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Variação na dieta da tartaruga verde, Chelonia mydas, e o impacto da ingestão de lixo ao longo da costa brasileira

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Previous issue date: 2014 / Neste trabalho nós estudamos a dieta da tartaruga verde, Chelonia mydas, e os fatores envolvidos na variação de sua ecologia alimentar. Avaliamos também o impacto da ingestão de lixo, e os fatores que podem explicar a elevada ingestão destes resíduos entre os animais marinhos. No estudo da ecologia alimentar, nós avaliamos mais de 400 indivíduos, entre dados originais e da literatura, distribuídos ao longo de um gradiente
latitudinal e diversos ambientes. As tartarugas se alimentaram majoritariamente de macroalgas, porém apresentaram uma grande plasticidade alimentar, tanto em relação à estratégia de forrageamento quanto à dieta. Nas regiões mais frias e com menor disponibilidade de algas, as tartarugas mudaram de uma dieta herbívora, para uma dieta baseada em matéria animal. Esta mudança de dieta acarretou também em uma mudança de estratégia de forrageamento, saindo da alimentação bentônica para uma alimentação
pelágica. Estratégia esta que também foi encontrada nas áreas estuarinas. A plasticidade alimentar se deve à interação de fatores intrínsecos (restrições fisiológicas) e extrínsecos (regionais e locais). As diferenças nas estratégias de forragenamento acarretam também
em diferenças na exposição a ameaças. Um exemplo disso é a ingestão de lixo, que
apesar de ter sido registrada em mais de 70% das tartarugas (N = 265), representou uma ameaça maior aos animais com estratégia de forrageamento pelágica. O plástico foi o material mais ingerido, tendo como principal fonte itens relacionados à alimentação e
sacolas plásticas. O estudo também mostrou que uma quantidade pequena de lixo (0,5
g) é suficiente para causar a morte. Este resultado revelou que o potencial de letalidade por ingestão de lixo é muito maior que a mortalidade observada. A verdadeira ameaça da ingestão de lixo está sendo mascarada pela elevada mortalidade relacionada às atividades pesqueiras. A ingestão de lixo é normalmente atribuída à confusão de um item alimentar específico com o resíduo, como águas-vivas e sacolas plásticas. Porém, nós mostramos que se trata de uma questão mais ampla, e usamos a tartaruga verde, aves marinhas e peixes para ressaltar a importância de outros fatores como: abundância do lixo no ambiente, estratégia de forrageamento, capacidade de detecção do resíduo e
amplitude da dieta. Nós acreditamos que a ingestão de lixo ocorre devido a uma
armadilha evolutiva muito mais ampla do que a previamente sugerida, e que deve afetar
muito mais espécies que as que foram até hoje reportadas. Desarmar esta armadilha será particularmente difícil devido ao contínuo e crescente despejo de plástico no ambiente marinho e sua alta persistência no ambiente. / We studied the diet of green turtle, Chelonia mydas, and the factors involved in diet variation. We also evaluated the impact of debris ingestion and thefactors that may explain debris ingestionby many marine animals. In the diet study, we evaluated more than 400 turtles, including original data and data from the literature, distributed in a
latitudinal gradient and different environments. Turtles fed mainly on algae, however,they showed a high foraging plasticity, regarding both foraging strategy and diet items.
In cold waters with low algae availability, turtles shifted from an herbivore diet to a more carnivore one. This diet shift also resulted in a change in the foraging strategy, in which, turtles shifted from a benthic foraging to a pelagic foraging. This foraging
strategy shift was also found in turtles from the estuarine areas. The green turtle
foraging plasticity was due to intrinsic (physiological restrains) and extrinsic (regional and local) factors. Differences in foraging strategy also mean differences in exposure to threats, such as debris ingestion, which was higher in animals that exhibit a pelagic foraging strategy, despite being a widespread phenomenon (70.6%; N = 265). Plastic was the most ingested material, and it comes mainly from food related items and plastic
bags. Our study also showed that a very small amount of debris (0.5 g) is sufficient to kill a turtle. This result indicated that the mortality potential of debris ingestion is much higher than the observed mortality. The real threat imposed bydebris ingestion is
masked by the high mortality caused by fishery, because the former derived from a
chronicle process. A common hypothesis to explain debris ingestion is that debris
resembles a typical prey item (e.g. jellyfish and plastic bags). However, we showed that the debris ingestion involves broader reasons, and we used green turtles, seabirds and fishes to show the importance of other factors, such as: debris availability, foraging strategy, debris detectability and diet amplitude. We believe that the ingestion of debris
occurs due to a broad evolutionary trap, and may affect much more species than it has been reported. Disarming this trap will be particularly difficult due to continuous and intense release of plastics in the ocean and their high persistence in the environment.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:dspace2.ufes.br:10/1237
Date27 February 2014
CreatorsSantos, Robson Guimarães dos
ContributorsJoyeux, Jean Christophe, Baptistotte, Cecília, Ferreira Junior, Paulo Dias, Martins, Agnaldo Silva
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Formattext
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFES, instname:Universidade Federal do Espírito Santo, instacron:UFES
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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