Esta pesquisa tem por objetivo investigar a construção do discurso moderno envolvendo as mudanças climáticas globais. Tal discurso, que podemos observar em diversos tipos de publicações, eventos e atitudes, apregoa em geral a noção de que as mudanças climáticas globais já são uma realidade auto-evidente, com efeitos devastadores mundo afora, com um aquecimento progressivo e provocadas pelo homem, por meio do lançamento indiscriminado de poluentes na atmosfera. Sendo assim, fazem-se apelos apaixonados pela preservação da saúde do planeta, pela redução da emissão de poluentes, pois do contrário sofreremos graves conseqüências em nossas vidas, por exemplo, na agricultura, no abastecimento de água, no conforto térmico e na disseminação de doenças. Entretanto, no interior da comunidade científica, ao contrário do que possa parecer à primeira vista, não existe um consenso quanto às causas, conseqüências e mesmo quanto à realidade do aquecimento global. Constrói-se, dessa forma, um discurso que toma hipóteses por certezas, doutrinador pelo medo e, principalmente, que não rompe com as bases da concepção de mundo que gerou a degradação ambiental. Idealiza a possibilidade de uma harmonia entre a sociedade e natureza mas, ao mesmo tempo, conserva o mesmo tipo de racionalidade com relação a medidas mitigadoras e mantém seu utilitarismo - devemos proteger o meio ambiente porque o homem necessita dos recursos naturais para sobreviver. Enfim, faz o \"jogo do inimigo\", pois o apelo às graves conseqüências do aquecimento global é de forte impacto e tem maiores chances de agregar partidários e surtir algum efeito prático de mitigação. Acreditamos que, embora tal atitude possa até funcionar, não é o melhor caminho para a construção de uma autêntica consciência ecológica por manter fundamentalmente inalterada a mentalidade criticada. Sugerimos, assim, a construção de um argumento ético, a saber, o do valor intrínseco da vida e necessidade de respeito por ela, ao invés de insistir numa argumentação utilitarista e amedrontadora. A proteção à natureza não necessita de falsas premissas climáticas para sustentá-la, pois sua necessidade é auto-evidente. / This research aims to investigate the construction of the modern discourse involving global climate change. Such discourse, which we can observe in different kinds of publications, events and attitudes, generally proclaims the notion that global warming is already a self-evident reality, with its devastating effects worldwide, with a progressive warming and man-induced, via the indiscriminate launching of pollutants in the atmosphere. This way, passionate appeals for the planet\'s health preservation and the reduction of pollutants emission are made, otherwise we will suffer serious consequences in our lives, for example in agriculture, water supply, thermal comfort and dissemination of diseases. However, in the scientific community, instead of what we may think at first sight, there is no consensus about causes, consequences and even the reality of global warming. It is constructed, this way, a kind of discourse which takes hypothesis for certainties, indoctrinates by fear and, above all, does not break with the basis of the worldview that engendered environmental degradation. It idealizes the possibility of harmony between society and nature but, at the same time, conserves the same kind of rationality regarding mitigation measurements and keeps its utilitarianism - we must protect the environment because man needs natural resources to survive. In a word, it \"plays the enemy\'s game\", since the appeal to the serious consequences of global warming is powerful and has greater possibilities of aggregating partisans and producing some practical mitigation effect. We believe that, although this kind of attitude may work, this is not the best way to construct an authentic ecological consciousness because it keeps basically unchanged the criticized mentality. We suggest, thus, the construction of an ethical argument, to wit, the one about intrinsic value of life and the need of respecting it, instead of insisting on a utilitarian and frightening argument. The protection of nature does not need false climatic premises to support it, as its necessity is self-evident.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-05112007-121023 |
Date | 05 June 2007 |
Creators | Onça, Daniela de Souza |
Contributors | Azevedo, Tarik Rezende de |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | Dissertação de Mestrado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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