A presente tese analisa o desenvolvimento do setor agroalimentar brasileiro, no período pós-1990, e suas relações com as oscilações da economia brasileira, com sua inserção internacional e com a política agrícola. O papel dos investimentos, da demanda e dos recursos ociosos ocupa espaço central na análise. A hipótese central é que a dinâmica do setor agroalimentar brasileiro, na década de 1990 e seguinte, foi marcada mais pelo amadurecimento dos investimentos realizados nas décadas de 1970 e 80, do que pela dinâmica da abertura e desmonte da ação do Estado da década de 1990. Baseado na teoria da dinâmica cíclica com formação de recursos ociosos de Ignácio Rangel e com apoio de ampla análise de dados argumentou-se que: 1- o crescimento do setor agroalimentar na década de 1990, e das exportações agrícolas após 1999, foram possíveis pelos investimentos e pela política de desenvolvimento do setor das décadas de 1970 e 80. Os investimentos no setor agroalimentar possuem uma dinâmica cíclica que respondeu a partir da década de 1990 reativamente ao crescimento, e que retornam após 1999 com recursos oficiais e a partir de 2003 com a elevação dos preços internacionais de commodities agrícolas. 2- a trajetória dos sub-setores do setor agroalimentar foi heterogênea, em conseqüência da mesma política macroeconômica. Logo, a diferença dos impactos causados relacionou-se diretamente a trajetória de cada sub-setor no período anterior à abertura em termos de investimentos, de nível tecnológico e em especial quanto as perspectivas de crescimento ou estagnação da demanda. 3- As oscilações da conjuntura, da política macroeconômica e das políticas setoriais são fundamentais. O setor é sensível a distribuição de renda, às taxas de crescimento do PIB e ao aumento do desemprego. Além disso, o setor agroalimentar apresentou um papel político central: na década de 1980, como elemento para o controle da inflação, recebeu incentivos e proteção; na década de 1990, as exportações são liberadas mas recorre-se às importações para baixar os preços internos. Após 1999, o setor passa a ocupar novamente o lugar de auxiliar na obtenção de divisas, de redução do déficit comercial e retomada do crescimento do PIB (como no início da década de 1980). Com isso, os interesses do setor se reforçam (incluindo seus representantes no legislativo e no executivo) e novas políticas setoriais de incentivo começam a surgir. 4- A dinâmica regional da agricultura é outro elemento central para se compreender os movimentos mais amplos do setor. A ociosidade de terras e de instalações industriais (devido as grandes distâncias entre as áreas produtoras de matérias-primas e a indústria e também devido aos impostos interestaduais) possui um componente territorial que influencia em toda a dinâmica do setor agroalimentar. As diferentes condições de solo, relevo e clima influenciam na produtividade e na escolha das técnicas utilizadas, o que gera grande diferenciação regional no Brasil. / This thesis analyzes the development of the Brazilian food sector in the post-1990, and its relations with the fluctuations of the Brazilian economy, with its international integration and agricultural policy. The investments, demand and idle resources has an important role. The central hypothesis is that the dynamics of the Brazilian food industry in the 1990s and after, was leaded by maturity of the investments in the 1970s and 80s. Based on the theory of cyclical dynamics with formation of idle resources by Ignacio Rangel and with broad support from data analysis, it was argued that: 1- the growth of food industry in the 1990s, and agricultural exports after 1999 were made possible by the investments and the development policy of the industry of the 1970s and 80s. Investment in food sector have a cyclical dynamic that responded from the 1990s reactively growth, and after returning in 1999 with governmental resources from 2003 to the rising international prices of agricultural commodities. 2- the trajectory of the sub-sectors of the food industry was heterogeneous, as a result of the macroeconomic policy. The difference of the impact caused is related directly to the trajectory of each sub-sector in the period before the opening, in terms of investments, technological level and specially on the prospects for growth or stagnation of demand. 3- Fluctuations in the economy, the macroeconomic policy and sectoral policies are crucial. The food sector is sensitive to distribution of income, the growth rates of GDP and increased unemployment. Moreover, the food sector had a central political role: in the 1980s, as an element for controlling inflation, its received subsidies and protection, in the 1990s, exports are released but it relies on imports to reduce domestic prices. After 1999, the food sector will again occupy the place of help in obtaining foreign currency, reducing the trade deficit and leading to growth of GDP (as in the early 1980\'s). With this, the interests of the sector is strengthening (including their representatives in the legislative and the executive) and new policies to encourage food sector begin to emerge. 4- The regional dynamics of agriculture is another key element to understanding the movements of the food sector. The idleness of land and industrial plants (due to the large distances between the areas producing raw materials and industry and also due to tax interstate) has a territorial component that influences the dynamic in the food sector. The different soil conditions, topography and climate influence the productivity and the choice of techniques, which generates large regional differences in Brazil.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-02122009-113643 |
Date | 31 August 2009 |
Creators | Medeiros, Marlon Clovis |
Contributors | Mamigonian, Armen |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | Tese de Doutorado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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