A presente pesquisa se debruça sobre as práticas científicas contemporâneas em uma abordagem distinta dos pressupostos circulantes na modernidade. Tal proposta decorre da constatação, no campo de pesquisa em ensino de ciências, de uma ampla preocupação em tomar a ciência como fenômeno cultural. Com essa premissa em vista, colocamos alguns dos preceitos das ciências em variação a partir do encontro com modos de pensamento distintos. Pautamo-nos nas provocações de Friedrich Nietzsche para transtornar a noção de verdade. Tal movimento confrontaria as ciências com outros pressupostos, permitindo abrir a questão do conhecimento a partir de formas de conhecimento não científicas. Na qualidade de uma prática de conhecimento como outras, aproximamos as ciências de uma filosofia da antiguidade, o estoicismo, bem como da literatura russa do século XIX. Essa escolha se fundamenta na presença, nos textos estoicos, de exercícios visando ao encontro com a natureza. A literatura russa, por sua vez, aproximaria a questão das existências a uma radical implicação entre tempo e vida. Portanto, um encontro entre três frentes de pensamento distintas as práticas científicas contemporâneas, a filosofia estoica e a experiência literária russa seria um meio para discutir a imanência na prática científica. Visando explorar os modos de conhecimento contemporâneos, nos apropriamos dos discursos de quatro pesquisadores docentes de universidades públicas do Estado de São Paulo. A partir da noção de anonimato discursivo discutida por Michel Foucault, concebemos as práticas desses agentes institucionais como acontecimentos discursivos que remeteriam aos modos de pesquisa do presente. As práticas científicas atuais e a filosofia estoica compõem, concomitantemente, modulações do conhecimento atitudes ligadas aos modos de vida e a uma ambiência do pensamento característica de diferentes tempos. A composição e a discussão dessas modulações visam à afirmação de uma prática do conhecimento pautada na imanência. O principal eixo desses deslindes seria a simbiose da relação estabelecida entre homem e mundo. Nossa pesquisa aponta para um íntimo enredamento entre o estilo existencial dos cientistas e o tipo de conhecimento produzido. No limite, uma imanência entre modos de vida e conhecimento estaria em jogo nas narrativas contemporâneas, na literatura russa e na filosofia estoica. Uma tensão constante entre diferentes modos de conhecer permeando um mesmo tempo afirmaria uma perspectiva das práticas de conhecimento implicando a vida dos pesquisadores e suas investigações. O tempo produz as condições para as tensões do ato de conhecer. Apontamos, portanto, uma física temporal e ambígua das práticas de conhecimento. / Our research attacks the contemporary scientific practices in an approach different from those from modernity. Such proposal was made after we noticed, in the field of science teaching, the presence of a wide attention towards sciences as a cultural phenomenon. With that assumption in our view, we made some of sciences precepts vary in the encounter with different forms of thought. We based our arguments in Friedrich Nietzsches defiance toward the notion of truth. This movement would lead science into a new set of principles, able to get into account complex interactions with other styles of thought, besides the premises of progress in sciences. As a manner of knowledge as any other, we approach sciences towards an antique philosophy, stoicism, as well as towards Russian literature from the XIX century. Such choice is based in the presence, in stoic texts, of exercises centered in the knowledge of nature. Russian literature, meanwhile, would answer the question of existences and the implication between physics and men in a radical way. Hence, the encounter between three different ways of thought contemporary practices of science, ancient philosophy and Russian literature would be a guide to make immanence show up in scientific practice. To explore contemporary styles of thought, we investigated the discourses of four professors in public universities in São Paulo State. From the notion of discursive anonymity created by Michel Foucault, we conceived these agents practices as discursive happenings that remit to research styles of present time. Current scientific practices and stoic philosophy make up, simultaneously, knowledge modulations postures tied to life styles and an atmosphere of thought characteristic from different historical epochs. The main axis of those displacements would be immanence of the act of knowing and the symbiosis of the relationship between men and world. Our research aims to an intimate entanglement between the existential style of the agents of knowledge and the kind of knowledge produced. On the limit, an immanence between life styles and knowledge would be at stake in our contemporary scientific narratives, in Russian literature and in ancient philosophy. A constant tension between different styles of knowledge which permeate a single time would affirm the immanence of existence of the researchers and knowledge. In the end, time would contain and produce the conditions of existence of the tensions of the act of knowledge. We point out, finally, a temporal physics and an ambiguous practice of knowledge.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-15062015-144002 |
Date | 16 April 2015 |
Creators | Freitas, Lucas Bizarria |
Contributors | Ribeiro, Cintya Regina |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | Dissertação de Mestrado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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