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Agressividade : da desconstrução dos vínculos afetivos à presença de sobrevivência, um caminho winnicottiano de retorno a Freud

Orientadora: Profª Drª Nadja Nara Barbosa Pinheiro / Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Psicologia. Defesa: Curitiba, 24/08/2017 / Inclui referências : f. 106-113 / Resumo: A presente dissertação teve sua pesquisa delimitada por problematizações clínicas advindas da atuação da autora como psicóloga de um Centro Municipal de Atendimento Especializado à Criança. Esta instituição acolhe, exclusivamente, as demandas das escolas públicas do Município de Colombo, Paraná. O contexto escolar é o responsável pelas formulações das queixas as quais compõem os encaminhamentos às suas especialidades terapêuticas (psicoterapia, fonoaudiologia, psicopedagogia, avaliação psicoeducacional). Os encaminhamentos mais comuns com intuito de justificar a necessidade de psicoterapia, observados nos quatro anos de atuação neste local específico, são os referentes à agressividade. A princípio, o que os educadores e os profissionais da saúde estavam fazendo crer era que as 'crianças-problema' agiam de forma agressiva e violenta e por isso eram afastadas da escola e/ou dos atendimentos clínicos, ou seja, o comportamento agressivo era a causa dos afastamentos e rupturas. No entanto, a percepção advinda da clínica conta com relatos de importantes quebras dos vínculos afetivos desde a primeira infância e por isso acreditamos que esses são indicativos de que a organização psíquica da agressividade tenha paradeiro em momentos primitivos do desenvolvimento emocional, o que nos levou a indagarmos sobre a etiologia da relação entre a constituição dos vínculos afetivos e a agressividade. A formulação da questão de pesquisa surgindo da prática e almejando respostas teóricas dá contornos ao nosso método de pesquisa: o método psicanalítico. A pesquisa circundou, assim, pelas concepções sobre agressividade se baseando nas produções teóricas de Sigmund Freud e Donald Woods Winnicott, com intuito de traçar um diálogo que fornecesse constructos e amparasse as problematizações clínicas em questão. Assim, o primeiro capítulo cita, separadamente, as construções teóricas de Freud e de Winnicott, contemplando a explanação sobre as compreensões da agressividade no decorrer de ambas as obras para em seguida fazer a associação entre a constituição subjetiva e a agressividade. A agressividade nessas obras é considerada como participante da constituição subjetiva, desde os momentos primitivos da formação, assim como atuante na organização da compreensão singular dos vínculos afetivos e da inserção do sujeito na realidade externa. O segundo capítulo concentrou-se nas percepções clínicas da agressividade externalizada por crianças e nos estudos de Winnicott a esse respeito, sendo os atos agressivos entendidos como um pedido de ajuda em prol da continuidade de desenvolvimento emocional e de integração do self. No terceiro capítulo, buscamos expor as peculiaridades da relação terapêutica. Trabalhamos com as especificidades clínicas de cada autor separadamente. Ao final do capítulo expusemos uma perspectiva geral a respeito do lugar subjetivo que a relação analista-analisando pode ocupar. Assim, ao contrário dos discursos institucionais encontrados na clínica, ao observarmos na teoria a agressividade como constituinte da subjetividade e como delatora das compreensões das relações objetais singulares, fica extinta, psicanaliticamente, a noção de agressividade como o agente responsável pela quebra dos vínculos afetivos. A interpretamos, então, como mecanismo subjetivo a ser analisada frente a cada organização psíquica de cada paciente, da mesma forma como qualquer outro conteúdo psíquico, e elemento instaurador do encontro com o não-Eu, por isso, contribuinte para a formação de vínculos afetivos. Pode, então, a psicanálise e o processo psicanalítico contribuírem para a desmistificação dos rótulos viciados nos diversos sistemas institucionais. Contudo, mais importante, para nós psicanalistas, do que colaborar para reflexões, é o lugar clínico, que a psicanálise possui, de poder fazer algo por essas crianças, ser um lugar diferenciado onde a externalização da agressividade pessoal desses pacientes é possível. Palavras-chave: psicanálise; agressividade; sobrevivência; Freud; Winnicott. / Abstract: The present dissertation had its research delimited by clinical problematizations arising from the author 's performance as a psychologist of a Municipal Center of Attention Specialized to the Child. This institution exclusively accepts the demands of the public schools of the Municipality of Colombo, Paraná. The school context is responsible for the formulations of the grievances that make up the referrals to their therapeutic specialties (psychotherapy, speech therapy, psychopedagogy, psychoeducational evaluation). The most common referrals in order to justify the need for psychotherapy, observed in the four years of performance in this specific place, are those related to aggressiveness. At the outset, what educators and health professionals were suggesting was that 'problem children' acted aggressively and violently and that is why they were removed from school and/or from clinical care, in other words, aggressive behavior was the cause estrangement and ruptures. However, the perception of the clinic counts on important breakdowns in affective bonds from an early age and we therefore believe that these are indicative of the psychic organization of aggressiveness in the primitive moments of emotional development, which led us to inquire about the etiology of the relation between the constitution of the affective bonds and the aggressiveness. The formulation of the question of research arising from the practice and aiming for theoretical answers contours our research method: psychoanalytic method. The research thus encompassed the conceptions of aggression based on the theoretical productions of Sigmund Freud and Donald Woods Winnicott, with the view to establish a dialogue that would provide constructs and support the clinical problematizations in question. Therefore, the first chapter cites, separately, the theoretical constructions of Freud and Winnicott, contemplating the explanation about the understandings of aggression in the course of both works, and then to make the association between the subjective constitution and the aggressiveness. The aggressiveness in these works is considered as a participant of the subjective constitution, from the primitive moments of the formation, as well as acting in the organization of the singular understanding of the affective bonds and the insertion of the subject in the external reality. The second chapter focused on the clinical perceptions of children's externalized aggressiveness and on Winnicott's studies in this regard, with aggressive acts being understood as a call for help in the continuity of emotional development and self-integration. In the third chapter, we seek to expose the peculiarities of the therapeutic relationship. We work with the clinical specificities of each author separately. At the end of the chapter we set out a general perspective on the subjective place that the analyst-analyzing relationship can occupy. Thereby, unlike the institutional discourses found in the clinic, when we observe in the theory aggressiveness as a constituent of subjectivity and as a delator of the understandings of singular object relations, psychoanalytically, the notion of aggressiveness is extinguished as being the responsible for the breakdown of affective bonds. We interpret it as a subjective mechanism to be analyzed before each psychic organization of each patient, in the same way as any other psychic content, and as an element that establishes the encounter with the non-Self, thus contributing to the formation of affective bonds. Therefore, psychoanalysis and the psychoanalytic process can contribute to the demystification of vitiated labels in the various institutional systems. More importantly, for us psychoanalysts, rather than collaborating for reflection, it is the clinical place psychoanalysis possesses, of being able to do something for these children, to be a differentiated place where the externalization of the personal aggression of these patients is possible. Keywords: psychoanalysis; aggressiveness; survival; Freud; Winnicott.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:dspace.c3sl.ufpr.br:1884/52882
Date January 2017
CreatorsSantos, Simoni Hollanda dos
ContributorsUniversidade Federal do Paraná. Setor de Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Pinheiro, Nadja Nara Barbosa
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Format113 f., application/pdf
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFPR, instname:Universidade Federal do Paraná, instacron:UFPR
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess
RelationDisponível em formato digital

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