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Ensaios sobre o morrer : como escrever sobre algo que não se fala?

Esta dissertação de mestrado põe em questão o morrer, verbo tão elástico que confunde-se com a própria vida. Partindo do pressuposto que o morrer é um processo que cabe aos vivos e, por isso, é atravessado pelas relações do sujeito com a verdade, o seguinte trabalho pretende analisar, a partir do instante presente, como a sociedade moderna ocidental se organizou para dar conta dos infinitos mistérios que a morte desperta nos indivíduos em paralelo com o projeto de governo do Estado de gestão e controle da população, a partir das práticas biopolíticas e da legitimidade do saber médico que prescreve o que é uma vida, quais são os valores que a determinam e sob que códigos e condutas os seres devem se submeter para serem considerados existentes. Aliado ao filósofo Michel Foucault e Giorgio Agamben, propõe-se um percurso sinuoso da emergência do racismo biológico e do racismo de Estado para refletir sobre os grandes genocídios do século XX, sob a perspectiva de uma Tanatopolítica. Através do recurso do ensaio, este trabalho provocará a pergunta: como escrever sobre algo que não se fala O ensaio, mais do que um método, é um artesania capaz de costurar o tempo e a história em busca do passado de nossas verdades presentes e um convite ao leitor a um livre flanar pelos rastros de um conhecimento subsumido das cátedras acadêmicas, mas que clama por sua palavra e seu sepultamento. Ensaiar é permitir, também, que a ficção, a poesia e a literatura entrem pela porta da frente na obstinação do saber. Se a ciência moderna carece de evidências acerca do morrer e seus processos, o ensaio responde, sem ferir os mistérios do mundo, com mais questões que permitem criar outras realidades, fora das instituídas. Junto com Walter Benjamin, Jorge Larrosa, Peter Pal Pelbart e outros filósofos, a dissertação problematiza a distância entre a pesquisa e a militância, flertando com o saber morrer e apostando no luto enquanto luta, ensaiando outras maneiras de dar sentido a ausência com a inventividade política dos movimentos de ocupação atuais para fazer frente ao projeto biopolítico. / This master's dissertation questions dying: a verb so elastic that it is confused with life itself. Based on the assumption that dying is a process that belongs to the living and is therefore crossed by the subject's relations with the truth, the following work intends to analyze, from the present moment, how modern Western society organized itself to address the infinite mysteries that death awakens in the individuals in parallel with the state governor's project of management and control of the population, from the biopolitical practices and the legitimacy of the medical knowledge that prescribes what a life is, what the values that determine it are and under what codes and behaviors living beings must undergo to be considered existing. Allied with the philosophers Michel Foucault and Giorgio Agamben, it is proposed a sinuous route of the emergence of the biological racism and the racism of State to reflect on the great genocides of century XX, from the perspective of Tanatopolitics. This work will provoke the question in the form of an essay: how do we write about something that is not spoken The essay, more than a method, is a craft capable of sewing time and history in search of the past of our present truths and an invitation to the reader to a free walk through the traces of a subsumed knowledge of academic chairs, but that claims by its word and its burial. Essaying is to allow, also, that fiction, poetry, and literature enter the front door in the obstinacy of knowledge. If modern science lacks evidence about dying and its processes, this essay responds, without hurting the mysteries of the world, with more questions that enable us to create other realities, other than those instituted. Along with Walter Benjamin, Jorge Larrosa, Peter Pal Pelbart, and other philosophers, this dissertation problematizes the distance between research and militancy, flirting with the acceptance of dying, and betting on mourning while fighting, essaying other ways to make sense of absence with the political inventiveness of the current occupation movements facing the biopolitical project.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:lume56.ufrgs.br:10183/172194
Date January 2017
CreatorsIsoppo, Rodrigo Schames
ContributorsTittoni, Jaqueline
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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