A teoria sociológica elaborada por Émile Durkheim parte do embate com o pensamento utilitarista e com a psicologia, e se desenvolve no sentido de superar a relação sempre tensa entre indivíduo e sociedade. Durkheim, acusado de um antiindividualismo atroz, na contramão do legado iluminista, é visto, por parte de seus intérpretes, como um sociologista e um conservador, principalmente no que concerne a seu pensamento atinente à moral. A obra Educação Moral é entendida por muitos como a notação desse conservadorismo. Contudo, em oposição a estas leituras defende-se, a partir de ampla bibliografia mas, sobretudo, a partir dos próprios trabalhos de Durkheim, a tese segundo a qual é possível identificar em sua teoria pedagógica uma tentativa de sintetizar sociologismo e individualismo. Tal tentativa pode ser avistada no modo como o autor concebe a moral e seus elementos constitutivos, bem como em sua definição acerca do tipo de moralidade adequada à sociedade moderna, caracterizada, em que pese sua ênfase nos aspectos coletivos, pelo primado da razão e da autonomia. Com efeito, pretende-se demonstrar que as concepções morais de Durkheim estão em consonância tanto com a sua visão acerca da modernidade quanto com a sua definição de democracia, e que disso se depreende a necessidade de uma educação moral com vistas a formar o cidadão republicano, o ator social, consciente de seus direitos e de seus deveres, mas, sobretudo, de sua individualidade, definida no interior da vida coletiva. A exegese dos textos durkheimianos e a análise das interpretações consagradas pela literatura especializada constituem o ponto de partida metodológico deste trabalho, de modo que a seleção tanto das fontes primárias quanto das fontes secundárias se baseia na relevância, historicamente construída, dos textos escolhidos. / The sociological theory elaborated by Émile Durkheim emerges from the clash with the utilitarian thinking and the psychology and was developed to overcome the always tense relationship between individual and society. Durheim, accused of a strong antiindividualism, against the Enlightenment legacy, is seen by his interpreters as a sociologist and conservative, especially with regard to his thinking on morality. The work Moral Education is understood by many as a notation of this conservatism. However, in contrast to these readings, this research stands, from the point of view of a broad bibliography and mainly from Durkheim own works, the argument that it is possible to identify in his pedagogical theory an attempt to synthesize sociologism and individualism. Such an attempt can be identified in the mode the author conceives of morality and its constitutive elements, and his definition of the type of morality proper to modern society, which is characterized, despite his emphasis on collective aspect, by the primacy of reason and autonomy. Indeed, we intend to demonstrate that Durkheim moral views are both in line with his vision of modernity as with his definition of democracy, and that from these elements the need for moral education comes, in order to form the republican citizen, the social agent, this one conscious of his rights and his duties but, above all, his individuality, defined within the collective life. The exegesis of Durkheimian texts and the analisys advocated by the literature are the methodological point of departure of this research, so that both the selection of primary sources as well as the secondary ones is based on the relevancy, historically constructed, of the chosen texts.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-29072013-135539 |
Date | 21 June 2013 |
Creators | Vares, Sidnei Ferreira de |
Contributors | Francisco, Maria de Fatima Simoes |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | Tese de Doutorado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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