A presente dissertação tem como objetivo analisar de que maneira a escravidão africana é representada nas aulas e materiais didáticos utilizados no Ensino Fundamental. O enfoque do trabalho parte da hipótese de que as aulas de História, estruturadas a partir de uma concepção ocidental de viés liberal da periodização histórica, dificultam a introdução de enfoques narrativos alternativos que valorizem a cultura e a população afro-brasileira, mantendo uma visão negativa sobre a população negra, principalmente por meio da forma como ocorre o ensino sobre a escravidão africana. A pesquisa teve sua fundamentação teórica baseada no conceito gramsciano de hegemonia - da maneira que foi apropriado pelos Estudos Culturais britânicos - e pelo conceito de consciência histórica formulado pela Teoria da História, de Jörn Rüsen. Os dados empíricos foram coletados em duas escolas públicas da cidade de São Paulo - uma da rede estadual e outra da rede municipal por meio de pesquisa etnográfica nas salas de aula, questionários e entrevistas. Também foram analisados as diretrizes disciplinares de História das duas redes de ensino e os materiais didáticos utilizados por professores e estudantes. Após a pesquisa, concluiu-se que a narrativa histórica sobre a escravidão ensinada nas escolas, dentro de uma periodização ocidental com viés liberal, implica na construção de uma identidade afro-brasileira carregada de negatividade, fator que dificulta a ressignificação das relações étnico-raciais dentro das estratégias propostas pela Lei Federal 10.639/2003. / This dissertation aims to analyze in what manner African slavery is represented in classes and teaching materials used in elementary school. The work focus rests on the assumption that History classes, structured on a liberal bias Western conception of historical periodization, hinder the introduction of alternative narrative approaches that value the culture and africanBrazilian population, maintaining a negative outlook on the black population, specially by the manner of teaching African slavery. The research had its theoretical foundation based in the Gramscian concept of hegemony in the way it was adopted by the British Cultural Studies - and in the concept of historical consciousness formulated in the Theory of History, by Jörn Rüsen. Empirical data were collected in two public schools in the city of São Paulo - one of the state government and the other of the municipal network - through ethnographic research in classrooms, questionnaires and interviews. Guidelines for History teaching and class materials used by teachers and students of both school systems were also analyzed. After research it was concluded that the historical narrative about slavery taught in schools, within a Western periodization with liberal bias, implies the construction of an african-Brazilian identity laden with negativity, which hampers the reframing of ethnic-racial relations within the strategies proposed by federal law 10.639 / 2003.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-30032017-160359 |
Date | 10 November 2016 |
Creators | Pacini, Henrique Ferreira |
Contributors | Lopes, Katia Maria Abud |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | Dissertação de Mestrado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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