neste sentido, buscamos neste trabalho avaliar os efeitos da Anandamida (AEA), uma agonista canabinóide endógeno, sobre o comportamento, a ativação do eixo HHA e alguns parâmetros de atividade imune adquirida, e o fizemos à luz de mecanismos neuroimunomodulatórios. Nossos resultados mostraram que os efeitos da AEA sobre o comportamento são dependentes da dose e, também, do tempo de latência para as observações. Neste sentido, 10 minutos após a administração de doses crescentes de AEA observou-se, tanto no campo aberto como no LCE, um efeito que seguiu um padrão de curva em U invertido dependente da dose. Nossos resultados mostraram, também, que a AEA na dose de 0,1mg/kg administrada 90 minutos antes das observações, aumentou o tempo gasto pelos animais em movimento na zona periférica e diminui o tempo gasto em movimento na zona central do campo aberto. Mostrou-se, ainda, que a AEA na dose de 0,1mg/kg aumentou acentuadamente os níveis séricos de corticosterona nos animais medidos 45 e 90 minutos após a administração. Finalmente, mostrou-se que uma dose de 0,1mg/kg de AEA previamente a uma imunização com OVA promoveu um aumento da reposta de hipersensibilidade do tipo tardia (DTH) e um aumento na porcentagem de proliferação de células T CD4+. Estes resultados em seu conjunto permitem sugerir que a AEA (0,1mg/kg) administrada 90 minutos antes das observações tenha se comportado como um estressor químico, promovendo efeito semelhante ao de ansiogênicos no campo aberto e aumentando os níveis séricos de corticosterona; esses níveis aumentados de corticosterona teriam sido os responsáveis pelo aumento da resposta imune celular (Th1) observada. / Neuroimmunomodulation is a field of research concerned with the relationships between the CNS and the IS. The term relationship is frequently employed because it is assumed that such communication is bidirectional. In this regard, if we consider that this communication exists, it should be accetable that substances acting on the neuroendocrine system are able of modifying immune responses, either acting via a neuroimmune indirect pathway, or acting directly on immune cells. Cannabinoids (endogenous, plant derived, and synthetic) show a large spectrum of actions over the body. We emphasize here, behavioral (anxiety and fear), endocrine (HPA axis activation), and immune (innate and adaptative immunity) effects. These effects are generally attributed to cannabinoid bind to specific receptors present on CNS (CB1 receptors) and in the periphery (CB2 receptors). In this sense, we evaluated Anandamide (AEA, an endogenous cannabinoid agonist) effects, on behavior, HPA axis activation, and parameters of adaptative immunity, particularly neuroimmune relationships. Briefly, our results show that the AEA effects on behavior are dependent on the dose and time. Thus, 10 minutes after injection of growing increasing doses of AEA, we found in the open field and plus maze an inverted U-shape dose-response for AEA which is characteristic of cannabinoids in this type of behavioral evaluation. Additionally we show, that AEA 0,1mg/kg after 90 minutes of administration increased the time spent in the peripheral zone, and decreased the time spent in the central zone of the open field. Furthermore, we found that AEA 0.1mg/kg strongly increased the serum levels of corticosterone after 45 and 90 minutes of administration. Finally, we show that AEA 0.1mg/kg prior to immunization promoted an increase of delayed-type hypersensitivity (DTH) and an increase in the percentage of CD4+ T cell proliferation. These results allow us to suggest that AEA 0.1mg/kg 90 minutes after administration acted as a chemical stressor, promoting an anxiogenic-like effect in the open field, and increasing the serum levels of corticosterone. Additionally, the increased levels of corticosterone at the moment of antigenic exposition could be responsible for the increased cell-mediated immunity (Th1) observed.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-10012008-103900 |
Date | 06 December 2007 |
Creators | Alison Ribeiro |
Contributors | João Palermo Neto, Roberto Frussa Filho, Frederico Azevedo da Costa Pinto |
Publisher | Universidade de São Paulo, Patologia Experimental e Comparada, USP, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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