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Roça, uma marca registrada: o processo de valorização do rural na sociedade brasileira / Roça, a registered trademark: the rural appreciation process in Brazilian society

Submitted by Reginaldo Soares de Freitas (reginaldo.freitas@ufv.br) on 2016-04-13T17:22:43Z
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Previous issue date: 2015-11-27 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / Esta pesquisa analisou os usos e significados do termo roça expressos nas marcas de produtos e serviços no mercado brasileiro, entre os anos de 1960 e 2014. Partiu-se da premissa de que roça é um termo de uso nativo, relativo e relacional, que, a depender do contexto social, pode carrear uma valoração simbólica positiva ou estigmatizada para classificar pessoas e bens, na perspectiva da antropologia do consumo. Teve-se como pressuposto que os usos e os significados atribuídos ao termo roça, no Brasil, poderiam revelar mudanças e permanências acerca da representação do “campo”, enquanto espaço físico, e do “rural”, enquanto modo de vida, indicando, implicitamente, a dinamicidade da relação campo-cidade e rural-urbano em meio às transformações socioeconômicas do Brasil. Estabeleceu-se, como hipóteses de trabalho, que o uso da categoria roça entre atores de diferentes contextos sociais, até meados dos anos 1980, acentuava as tradicionais assimetrias historicamente instituídas na sociedade brasileira. Após os anos 1980, o uso dessa categoria nas marcas de produtos e de serviços apontaria para a flexibilização das fronteiras demarcatórias das hierarquias sociais, ao criar identificadores fluidos em relação às posições sociais de consumidores e produtores. A valoração positiva do termo roça na sociedade brasileira se relacionaria tanto a fatores externos, como a emergência de discursos voltados à conservação ambiental e a revalorização do rural como alternativa de vida às condições sociais da modernidade tardia e do pós-produtivismo, quanto a fatores internos, como as conquistas advindas das políticas sociais posteriores ao período da redemocratização brasileira. A pesquisa analisou uma amostra de 325 marcas com solicitação de registro, com a palavra roça, no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), no período entre 1965 e 2014. Esta amostra foi analisada utilizando-se estatística descritiva e análise de conteúdo de frequência, léxico-sintática e categórica. Realizou-se também trabalho de campo, aplicando-se 70 questionários semiestruturados e entrevistas a produtores, distribuidores e consumidores de produtos e serviços com a marca roça no Mercado Central de Belo Horizonte e no 4o Festival de Gastronomia e Cultura da Roça, na cidade de Gonçalves, em Minas Gerais. Estes dados foram analisados por meio de estatística descritiva, análise de conteúdo categórica, com a utilização do software NVivo, e análise estatística textual, com auxílio do software Alceste. A análise de conteúdo das marcas corroborou a hipótese de que a categoria roça apontaria para uma revalorização do rural, sendo utilizada para se distinguir dos produtos e serviços industrializados, massificados, indiferenciados, destacando a sua procedência ou origem. Na perspectiva dos produtores, distribuidores e consumidores, os produtos com a marca roça foram classificados positivamente como naturais e artesanais em detrimento dos produtos industrializados. A classificação desses produtos e serviços pelos entrevistados envolvia os ideais de natureza, bem como o imaginário romântico-nostálgico e tradicional. Constatou-se uma permanência no uso histórico do termo roça como sinônimo de lavoura, campo e rural, mas a atribuição de novos significados, como românticos, nostálgicos e com referências à natureza que confirmam uma tendência de valorização do rural em curso. Comprovou-se também o caráter relativo e relacional do termo roça, considerado como lavoura, campo e rural para os entrevistados residentes no campo, e como natureza, interior e cidade pequena para os respondentes metropolitanos. / This research analyzed the uses and meanings of the term roça expressed in trademarks of products and services in the Brazilian market, between 1960 and 2014. Started from the premise that roça is a native terms of use, relative and relational that depending on social context, can generate a positive symbolic value or stigmatized to classify people and goods based on Anthropology of Consumption. It had as presupposition that the uses and meanings attributed to the term roça in Brazil, could reveal changes and stays on the representation of the “field”, while physical space, and “rural” as a way of life, indicating implicitly, the dynamics of country side-town and rural-urban relationship among the socio-economic transformations in Brazil. It was established as a working hypothesis that the use of roça category between actors from different social contexts, until the mid-1980s, accentuated the traditional asymmetries historically instituted in Brazilian society. After the 1980s, the use of this category in trademarks of products and services this fact should point to flexibility of the frontier demarcation in social hierarchies, as they create identifiers fluids in relation to social position of consumers and producers. The positive evaluation of the term roça in Brazilian society would relate both to external factors such as the emergence of speeches aimed at environmental conservation and upgrading of the rural as an alternative life to the social conditions of late modernity and post-productivism, as the internal factors such as the achievements resulting from subsequent social policies to the period of Brazilian redemocratisation. The research analyzed a sample of 325brands with registration request with the word roça, the National Institute of Industrial Property (INPI) in the period between 1965 and 2014. This sample was analyzed using descriptive statistics and analysis of frequency content, lexical-syntactic and categorical. Also held fieldwork, applying 70 semi- structured questionnaires and interviews with producers, distributors and consumers of products and services to the roça brand in the Central Market of Belo Horizonte and 4th Food Festival and Culture from the Roça in the city Gonçalves, in Minas Gerais. These data were analyzed using descriptive statistics, categorical content analysis using NVivo software and textual statistical analysis using the Alceste software. The content analysis of the marks corroborated the hypothesis that roça category would point to a revaluation of the rural and have been used to distinguish the goods and industrial services, mass market, undifferentiated, highlighting their origin or source. From the perspective of producers, distributors and consumers, products with the roça brand were rated positively as natural and hand made at the expense of manufactured products. The classification of these products and services by interviewees involved the ideals of nature as well as the romantic, nostalgic and traditional imaginary. It was found a stay in the historical use of the term roça as synonymous with agriculture, countryside and rural, but the allocation of new meanings, as romantic, nostalgic and with references to nature that confirm a rural on going appreciation trend. It also demonstrated the relative and relational character of the term roça, regarded as farming, countryside and rural residents to interviewees in the field and how nature, country town and small town to the metropolitan respondents.

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Date27 November 2015
CreatorsSilveira, Lidiane Nunes
ContributorsSilva, Douglas Mansur da, Mafra, Rennan Lanna Martins, Fiúza, Ana Louise de Carvalho
PublisherUniversidade Federal de Viçosa
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFV, instname:Universidade Federal de Viçosa, instacron:UFV
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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